Câmeras, repórteres e fãs a postos em frente ao corredor de desembarque do aeroporto é sinal de celebridade prestes a chegar ao Brasil. No fim da tarde dessa segunda-feira, 8, o cenário era esse na saída do terminal 3 do aeroporto internacional de Guarulhos. Por volta das 18h, chegaria ao local um voo com a equipe de futebol feminino do São José Esporte Clube, do interior de São Paulo, que conquistou nesse fim de semana um título inédito para o Brasil: o Mundial de Clubes, disputado no Japão. A muvuca, porém, tinha outro motivo. No mesmo local e horário, o nadador Cesar Cielo, ganhador de três medalhas de ouro no Mundial de Doha, também era aguardado.
Às 18h, Cielo pintou no corredor. Sorridente, logo foi cercado por jornalistas e fotógrafos. Atendeu a todos e, na sequência, distribuiu autógrafos e tirou selfies com fãs. Logo depois, o nadador foi embora. Junto com ele, a maior parte das pessoas que ali estavam. Restaram somente alguns jornalistas e um grupo de meninas das categorias de base do São José. Com uma faixa de saudação em mãos, as jovens aguardavam ansiosas a chegada das primeiras campeãs mundiais de futebol feminino do Brasil.
Após atraso de quase três horas, as jogadoras enfim surgiram no corredor de desembarque. A aglomeração e o assédio não foram como na chegada de Cesar Cielo. Muito menos quando um time masculino desembarcou no mesmo local com o título do Mundial de Clubes do Japão. Mas o pequeno grupo de jovens atletas não deixou de fazer a festa ao ver as atletas. Com cantos, e até alguns gritos histéricos, saudaram o time do interior paulista. A recepção não era exagerada. Tão merecida quanto para Cesar Cielo.
Jovens das categorias de base do São José recepcionam atletas (Foto: Danilo Sardinha/GloboEsporte.com)
Na bagagem, o São José trouxe o primeiro título mundial do futebol feminino brasileiro. Atual e maior vencedor da Copa Libertadores de Futebol Feminino, o time joseense foi o primeiro do Brasil a disputar o Mundial de Clubes do Japão. A competição ainda não é reconhecida pela Fifa, mas funciona da mesma forma como o Mundial masculino. As equipes da América do Sul e da Europa entram já na fase semifinal, enquanto times asiáticos e da oceania se enfrentam nas quartas. Na decisão do Mundial, o São José enfrentou o Arsenal, da Inglaterra. Com gols de Rosana e Giovânia,bateu as inglesas por 2 a 0 e faturou o caneco inédito.
Ao comentar a conquistas, as jogadoras deixavam nítido que ainda não tinham assimilado totalmente o feito conquistado. Felizes, destacaram a emoção pelo título e a luta por mais reconhecimento da modalidade.
Andreia Suntaque exibe a medalha de ouro do Mundial de Clubes (Foto: Danilo Sardinha/GloboEsporte.com)
– Estamos entrando na história do futebol feminino. É o primeiro clube que foi participar desta competição e já saiu campeão na primeira vez. Estamos muito felizes. Fomos para esta competição achando que iríamos somente participar. No fim, acabamos voltando com o título. (...) Espero que tenham o reconhecimento que nós somos um esporte olímpico, um esporte mundial e que também traz medalhas e títulos. Quero este tipo de reconhecimento. A nossa parte, como atleta, estamos fazendo. Já estamos na história – destacou a goleira do São José e da seleção brasileira, Andreia Suntaque.
Com este título, a equipe feminina do São José aumenta ainda mais coleção que tem. Além do Mundial, já faturou o Campeonato Paulista, a Copa do Brasil e a Libertadores. Desta última, aliás, é a maior vencedora da competição, com três canecos. A equipe tem no elenco várias atletas da seleção brasileira. Dentre elas, a volante experiente Formiga.
Diante de tantas conquistas, o time é um dos orgulhos do esporte de São José dos Campos, município do interior de São Paulo com quase 700 mil habitantes. No futebol masculino, o São José Esporte Clube já passou por bons momentos, quando foi vice-campeão paulista em 1989 e disputou duas vezes a elite do Campeonato Brasileiro. Revelou, inclusive, atletas como Emerson Leão e Roque Junior. Porém, hoje está na terceira divisão do futebol de São Paulo.
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