Planta de São Bernardo pode dar férias coletivas a 11% do efetivo por 30 dias a partir de agosto
A Volkswagen deve colocar cerca de 1.000 trabalhadores em férias coletivas na fábrica de São Bernardo. A informação foi confirmada pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, que disse que esses colaboradores devem ficar em casa a partir do dia 21 de agosto, por 30 dias. O contingente representa cerca de 11% do efetivo da planta, composto por 9.163 profissionais.
A entidade afirmou que ainda está em negociações com empresa a respeito do assunto, mas sem definição. “Ações como esta estão dentro da normalidade e servem para que empresas e trabalhadores possam equilibrar eventuais oscilações de mercado”, esclareceu em nota divulgada ontem.
Questionada sobre o assunto, a montadora alemã, por meio de nota, assinalou que “no caso de flutuações momentâneas de mercado, a empresa poderá, no futuro, utilizar ferramentas de flexibilização da produção, no sentido de se adequar à demanda de mercado”, porém sem dar mais informações sobre a questão das férias coletivas.
A Volkswagen, que completou 65 anos de atuação no Brasil em março deste ano, anunciou em 2016 investimento de R$ 7 bilhões, a maior ofensiva de produtos no Brasil – cerca de R$ 2,6 bilhões para a planta da Anchieta. A empresa pretende aumentar em 12% a produção em suas fábricas em 2018, em comparação com o ano passado.
Dos 20 modelos previstos até 2020, oito já foram lançados e as novas versões do Gol e Voyage devem chegar nos próximos dias, totalizando dez novidades. A unidade Anchieta é responsável pela produção do novo Polo, Virtus e Saveiro. A montadora também retomou no ano passado o terceiro turno, que tinha sido suspenso desde junho de 2015 por conta da crise.
No ano passado, cerca de 700 trabalhadores aderiram ao lay-off (suspensão temporária do contrato de trabalho) e, de acordo com dados do sindicato, 1.337 trabalhadores aderiram ao PDV (Programa de Demissão Voluntária) iniciado em agosto de 2016.
Apesar da possibilidade de férias coletivas, a montadora destacou que graças principalmente aos lançamentos do novo Polo e do Virtus, impulsionou as vendas para a segunda posição no mercado com 15% de market share. “Nos primeiros seis meses do ano, a Volks foi a empresa que mais ganhou participação de mercado no Brasil, subindo dois pontos percentuais em relação ao primeiro semestre do ano passado. De janeiro a junho, em relação ao mesmo período de 2017, a Volks registrou uma evolução de 33% nas vendas, bem mais que o dobro do mercado, que cresceu 14%”, disse, em nota.
A crise na Argentina, principal mercado comprador do Brasil e do Grande ABC, agravada pela alta do dólar, é outra questão que preocupa a indústria automotiva. A própria Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) reduziu a projeção da produção de 13,2% para 11,9%, o que representa 3,02 milhões de unidades.
“As empresas não estão voltadas somente à Argentina, mas é um volume significativo. No ano passado, aconteceu uma retomada do setor, só que para ela ser mais sólida ainda demanda um tempo. Outras unidades de multinacionais também assumiram a posição que as plantas nacionais desfrutavam. Então, é preciso retomar este cenário e ir além da América Latina. Acredito que a exportação veio para ficar”, destacou o coordenador de MBA em Gestão Estratégica de Empresas da Cadeia Automotiva da FGV (Fundação Getulio Vargas), Antonio Jorge Martins.
Demais empresas descartam usar a ferramenta por enquanto
Questionadas se pretendem conceder férias coletivas, as demais montadoras da região afirmaram que não há planos para a utilização da ferramenta, mesmo com o agravamento da crise na Argentina. A Mercedes-Benz e a Ford, localizadas em São Bernardo, e a General Motors, em São Caetano, afirmaram não ter planos no momento.
A Scania concedeu férias entre 2 e 15 de julho, retomando as atividades no início da semana. A parada é programada anualmente para manutenção da fábrica e não tem relação com redução da quantidade produzida. “Sobre a Argentina, a queda não prejudicou a fábrica de São Bernardo, pois temos sistema global de produção que compensa as variações dos diversos mercados. Isso nos permite manter os mesmos níveis de produção de quando há desaquecimento de um mercado na América Latina, ou seja, continuamos produzindo os mesmos volumes de antes da variação do mercado argentino”, informou, em nota.
fonte: Diario do Grande ABC
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