A economia brasileira despencou 3,6% em 2016 e emendou o segundo ano seguido de queda, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta terça-feira (7). É a mais longa recessão pela qual o país já passou. O PIB (Produto Interno Bruto) já havia tombado 3,8% em 2015.
João Goulart, que governou entre 1961 e 1964, foi o primeiro presidente a ter um "pibinho": em 1963, quando a economia cresceu 0,6%. O maior crescimento de seu governo foi em 1962, quando o PIB havia aumentado 6,6%
O Brasil nunca havia registrado dois anos seguidos de encolhimento da economia, segundo a atual pesquisa do instituto, que começa em 1996, e a pesquisa anterior, iniciada em 1948.
Durante o governo de João Baptista Figueiredo, entre 1979 e 1985, a economia brasileira chegou a encolher. Figueiredo encarou três "pibinhos": -4,3% (1981), 0,8% (1982) e -2,9% (1983). Sua melhor marca foi em 1980, quando o país cresceu 9,2%
Analistas consultados pela agência de notícias Reuters previam queda de 3,5% no PIB. Já o Banco Central projetava resultado pior, com encolhimento de 4,55%.
Depois de Figueiredo, no governo do presidente José Sarney, entre 1985 e 1990, o Brasil chegou a crescer 7,8%, em 1985. Em 1988, entretanto, o Produto Interno Bruto do país diminuiu 0,1%
Em valores atuais, o PIB de alcançou R$ 6,3 trilhões.
Piores tombos
Durante o governo de Fernando Collor de Mello, entre 1990 e 1992, o Brasil teve três anos de "pibinho". A economia diminuiu 4,3% em 1990, cresceu 1% em 1991 e voltou a encolher 0,5% em 1992
Veja os anos em que a economia brasileira teve pior desempenho:
- 2016: -3,6%
- 2015: -3,8%
- 1990: -4,3% (quando Fernando Collor de Mello assumiu o governo e decretou o confisco da poupança)
- 1981: -4,3% (no governo militar de João Figueiredo)
Agricultura despenca 6,6%
Fernando Henrique Cardoso ocupou a Presidência entre 1995 e 2002. Teve dois "pibinhos": em 1998, o PIB cresceu 0,3%; em 1999, o crescimento foi de 0,5%. O ano do seu governo que teve o maior PIB foi em 2000, quando o país cresceu 4,4%
Todos os setores da economia tiveram forte queda no ano passado.
O mais afetado foi a agropecuária, que caiu 6,6%, principalmente devido à atividade agrícola, de acordo dom o IBGE.
Luiz Inácio Lula da Silva, que governou entre 2003 e 2010, teve "pibinho" em 2009, ano do auge da crise financeira global, quando a economia do país encolheu 0,1%. A melhor marca de Lula foi em 2010, quando a economia do Brasil disparou 7,5%
Na indústria (-3,8%), o setor de tranformação, que fornece equipamentos e insumos para outros setores, despencou 5,2% no ano, mesma queda registrada pela construção. Por outro lado, a indústria ligada a energia, gás, água, esgoto e limpeza urbana cresceu 4,7%.
Em 2011, primeiro ano do governo Dilma Rousseff, a economia expandiu-se 3,9%, segundo a nova metodologia adotada pelo IBGE em 2014 (originalmente, o cálculo apontava crescimento de 2,7%). Em 2014, foi a vez do "pibinho" de apenas 0,5%. Em 2015, a economia encolheu 3,8%, na maior queda desde 1990
No setor de serviços (-2,7), o pior recuo foi o de transporte, armazenagem e correio (-7,1%), seguido pelo comércio (-6,3%).
2016 foi marcado pelo acirramento da crise política, que culminou com o impeachment de Dilma Rousseff. Michel Temer e sua equipe econômica comandaram o país por quase 9 meses --ele assumiu interinamente a Presidência em 12 de maio-- e amargaram uma queda de 3,6% do PIB, no segundo ano seguido de recessão
Queda de 0,9% no quarto trimestre
No quarto trimestre, a economia encolheu 0,9% em relação aos três meses anteriores e 2,5% na comparação com o mesmo período de 2015. O resultado é pior que o esperado e indica que a recessão se aprofundou no final do ano passado.
Foi o décimo primeiro trimestre seguido de queda, na comparação anual, e o oitavo na comparação com o trimestre anterior. Em ambas as medições, trata-se da maior sequência de resultados trimestrais negativos em 20 anos, desde 1996, quando começou a atual pesquisa.
Recessão sob Temer
O presidente Temer assumiu interinamente em 12 de maio, quando a ex-presidente Dilma Rousseff foi afastada. Assumiu em definitivo em 31 de agosto, com a aprovação do impeachment no Senado. Temer esteve à frente do governo, portanto, durante a maior parte de 2016.
Apesar dos dados ruins, alguns indicadores econômicos têm mostrado que a atividade já começou a dar sinais de recuperação, ainda que de maneira tímida. Entre eles, estão a melhora da confiança de empresários.
A desaceleração da inflação, que fechou 2016 abaixo do esperado, também pode ajudar neste cenário, uma vez que o Banco Central já iniciou processo de redução da taxa básica de juros, em outubro passado, o que tende a baratear o crédito e estimular o consumo.
De lá para cá, o BC cortou a Selic de 14,25% para 12,25%, e a expectativa é de que o órgão corte ainda mais os juros neste ano.
O que entra na conta do PIB?
O PIB é a soma de tudo o que é produzido no país. Os dados consideram a metodologia atualizada do cálculo.
(Com agências de notícias)
fonte: uol
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