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Conheça a história da angolana jurada de morte que tenta reconstruir a vida em SP

Olga e Patrícia ao lado dos filhos, no cômodo que agora dividem no centro da cidade  (Foto: Marcelo Brandt/G1)

Após 12 horas de cozimento em uma panelinha elétrica, é possível sentir o cheiro da carne e do funge, farinha típica africana, que aplaca mais a saudade que a fome ao serem repartidos entre os seis moradores de um cômodo em uma ocupação na Sé, no Centro de São Paulo.

Há uma semana, o quarto-sala-cozinha é residência fixa de duas famílias angolanas que deixaram Luanda por questões de sobrevivência. Entraram no país com visto de turista e, por aqui, pediram status de refugiadas. Patrícia Cruz, de 30 anos, e seus filhos, Patrício, de oito anos, e Joice, de dois, compartilham o diminuto espaço com Olga e suas duas meninas, Bênção e Alegria.


Por ora, dormem todos juntos em cobertores improvisados de colchão. “A vida é assim, para pular melhor tem que marcar o primeiro passo. É só por um tempo, vamos aguentar. Trabalhando, batalhando", defende Patrícia.
As famílias se conheceram durante os quatro meses de estadia na Casa do Migrante, espaço da Missão Paz, braço da igreja católica que presta apoio aos imigrantes e refugiados na cidade. A mudança mais recente foi provocada, segundo elas, por uma questão de “consciência”.
"Nós vivemos [na Casa do Migrante] por um tempo, somos acolhidos, mas tem outras pessoas que tem que vir também. Como eu consegui um emprego que dá para pagar pelo menos um quarto, então fui para lá [para a ocupação], para outras pessoas virem ocupar meu lugar", explica Patrícia.
Novo fluxo
De fato, toda semana novos imigrantes chegam à cidade. No caso dos angolanos, a maioria, assim como elas, migra para não morrer. "Na verdade, angolano não gosta de habitar outro país. Posso visitar, mas meu sangue está em Angola. Todos nós somos assim", comenta Patrícia. 
Coordenador da Missão Paz, padre Paolo Parise afirma que a motivação é sempre por questões de segurança. “Eles falam da violência, o custo de vida é altíssimo também. E apensar de não ser uma ditatura, se alguém crítica, tem que se mandar”, explica o padre.
Membro da Opep e segundo maior exportador de petróleo da África, atrás apenas da Nigéria, Angola recebe mais de 90% de sua receita externa através de exportação de petróleo.
Patrício, filho mais velho da angolana, conseguiu vaga em uma escola no Centro da cidade. Joice ainda está na fila de espera de uma creche  (Foto: Marcelo Brandt/G1)Patrício, filho mais velho da angolana, conseguiu vaga em uma escola no Centro da cidade. Joice ainda está na fila de espera de uma creche (Foto: Marcelo Brandt/G1)
Embora autoproclamada uma república democrática, o presidente angolano, José Eduardo dos Santos, está no comando do país desde 1979, e é um dos líderes africanos que mais tempo ficou no poder. A próxima eleição deve ser em 2017.
Na Casa do Migrante, centro de referência para essa população, nos últimos sete meses, 359 angolanos foram atendidos no espaço. O número é o dobro do que foi registrado durante todo o ano de 2015, e corresponde a 632% de crescimento entre 2013 e 2016.
No Centro Scalabriniano de Promoção do Migrante, no Pari, Zona Norte, também gerenciado pela igreja católica, dos 125 imigrantes que residem temporariamente no local, 70% são angolanos.
“Foi um aumento bem significativo. Dez anos atrás nos atendíamos, do volume total de imigrantes, os africanos eram 0,5%, hoje em dia já são 14%", comenta Parise.
'Mama morreu'
Patrícia deixou Luanda em janeiro com dois dos três filhos. Na bagagem, documentos, passagem de avião e estadia em um hotel no Rio de Janeiro. Era o que dinheiro guardado com o trabalho de decoradora em festas e casamentos conseguia prover. Fugiu após quase morrer espancada.
"Não foi meu desejo estar aqui. Eu nem sonhava com isso. Eu estava bem, tinha minha casa, estava tudo legal. Meu marido trabalhava com um senhor, um general, em uma das casas de uma segunda esposa dele. Não sei o que aconteceu entre ele e essa senhora, mas depois de algum tempo, ouvi dizer que tiveram um caso. Não sei se é verdade ou mentira", relata.
Ficção ou fato consumado, a possiblidade de traição fez com que homens invadissem a casa em que bem vivia com ordens para matar seu marido. Na falta dele – que conseguiu escapar levando Maravilha, de cinco anos, segunda dos três filhos do casal – agrediram e ameaçaram Patrícia.
Ela conta que seu marido, minutos antes, tentou alertar de que eles deveriam sair da casa ainda naquela noite. Sem entender os motivos, relutou em acordar as outras duas crianças, que já dormiam.
As quatro crianças divivem o espaço de um cômodo em uma ocupação na Sé (Foto: Marcelo Brandt/G1)As quatro crianças divivem o espaço de um cômodo em uma ocupação na Sé (Foto: Marcelo Brandt/G1)
“Eu não consegui sair, os homens entraram. Começaram a ameaçar dizendo onde estava meu marido, e eu não quis dizer. Também não sabia para onde tinha fugido. Me bateram muito, até nas crianças também. Queriam me matar, mas como bateram muito em mim, eu desmaiei. Fiquei toda desfigurada.”
Os capangas foram embora e a deixaram desacordada. Recorda de ouvi-los discutindo se deveriam matá-la, mas logo notou que tinham partido. Ainda grogue, ouvia os gritos dos filhos, que assistiram à sessão de tortura.
“Uma coisa que tem em Angola é que a pessoa pode gritar, quase morrer, e ninguém vem. E ninguém pode abrir a porta. Porque todo mundo está com medo. Eu só ouvia meu filho a gritar ‘mama morreu’. Ele pegou água e despejou em cima de mim. Eu fui me arrastando até um vizinho”, relembra. 
Conseguiu carona até a casa de sua irmã, que mora em uma cidade mais afastada da capital, onde passou um tempo, na tentativa de encontrar informações do marido e da filha. As ameaças prosseguiram, e ela se viu obrigada a fugir. “Eu tentei procurar minha filha, mas como era um caso de vida e morte, decidi sair do país.”
Optou pelo Brasil no desespero, e pela facilidade do idioma. “Até que não escolhi o Rio. Mas com medo de morrer, eu disse ‘deixo arriscar, né?’”, revela. Ficou dois meses. O dinheiro que tinha rendeu quatro diárias em um hotel. Depois, conta que conseguiu abrigo em uma igreja pentecostal e, trabalhando trançando cabelos em Madureira, na Zona Norte fluminense, juntou dinheiro para arriscar a vida em São Paulo.
À espera de Maravilha
Na capital paulista desde março, conseguiu um emprego como empregada doméstica e vaga na escola para Patrício, o filho mais velho. Não nega o estranhamento, mas diz estar disposta a qualquer tipo de oficio para sustentar os filhos.
“Em Angola nunca trabalhei como doméstica. Mas aqui estou a fazer porque quero sustentar meus filhos, quero fazer tudo. É difícil, mas tem que fazer", acredita.
Albino, o primogênito exige cuidados extras. Em Luanda, a casa onde moravam tinha ar-condicionado, pois o garoto não pode ficar exposto ao calor. Por ora, tem conseguido protetor solar fator 60 com a ajuda de assistentes sociais da Casa do Migrante. Também foi lá que descobriu o problema de visão do garoto, que agora tem os olhos azuis emoldurados pelo óculos.
Apesar das inúmeras dificuldades, diz sentir-se segura e conformada com a impossibilidade de retornar a seu país. “Não tem como voltar. Eu estou bem aqui. Quando eu vim estava frustrada, frustrada mesmo. Graças a Deus eu estou calma, estou bem", analisa.
A angolana só esmorece ao lembrar de Maravilha. A menina fez aniversário no dia 23 de julho. Patrícia não sabe onde a filha e o marido estão.
“Meu coração só anda para a minha filha. Meu maior sonho é ficar junto com minha família, principalmente minha filha. Eu amo meu marido, apesar de tudo.”
Ela afirma que seguirá com a aliança na mão esquerda, até ter a chance de saber o que realmente aconteceu.

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