Pular para o conteúdo principal

Um ano após estado de calamidade, servidores do RJ relatam vergonha, depressão e dívidas

Mariá Casanova é aposentada e teve que virar camelô na crise do estado (Foto: Marcos Serra Lima/G1)

Sintomas de depressão, falta de dinheiro para o velório de familiares, desenvolvimento de doenças cardíacas e até volta ao trabalho após a aposentadoria. Todas estas situações aconteceram com servidores públicos do Rio de Janeiro desde que o estado, em crise, passou a atrasar e parcelar costumeiramente salários e benefícios. O estado de calamidade foi decretado há um ano, mas o drama dos trabalhadores do setor público estadual continua. 
A falta de esperança em uma possível solução para o mau momento do Rio de Janeiro é ?marca registrada? entre os servidores. O G1 conversou com algumas pessoas que passam dificuldades para tentar sobreviver enquanto a situação financeira não volta ao normal. 


Mesa de aposentada reúne remédios, contas atrasadas e balas para vender (Foto: Marcos Serra Lima/ G1)

Após atuar como auxiliar de enfermagem na secretaria estadual de Saúde por 37 anos, Mariá Casanova, se aposentou no início de 2017. Alguns meses depois e com salários atrasados, ela se viu obrigada a voltar a trabalhar aos 66 anos, desta vez como vendedora ambulante. Ela contou que, mesmo tendo uma ?vida miserável?, ela fez questão de voltar a trabalhar. 


Katerine Brandão faz bicos para se sustentar (Foto: Marcos Serra Lima/G1)

Mesa de aposentada reúne remédios, contas atrasadas e balas para vender (Foto: Marcos Serra Lima/ G1) 
?Eu estou desde o carnaval vendendo bala. No carnaval aqui na porta eu vendi água, botei o isopor. Vendi água, refrigerante, amendoim, uma porção de coisinhas, desde fevereiro. Eu tenho que dar um jeito. Eu preciso viver, eu gosto da minha vida, mesmo miserável como está, mesmo sofrida?, desabafou a aposentada. 
Apesar da disposição para lutar, dona Mariá admitiu que passa por momentos críticos, durante os quais "não sabe de onde tirar forças". Em sua pior fase de desespero, ela chegou a ficar três dias sem tomar banho. Há pouco mais de um mês, ela perdeu a mãe e não tinha dinheiro para fazer o velório. Além disso, a aposentada relata que desenvolveu doenças cardíacas e passou a tomar remédios tarja preta. 


Pensionista mostra alimentos que recebe de doação (Foto: Marcos Serra Lima/ G1)

?Para enterrar a minha mãe, a minha amiga Nilceia fez no cartão dela o enterro. O cartão dela vence no dia 15. Eu apelei aos meus amigos, apelei para todo mundo, para os meus amigos dos Bombeiros, do Sepe [Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação], porque eu preciso dar esse dinheiro para ela. São R$ 560 para a minha amiga que cobriu o velório da minha mãe. Eu não tenho dinheiro?. 
?Eu me sinto um lixo. Eu trabalhei muito, suei sangue para salvar vida de crianças dentro do Getulinho [Hospital Getúlio Vargas Filhos]. Eu subia morro, descia morro com [pessoas com] metralhadora, mas nessa época eu ainda tinha dignidade. Hoje não tenho respeito, a minha vida foi jogada no lixo?, completou. 


Carmen mostra desilusão com governantes (Foto: Marcos Serra Lima/G1)

Mariá Casanova é aposentada e teve que virar camelô na crise do estado (Foto: Marcos Serra Lima/G1) 

Mudanças na rotina para superar crise
A auxiliar de serviços gerais da Fundação de Apoio à Escola Técnica (Faetec) Katerine Brandão Figueiredo, de 41 anos, teve que transformar sua rotina para não deixar de colocar comida dentro de casa. Moradora de Bangu, na Zona Oeste do Rio, ela agora atua como cuidadora de idosos, mas ainda assim enfrenta dificuldades para cuidar sozinha do próprio filho, de 8 anos. 
?A esperança é a última que morre e a minha luz no túnel foi esse trabalho extra. Eu fiz o curso de cuidador de idoso por acaso. Tem uma faculdade aqui próxima que dava curso de verão aos finais de semana e uma amiga falou para eu fazer. Eu fiz e foi o que me salvou embora não seja minha única opção. Eu sou eletricista residencial, sou soldadora, eu me viro. (...) É o que está me salvando, está salvando as contas e permite que eu faça as minhas compras e minha dispensa não fique vazia?, contou Katerine ao G1. 

O dinheiro que sobrava no fim do mês para levar o filho para passear, hoje é utilizado para pagar contas atrasadas. O pouco dinheiro que tinha aplicado, acabou por causa das dívidas acumuladas. Para ela, além da crise financeira, há uma crise moral no Rio. 

Katerine Brandão faz bicos para se sustentar (Foto: Marcos Serra Lima/G1) 
?Do estado, eu não espero mais nada. Não é só uma crise financeira, é uma crise moral e política. Se não existir uma consciência dos políticos para fazer uma reforma dentro da própria política deles, em mudar a consciência deles e olhar para o povo. A maior agressão que a sociedade está sofrendo é moral?, disse Katerine. 
Seis meses e nenhuma mudança
No fim de 2016, o G1 mostrou que os servidores públicos do Rio tiveram que fazer mudanças na ceia de Natal por causa da falta de dinheiro. Muitos deles elaboraram o cardápio natalino a partir de doações. Após seis meses, a equipe de reportagem voltou a casa de uma servidora que teve que improvisar a ceia, e constatou que a situação está ainda pior. 
A pensionista Carmen Lucia Sales, de 57 anos, contou que suas dívidas chegaram a R$ 15 mil. Além disso, por falta de pagamento, ela perdeu o carro que tinha. Ela conta que por causa da crise, que se arrasta desde o fim de 2015, há relatos até sobre a morte de colegas que não tiveram dinheiro para pagar remédios. 
Pensionista mostra alimentos que recebe de doação (Foto: Marcos Serra Lima/ G1) 
?Todo e qualquer funcionário público se sente envergonhado. Não tem um de nós que não está com problema, muitos passam fome porque não tem ninguém para ajudar. Acho eu que todos nós estamos sendo pisados e humilhados pelos nossos governantes?. 
Atualmente, não sobra dinheiro para Carmen passear ou comprar algo ?além do necessário?. Segundo ela, suas refeições são baseadas no que as pessoas doam para ela e não o que ela quer comer. Toda esta dificuldade fez com que ela perdesse a esperança numa solução da crise. 
?Eu não vejo uma luz no fundo do túnel. Ao invés de ir para frente, está indo para trás de um modo geral. Está tudo de cabeça para baixo. É a maldição jogada no estado do Rio de Janeiro porque não é possível isso. Ninguém resolve, ninguém pensa em ninguém. Cada um que se dane e a cada vez aparece mais coisa, mais sujeira, mais imundice e a gente vai ficando mais prejudicado. Essa é a realidade do funcionário público no momento?, lamentou dona Carmen. 

Carmen mostra desilusão com governantes (Foto: Marcos Serra Lima/G1) 

O G1 entrou em contato com a Secretaria Estadual de Fazenda para questionar o pagamento dos servidores. A pasta informou que o estado pagou integralmente o mês de março e parte do mês de abril para os servidores. Em relação ao mês de abril, ainda faltam receber 207 mil servidores ativos, inativos e pensionistas. 
Sobre o não pagamento do décimo terceiro salário de 2016, a secretaria informou que o valor líquido da folha salarial do 13º salário, que encontra-se em aberto, é de R$ 1,2 bilhão para 124 mil servidores ativos e 103 mil aposentados e pensionistas. 
Rio de Janeiro 


fonte: G1

Comentários

ᘉOTÍᑕIᗩS ᗰᗩIS ᐯISTᗩS

ELAS

  Swanepoel, sempre ela! A modelo Candice Swanepoel sempre é motivo de post por aqui. Primeiro, porque é uma das mulheres mais lindas do mundo. Depois, porque faz os melhores ensaios da Victoria’s Secret. Depois de agradar a todos no desfile da nova coleção, ela mostrou toda sua perícia fotográfica posando de lingerie e biquíni. Tags:  biquini ,  Candice Swanepoel ,  ensaio sensual ,  lingerie ,  victoria's secret Sem comentários » 29/11/2011   às 20h02   |  gatas Lady Gaga é muito gostosa, sim, senhor. A prova: novas fotos nuas em revista americana A estrela pop Lady Gaga é conhecida pela extravagância na hora de se vestir e pelos incontáveis sucessos nas paradas do mundo todo. Agora, a cantora ítalo-americana também será lembrada por suas curvas. A revista Vanity Fair fez um ensaio para lá de ousado em que Mother Monster (como Gaga é carinhosamente chamada pelos fãs) mostra suas curvas em ângulos privilegiados. A primeira foto é

Agricultura familiar conectada

  #Agrishow2022euaqui - A revolução tecnológica demorou a chegar, mas finalmente começou a transformar a vida do pequeno agricultor familiar brasileiro. Com o surgimento das foodtechs, aliado ao aumento da confiança na compra on-line de alimentos e na maior busca por comidas saudáveis por parte do consumidor, o produtor de frutas, legumes e verduras (FLV) orgânicos começa a operar em um novo modelo de negócio: deixa de depender dos intermediários — do mercadinho do bairro aos hipermercados ­— e passa a se conectar diretamente ao consumidor final via e-commerce. Os benefícios são muitos, entre eles uma remuneração mais justa, fruto do acesso direto a um mercado que, segundo a Associação de Promoção da Produção Orgânica e Sustentável (Organis), movimentou R$ 5,8 bilhões em 2021, 30% a mais do que o ano anterior, e que não para de crescer. DIRETO DA LAVOURA A LivUp é uma das foodtechs que está tornando essa aproximação possível. Fundada em 2016, a startup iniciou a trajetória comercializa

DORIA NÃO MENTE

Confira quais são os principais lançamentos do Salão de Pequim 2024

  Com as montadoras chinesas crescendo fortemente no Brasil e no mundo, a edição 2024 do Salão do Automóvel de Pequim irá apresentar novidades que vão impactar não apenas o mercado chinês, como também revelar modelos que devem ganhar os principais mercados globais nos próximos anos Este ano nós do  Motor1.com Brasil  também está lá, mostrando os principais lançamentos que serão realizados na China. Além de novidades que ainda podem chegar ao Brasil, o que vemos aqui também chegará à Europa em breve. Isso sem contar as novidades da  BYD  para o nosso mercado. Audi Q6 e-tron O novo SUV elétrico da Audi se tornará Q6L e-tron. A variante com distância entre eixos longa do já revelado Q6 e-tron fará sua estreia no Salão do Automóvel de Pequim. O novo modelo, projetado especificamente para o mercado doméstico de acordo com os gostos dos motoristas chineses, será produzido na fábrica da Audi FAW NEV em Changchun, juntamente com o Q6 e-tron e o A6 e-tron. Reestilização do BMW i4 BMW i4 restyli

Rancho D´Ajuda

Feliz Natal! Canadauence.com

O estapafúrdio contrato “ultraconfidencial” entre o Butantan e a Sinovac, que não especifica valor entre as partes

  O contrato que o Instituto Butantan, dirigido por Dimas Tadeu Covas, que diz não ter relação de parentesco com Bruno Covas, prefeito de São Paulo, e o gigante laboratório chinês Sinovac, acreditem, não determina quantidade e valor unitário da vacina. A grosso modo, o contrato beneficia apenas um lado no acordo: o chinês. As cláusulas do contrato, anunciadas, em junho, como “históricas” pelo governador de São Paulo, João Dória, revelam outras prioridades que, obviamente, não tem nada a ver com a saúde da população do Brasil, como o tucano chegou a afirmar para o presidente Jair Bolsonaro, quando fazia pressão para o chefe do executivo liberar a vacina no país. A descoberta ocorre na semana em que os testes com a vacina foram suspensos devido ao falecimento de uma voluntária, cujo motivo da morte – sequer – foi informado pelo Butantan à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), que é o órgão de proteção à saúde da população por intermédio de controle sanitário da produção e co

Anvisa decreta retirada imediata de marca popular de sal de mercados

  Comunicado da Anvisa: Retirada de Produtos do Mercado A  Anvisa  (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) anunciou a retirada imediata de marca conhecida de  sal  dos supermercados. A ação foi tomada após a detecção de uma  substância perigosa  utilizada durante a fabricação desses produtos. Sal Rosa do Himalaia Iodado Moído da Kinino : A Anvisa emitiu a Resolução-RE Nº 1.427, datada de 12 de abril de 2024, ordenando a suspensão da venda, distribuição e uso do lote 1037 L A6 232, produzido pela H.L. do Brasil Indústria e Comércio de Produtos Alimentícios LTDA. A medida veio após resultados insatisfatórios em testes de iodo, essencial para a prevenção de doenças da tireoide como o bócio. Macarrão da Marca Keishi : Em 2022, a marca Keishi, operada pela BBBR Indústria e Comércio de Macarrão, foi proibida de vender seus produtos devido à contaminação por propilenoglicol misturado com etilenoglicol. A substância tóxica, também encontrada em petiscos para cães que causaram a morte de 40