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Entrevista do presidente da GM Carlos Zarlenga, conta como a empresa se tornou líder de mercado em meio a crise

Crédito: Eitan Abromovich/AFP
A venda de veículos novos em março trouxe um alívio para o setor automotivo. As 189,1 mil unidades estão muito longe dos tempos áureos, mas significam uma expansão de 5,5% sobre o mesmo mês de 2016 e de 39,4% sobre fevereiro deste ano. É a primeira alta na comparação anual em 26 meses. A despeito dessa crise, a GM ultrapassou a Fiat e se tornou a marca líder de mercado.
Essa conquista aconteceu após uma reestruturação nos seus negócios. Houve uma renovação praticamente completa de produtos e as unidades de Brasil e Argentina foram unidas em uma só, a GM Mercosul, que desde setembro do ano passado está sob o comando de Carlos Zarlenga. Ele visitou a redação da DINHEIRO e concedeu esta entrevista, que aconteceu antes da divulgação dos resultados:
DINHEIRO – A indústria automobilística vai, finalmente, voltar a crescer depois de anos muito ruins?

CARLOS ZARLENGA – Há muitas coisas para pensar que é possível uma retomada da indústria neste ano. Janeiro e fevereiro foram meses difíceis, tivemos uma queda de quase 6% de vendas contra o mesmo período do ano passado. Mas parece que março está mostrando uma retomada. E por que digo que tem alguns fatores pelos quais 2017 pode ser o ano de retomada de crescimento da indústria? Primeiro a recuperação da confiança do consumidor, que é um indicador muito importante para a indústria automotiva. O carro é o bem de maior valor que uma pessoa vai comprar, depois de sua casa, portanto, confiança é fundamental. O índice de confiança do consumidor tem subido desde meados do ano passado até hoje. Quase duplicou e está perto de níveis pré-crise. Ao mesmo tempo, muitas pessoas decidiram adiar a compra de um carro. Por isso, creio que tem um efeito de demanda reprimida. Também acho que a queda da inflação, que agora está na casa de 4,5% ao ano, e a redução das taxas de juros vão gerar um impacto importante sobre as pessoas se endividarem e tomarem empréstimo para comprar um carro. Há razões para ser otimista. Mas, ao mesmo tempo, temos de ser cautelosos porque a retomada não começou e tem muito a ser feito ainda de reformas e melhorias para a indústria ser saudável, sustentável e rentável.


DINHEIRO – Quanto que essas reformas, que estão sendo discutidas no Congresso, sobretudo a da Previdência, podem influenciar essa retomada? 

ZARLENGA – Se olhar hoje, a expectativa é o segundo semestre e 2018. Esse pode ser o impacto. Agora, as reformas têm de acontecer. Algumas estão evoluindo, mas têm de acontecer porque são fundamentais. É uma oportunidade grande para o País neste momento: trabalhar essas coisas de longo prazo e fazer os ajustes. Agora, a retomada da indústria não vai ser fácil. Tiveram muitas situações difíceis que foram criadas na crise. Muitos fornecedores têm problemas de crédito; as filiais não têm tido um resultado muito bom e muitas tiveram de receber dinheiro de fora para a operação. Então, há muito a ser trabalhado e a ser reformado. Acho que iniciativas do Ministério de Indústria e Comércio, de começar a trabalhar a agenda automotiva, como o ministro Marcos Pereira tem feito, é muito positivo. Nós estamos apoiando.


DINHEIRO – O que a GM fez para enfrentar a crise e estar melhor preparada que as concorrentes quando o mercado reagir?

ZARLENGA – No começo da crise, no final de 2013, ou mesmo em 2014, que ainda foi um bom ano para a indústria, trabalhamos muito em três frentes: eficiência interna, com redução de custos. Isso é sempre difícil de fazer, com ou sem crise, sobretudo quando impacta o emprego. Ninguém quer fazer. É difícil para todos nós. Ao mesmo tempo, era o momento de nós trabalharmos da porta para dentro da empresa em busca de eficiência. O segundo ponto era não cortar investimentos. No meio da crise, anunciamos o nível de investimento mais alto da GM para o Brasil, de R$ 13 bilhões. Estamos executando esse plano, que vai até 2020. Quando falamos de investimento, também falamos de renovação de produtos. O cliente brasileiro pode estar comprando menos carros, mas tem a mesma exigência e procura os mesmo produtos, com mais tecnologia. Continuamos lançando produtos. Ano passado fizemos o lançamento de 12 produtos novos e cada um deles têm tido uma aceitação muito boa de mercado. Acho que isso é o que nos colocou na liderança do mercado brasileiro nesses últimos 17 meses. A GM está sendo a número 1. Esse investimento anunciado e a renovação de portfólio têm sido a grande diferença. Por último, é trabalhar internamente no talento, nas pessoas que estão dirigindo a empresa. Numa crise, você consegue ver a diferença entre o talento gerencial de alguns. Ninguém quer uma crise, ninguém espera uma, mas quando acontece tem de aproveitar o momento e olhar para o futuro.


DINHEIRO – Foi preciso enxugar o quadro de funcionários? 

ZARLENGA – Nós ajustamos o nosso quadro parecido com a queda da indústria. É um momento muito difícil e tivemos de fazer esse ajuste. Agora, tem alguns lugares onde vemos crescimento de alguns modelos e aí, nesses pontos, tem atratividade. Mas em geral ainda não estamos vendo a retomada.
DINHEIRO – A GM assumiu a liderança de mercado, talvez por conta da troca de produtos. O sr. credita essa conquista apenas a esse fator?

ZARLENGA – Pacote completo. Os lançamentos foram muito fortes. Hoje, temos o Onix como o carro mais vendido no Brasil, um carro muito bem aceito pelos clientes. Ele está fazendo um grande sucesso e acho que vai continuar. O produto fez uma enorme parte desse sucesso, assim como a comunicação fez uma grande diferença. A marca está comunicando claramente, tomando posição em muitas coisas e deixando claro o que a nossa marca é o que ela defende. E, terceiro, o serviço. Nós temos trabalhado muito em serviço, junto com a rede de concessionários. O serviço que temos entregado tem melhorado muito, do ponto de vista de satisfação do cliente. Mencionei a rede de concessionários e queria falar um pouco mais sobre isso. A GM tinha um relacionamento com os concessionários, antes da crise, que eu sempre achei que era muito, muito bom. Ao ponto de a rede ser um dos grandes ativos no Brasil. Após a crise, o relacionamento está ainda melhor. Está num patamar que nem nós, nem a rede, achávamos que poderíamos construir algo tão positivo. Agora, se analisar um pouco, para quem tinha uma boa relação e passou pelo inferno, o relacionamento fica mais forte.
DINHEIRO – Qual é a mágica da Toyota para o Corolla continuar à frente no segmento de sedãs médios?
ZARLENGA – O nosso Cruze, que é o carro que lançamos no ano passado no segmento de sedãs médios, e também agora com a versão hatch, que lançamos no final do ano, tem ido de uma participação de mercado de 4% para 13%; 13,5%. Isso só nos primeiros seis meses. Quando você oferece valor e o preço certo para o cliente, oferece a conectividade, o cliente responde e te dá um crescimento de market share. O que eu quero continuar vendo é o Cruze com um pouquinho mais de market share a cada mês. E ao longo do tempo eu acho que vamos ter um melhor resultado nesse segmento e também nos outros segmentos.
DINHEIRO – O Cruze vem da Argentina. O que ganha o consumidor com essa nova estratégia da GM?

ZARLENGA – O mercado é um só, o mercado é o mesmo. O brasileiro e o argentino têm muitas semelhanças. Mais de 95% dos produtos são iguais em ambos os países. O gosto do consumidor é similar e são dois mercados muito relevantes e muito competitivos. O que a gente ganha? Eliminação de muita burocracia, velocidade de decisões, estar mais perto do cliente e do mercado e, também, uma conversa muito clara da indústria, como Mercosul, com os governos. O Mercosul tem uma indústria automotiva, no ponto mais baixo da crise, de 2,8 milhões de unidades. Essa escala é suficiente para gerar competitividade global. Realmente trabalhar os dois mercados juntos vai dar crescimento, emprego e grandes possibilidades de exportação. Até agora, tem dado um resultado muito interessante, estou contente.
DINHEIRO – A exportação ainda é um problema. Por que não se consegue destravar esse ponto no Brasil?

ZARLENGA – Do Mercosul para fora. É um problema de custo. Quando você tem uma capacidade para fabricar 5 milhões, mas está produzindo 2,8 milhões, está em níveis de produção similares a países que são exportadores. Não está longe de México, Coreia e Japão. Essa capacidade é suficiente para desenvolver qualquer coisa. O problema é que não trabalhamos em gerar competitividade. É preciso trabalhar em todos os níveis: setor, governo, sindicatos, todos juntos, para criar esse custo competitivo, que nos permite exportar. A escala existe, a inteligência existe, a capacidade técnica existe, a questão de trabalhar as reformas de todos os tipos. Não tenho dúvidas de que o Mercosul pode ser fonte de exportação para o resto do mundo.
fonte: Istoé dinheiro 

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