Quando o sol se põe entre as montanhas da Serra da Canastra, nos confins das Minas Gerais, cobre de ouro imensidões de terras. A vegetação rasteira, dourada, a perder de vista, esconde espécies que só existem ali, às margens da nascente do São Francisco, a 320 quilômetros de Belo Horizonte. A Canastra guarda mesmo joias incalculáveis. Plantas que só nascem em seu solo e em nenhum outro lugar do mundo, gente apegada às tradições, água fresca jorrando farta nos rios – e o lobo-guará. Há tempos esse lobo magro, elegante em suas longas e negras pernas, figura nas listas dos animais ameaçados de extinção no Brasil. É tímido, solitário, discreto. Mas, apenas por ser lobo, ganhou fama de mau. Mesmo perdendo espaço em tantos cantos do país, com a diminuição das áreas de Cerrado, na Canastra ele encontra refúgio. O parque nacional instalado desde a década de 1970 garantiu proteção para que a espécie crescesse e se reproduzisse; porém, lobos não reconhecem limites e, de vez em quando, um ou out