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Mundo Rural: O lobo e as galinhas

Quando o sol se põe entre as montanhas da Serra da Canastra, nos confins das Minas Gerais, cobre de ouro imensidões de terras. A vegetação rasteira, dourada, a perder de vista, esconde espécies que só existem ali, às margens da nascente do São Francisco, a 320 quilômetros de Belo Horizonte. A Canastra guarda mesmo joias incalculáveis. Plantas que só nascem em seu solo e em nenhum outro lugar do mundo, gente apegada às tradições, água fresca jorrando farta nos rios – e o lobo-guará. Há tempos esse lobo magro, elegante em suas longas e negras pernas, figura nas listas dos animais ameaçados de extinção no Brasil. É tímido, solitário, discreto. Mas, apenas por ser lobo, ganhou fama de mau. Mesmo perdendo espaço em tantos cantos do país, com a diminuição das áreas de Cerrado, na Canastra ele encontra refúgio. O parque nacional instalado desde a década de 1970 garantiu proteção para que a espécie crescesse e se reproduzisse; porém, lobos não reconhecem limites e, de vez em quando, um ou outro pula a cerca. Cai em propriedades vizinhas, onde não é visto com bons olhos. Ele gosta mesmo é de frutas. Tanto que até batizou uma em particular, a fruta-do-lobo, sua preferida. Mas também fazem parte da dieta pequenos roedores e aves, como a codorna silvestre. Como essas presas andam cada vez mais sumidas, acaba atacando as galinhas da região. Em São Roque de Minas, uma das cidades que circundam a serra, galinha ainda é caipira,  criada solta no terreiro. Vira presa fácil para o visitante. E, assim, o lobo vira a dor de cabeça dos fazendeiros prejuízo. É bem verdade que ele não age sozinho. Gambás, jaguatiricas, furões, iraras e gaviões também comem as galinhas, mas quem normalmente leva a culpa é o lobo. Em retaliação às perdas causadas na propriedade, não são raros os que decidem caçar o invasor.
aves_galinha_galinheiro (Foto: Adriano Gambarini)
“Já encontramos lobos doentes, baleados, atropelados e até mortos”, diz Jean Pierre Santos, mineiro de nome francês. Cresceu no sobe e desce das montanhas, acompanhando os pais, funcionários do parque desde a fundação. Santos sempre soube reconhecer os rastros dos bichos, os sons de cada espécie, porque sempre esteve entre elas. Tanto conhecimento adquirido na lida no mato rendeu emprego ao lado de alguns dos maiores ambientalistas do Brasil e do mundo. Estimulado por eles, foi natural que entrasse na faculdade de biologia. Estudou, formou-se. Teve convite para se mudar, mas decidiu manter ali, firmes, suas raízes.

Há 13 anos faz parte do projeto Lobos da Canastra, do Instituto Pró-Carnívoros, que pesquisa lobos, onças e jaguatiricas país afora. E logo percebeu que seria impossível sensibilizar o produtor rural a proteger o lobo se ele continuasse tendo prejuízos na criação.

“Matutou” um bom tempo, como ele mesmo diz, até chegar à conclusão: para salvar a vida dos lobos, só mesmo protegendo as galinhas. Propôs a dez fazendeiros construir galinheiros e manter as aves cercadas durante todo o dia. Não um galinheiro qualquer... Idealizou um projeto amplo, coberto, para que os animais não sofressem com o forte calor do verão e ainda tivessem espaço para circular sossegados. Como se não bastasse, instalou poleiros e ninhos, posto que os ovos também costumavam “desaparecer”.

Para viabilizar o projeto, conseguiu financiamento do governo dos Estados Unidos, apoio da Fundação de Proteção da Natureza Disney e do Ibama para comprar o material: fortes vigas de madeira, telhas e tela reforçada, para evitar que jaguatiricas e iraras puxem as aves para o lado de fora. Cada galinheiro custa cerca de R$ 1.400. Em troca, o produtor rural se compromete a preservar a mata ciliar e as árvores do Cerrado que ainda existirem na fazenda, cumprir a legislação ambiental e, claro, manter as galinhas presas. E não é que deu certo?
serra_da_canastra (Foto: Adriano Gambarini)
"As galinhas protegidas não ficam apenas livres dos ataques dos predadores, mas também são menos vulneráveis às condições climáticas, adoecem menos ", conta Santos.

Seu Onésio Leite da Silva tem propriedade em São Roque de Minas desde 1998. A fazenda sobrevive da fabricação de queijos e da venda de ovos e frangos. Chegou a perder 50 galinhas por ano predadas pelo lobo e seus companheiros de caçada. Cansou-se de ver o lobo se servindo de sua criação, mas nunca reagiu. “Eu não caço porque fico com pena. Quando eles atacam as galinhas, só querem matar a fome.”
Há três meses, ele e a mulher aceitaram o desafio de prender as aves. Há três meses, os ataques acabaram. “Estou gostando muito. Antes, elas dormiam nas árvores. Quando chovia, ficavam muito molhadas. Algumas ficavam doentes e morriam. Estão mais saudáveis”, conta ele.

Outros fazendeiros engrossam a lista dos satisfeitos. Depois dos primeiros galinheiros à prova de lobos prontos, a ideia de criar aves em cativeiro ganhou adeptos. Já tem até lista de espera pela construção.

Os mais apressadinhos instalaram cercas por conta própria. Desde o início do ano, mais 50 estruturas estão sendo montadas usando material reciclável. Os resultados animam proprietários rurais e ambientalistas.

“Desde a construção dos primeiros galinheiros, tivemos uma mudança positiva na aceitação dos lobos na região e uma queda significante no número de animais caçados. Pelas nossas estimativas, um só galinheiro salva a vida de quatro a cinco lobos. É uma ferramenta de conservação”, explica o coordenador do projeto, Rogério Cunha de Paula, do Centro de Conservação dos Carnívoros do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade.

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