Sandra perdeu o que tinha em Bento Rodrigues. A tranquilidade, inclusive. O carro foi o único bem que escapou sem danos. Da casa herdada do pai, ficaram as certidões. Hoje, ela mora de aluguel, que a mineradora paga para as famílias desabrigadas. A vida foi interrompida, mas essa mulher determinada nunca desistiu. “Graças a Deus, o trabalho está me ajudando demais”, diz a cozinheira. A onda de rejeito de minério ultrapassou, e muito, o nível dos rios. Em Bento Rodrigues, ela chegou a 15 metros de altura. Em Rio Doce, mais de 80 quilômetros depois, ainda era forte e com volume imenso. A lama atingiu uma altura ainda marcada nas pilastras da ponte. Foram 34 milhões de metros cúbicos de lama, descendo as montanhas de Minas como avalanche. Boa parte da área atingida pelo rompimento barragem de Fundão é de difícil acesso, em regiões rurais. Mas de helicóptero é possível refazer o caminho da lama. A equipe do Globo Repórter faz um sobrevoo pelos cem quilômetros onde, ainda hoje, há