RIO DE JANEIRO Numa noite de 2017, por volta das 22h, o caminhoneiro Pedro, 50, dirigia pela rodovia Presidente Dutra, que liga o Rio a São Paulo. Carregava peças de automóvel quando, de repente, quatro motos se aproximaram. Duas delas se posicionaram ao lado do caminhão, e duas, atrás. Um homem apontou um fuzil para Pedro e ordenou que ele seguisse o comboio. Do contrário, atiraria. Pedro (nome fictício) foi guiado pela rodovia e, em seguida, para dentro de uma favela. Passou por ruelas e chegou em uma clareira. “Eles me perguntaram se o caminhão tinha rastreamento”, disse, numa referência ao sistema de monitoramento via satélite que alerta quando um veículo sai da rota ou tem suas portas abertas em endereço que não o destino. “Respondi que sim. Como eles já sabem como funciona, pediram para eu sair pela janela. Nem eu sabia que, se abrisse a porta, poderia acionar um alarme.” Pedro foi levado para “um barraco”, onde ficou sob a vigia de homens armados “por umas du