As vendas mirradas de 2016 trouxeram mudanças sensíveis nas posições das marcas de veículos leves líderes mais vendidas do mercado brasileiro. A General Motors/Chevrolet consolidou sua liderança no topo do ranking, desbancando a Fiat que lá ficou por mais de uma década, inclusive em 2015, e deixando a Volkswagen um pouco mais para trás. Hyundai e Toyota avançaram, desacomodando a Ford de sua histórica quarta colocação e fazendo a marca descer ao amargo sexto posto.
Das 10 marcas mais vendidas, só duas, Toyota e Jeep, registraram crescimento de vendas em 2016 sobre 2015, três (Volkswagen, Fiat e Ford) tiveram quedas bastante acima da média do mercado (-20%), uma (Honda) apurou retração igual à média e outras quatro (GM/Chevrolet, Hyundai, Renault e Nissan) caíram menos, abaixo da média. Das 10, seis ganharam participação e quatro perderam, sendo Volkswagen, Fiat e Ford (nesta ordem) as que mais cederam terreno.
Com Onix, o carro mais vendido no Brasil pelo segundo ano consecutivo, e Prisma, o quarto mais emplacado no ano passado, a GM conseguiu subir ao primeiro lugar em vendas do País, conquistando 1,75 ponto porcentual de participação em 2016, chegando a 17,4%. Ajudou o fato de ambos os modelos terem sido renovados no segundo semestre. Com isso, a retração de emplacamentos da marca em 12 meses foi de 10,8%, praticamente a metade da queda média do mercado.
Liderando o segmento de mercado que mais sofreu com a crise econômica, a dos hatch compactos com motorização 1.0, a Fiat ficou em segundo, mas foi a segunda marca que mais perdeu participação em 2016: foram quase 2,4 pontos a menos, para 15,3%, mesmo com lançamentos importantes como o Mobi e o novo Uno com motor três-cilindros. O Palio, carro mais emplacado da marca no ano, não se sustentou e caiu para a sexta posição. A Fiat também teve a segunda maior queda entre as 10 mais vendidas, de 30,5% na comparação com 2015. O resultado só não foi pior graças à continuação do bom desempenho da picape compacta Strada, o comercial leve mais vendido do País, e da boa aceitação da Toro, picape de tamanho intermediário lançada no início de 2016 que se tornou o segundo comercial leve mais procurado.
O problema da falta de peças devido ao litígio com o fornecedor de estruturas de bancos, do Grupo Prevent, custou caro ao desempenho da Volkswagen, que alega ter deixado de produzir entre 130 mil e 140 mil carros em 2016. Com isso, nem a renovação de alguns dos modelos mais vendidos da marca (Gol, Voyage e Saveiro) trouxe alento. A marca permaneceu em terceiro lugar, mas foi a que mais perdeu participação no ano, 3 pontos, descendo para nunca antes vistos 11,5%, e também a que registrou o maior declínio de vendas no período, 36,4% ante 2015 – que já não tinha sido nada bom.
Na quarta posição do ranking aparece a maior surpresa do ano, a Hyundai. Com dois produtos competitivos no País, o hatch HB20 (segundo carro mais vendido de 2016) e o sedã HB20S (11º), pela primeira vez a marca conseguiu mudar a configuração do topo do ranking de vendas, entrando para o grupo das quatro mais vendidas do País. Com apenas uma renovação leve em 2016 dos dois produtos fabricados em Piracicaba (SP) e a introdução da motorização 1.0 turbinada, a Hyundai conseguiu abocanhar 1,7 ponto porcentual de participação no mercado brasileiro, alcançando quase 10% (9,96%). As vendas caíram levemente no ano passado, 3,33% sobre 2015, puxadas para baixo pelos modelos importados pelo Grupo Caoa. Considerando só os emplacamentos dos carros nacionais da família HB 20, houve crescimento de 2,4% (leia mais aqui).
A Toyota foi a outra surpresa do ano: de 2015 para 2016 subiu da sétima para a quinta posição do ranking das marcas mais vendidas no País, aumentando sua participação de mercado em quase 2 pontos porcentuais, para 9,1%. E foi uma das duas únicas que anotaram crescimento de vendas, ainda que de modestos 2,6%. A renovação de quase todo o portfólio ajudou, mas não são os populares Etios hatch e sedã (renovados em 2016) os carros da Toyota que mais venderam no ano. Os dois compactos figuram na 14ª e 17ª posições dos mais emplacados em 2016, respectivamente. O campeão da marca japonesa é o bem mais caro sedã médio Corolla, que terminou 2016 como o quinto mais vendido, enquanto a ainda mais cara picape média Hilux foi o terceiro comercial leve mais comprado, em volume só um pouco abaixo ao do Etios hatch (34 mil unidades contra 38 mil). A constatação, portanto, é de que a Toyota ganhou não só mais clientes, mas também maior rentabilidade com a venda de produtos de maior valor agregado.
Não adiantou muito para a Ford o Ka ter sido o terceiro carro mais vendido de 2016, pois a marca só aparece novamente na lista na vigésima posição com o EcoSport, que ganhou muito concorrentes e está em processo de renovação – o novo modelo deve ser lançado este ano. Com isso a Ford perdeu duas posições no ranking de marcas, descendo para a sétima colocação, separada da Toyota por apenas 174 unidades emplacadas. A Ford amargou queda de 28,9% nas vendas totais sobre 2015, quase 10 pontos acima da retração média de 2016, e perdeu 1,2 ponto de participação, declinando para 9,07%.
A Renault também foi atropelada por Hyundai e Toyota e desceu duas posições no ranking de um ano para outro, da quinta para a sétima colocação, com recuo de 17,4% nas vendas e inexpressivo ganho de participação de 0,22 ponto, para 7,5%. O carro mais bem vendido da marca continua a ser o hatch Sandero, o sétimo mais emplacado de 2016 e que só recebeu a nova motorização 1.0 tres-cilindros e 1.6 no fim do ano, enquanto a picape intermediária Oroch lançada em 2015 não chegou a decolar como oitavo comercial leve mais procurado, suplantada por larga margem pela Fiat Toro. Com isso, a marca ficou onde estava e foi superara por quem conseguiu crescer.
A Honda permaneceu na mesma oitava posição onde já figurava em 2015, registrou queda nas vendas quase idêntica à média do mercado, com tombo de 20,1% sobre o ano anterior, e o market share ficou praticamente imóvel em quase 6,2%. O SUV HR-V, nono carro mais vendido do País em 2016, assegurou a posição, já que o principal lançamento da marca no período, o sedã médio Civic, só chegou no segundo semestre. Ainda assim, a Honda não vende mais também por opção, limitada ao dilema de não estourar a capacidade de sua fábrica de Sumaré (SP), onde não quer adotar os problemas de um terceiro turno, ao mesmo tempo em que não vê mercado suficiente para abrir sua nova planta de Itirapina (SP).
A também japonesa Nissan teve desempenho mais consistente em 2016, mantendo a nona posição do ranking com insignificante queda de 0,5% nas vendas e ganho de 0,6 ponto de market share, para quase 3,1%. O ganho de imagem com o patrocínio às Olimpíadas do Rio de Janeiro e o lançamento do SUV compacto Kicks ajudaram a marca a ganhar um pouco de terreno, já que os modelos compactos March e Versa não decolaram, figurando na 29ª e 27ª posições, respectivamente, entre os carros mais vendidos do País no ano.
Fechando o ranking das 10 marcas mais vendidas de 2016, a Jeep conseguiu ficar no mesmo lugar de 2015 com o avanço das vendas do Renegade e o lançamento do Compass em outubro, ambos fabricados em Pernambuco. A base baixa de comparação permitiu um crescimento vistoso de 41,3% sobre o ano anterior, com ganho de participação de 1,3 ponto, para quase 3% – porcentual que deve continuar a crescer em 2017 com a contabilização dos emplacamentos do Compass em um ano inteiro, já que em dezembro ele já foi o 15º carro mais vendido do País.
fonte:http://www.automotivebusiness.com.br/noticia/25127/gm-consolida-lideranca-de-vendas-em-2016
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