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COMPORTAMENTO: 7 dicas para seu plano B Cansou da rotina estressante?


Luís Henrique Ribeiro (Foto: Pablo Pinheiro/ÉPOCA)


A foto ao lado está aí para provar: ninguém pode acusar o empresário Luís Henrique Ribeiro de acordar tarde para o batente. Ao contrário da maioria dos brasileiros, ele não precisa de despertador digital. Já há alguns anos – oh, bulício ensurdecedor! –, acorda com o canto dos passarinhos que habitam a mata exuberante ao lado de sua casa. Não raro – oh, algazarra incômoda! – é recebido pelos micos que, mansos e curiosos, visitam sua varanda. A primeira tarefa do dia – oh, labuta esfalfante! – é dar um passeio pelo jardim, para checar o estofamento das poltronas espalhadas à sombra dos cajueiros, verificar as redes de algodão macio penduradas nas árvores, aguar e adubar as plantas. Ele não pode esquecer – oh, rotina exigente! – de medir a temperatura da água da piscina. Dependendo do dia – oh, estiva pesada! –, ele tem de conferir se os golfinhos estão a postos. Em manhãs de boa maré, faz isso surfando, sobre a prancha de longboard, que você vê ao lado. Sobra pouco tempo – oh, lida ingrata! – para checar os e-mails à beira-mar, em seu laptop. Antes dessa extensa lista de tarefas, ele toma um café da manhã que inclui tapioca feita na hora, iogurte fresco e geleia confeccionada com ingredientes colhidos no próprio quintal.
Ribeiro não é um bilionário da internet aposentado. Seus dias costumam começar assim, desde que abandonou o emprego numa usina de açúcar e álcool, no interior de São Paulo, e partiu para o Plano B: abrir uma pousada de charme na Praia da Pipa, no litoral do Rio Grande do Norte. O.k., a vida de Ribeiro nem sempre é tão sossegada. Na qualidade de dono de pousada, ele precisa lidar com fornecedores, gerenciar funcionários, administrar os clientes e equilibrar as contas de uma operação dispendiosa e imprevisível. Mas a satisfação compensa. “Realmente, a sensação é que você não está trabalhando”, diz. “Todo dia é fim de semana.”
mensagem - 7 dicas (Foto: reprodução)
Ribeiro faz parte da segunda geração de brasileiros que largaram a rotina estressante das grandes cidades e partiram para uma vida mais simples. A primeira onda surgiu nos anos 1960 e 1970, embalada por uma filosofia de inspiração hippie, segundo a qual a fuga do caos das grandes cidades e o desapego eram os caminhos para a plenitude. “Eles enxergaram que a felicidade proporcionada apenas pela aquisição de bens materiais era falsa”, diz Samuel Alexander, professor da Universidade de Melbourne, na Austrália, e presidente de um centro de pesquisas chamado, significativamente, de Instituto da Simplicidade. No Brasil, em troca da liberdade e da vida em meio à natureza, esses aventureiros abriam mão do conforto e migravam para lugarejos então pacatos, como Visconde de Mauá, no Rio de Janeiro, Canoa Quebrada, no Ceará, Trancoso, na Bahia, ou São Tomé das Letras, em Minas Gerais. A segunda onda de descompressão, dos anos 1980 e 1990 em diante, é diferente. São famílias que buscam a paz do campo ou da praia, mas sem abrir mão do conforto. Elas querem reconstruir a vida em bases diferentes, aprendendo uma nova profissão. É uma geração mais pragmática que ideológica, com escolhas mais individuais que coletivas. “Há uma reflexão comum quando se assume esta decisão: ou procuro outra forma de viver ou vou morrer cedo e estressado”, afirma José Roberto Marques, presidente do Instituto Brasileiro de Coaching (IBC).
Apesar dos atrativos, a virada rumo ao Plano B é repleta de desafios. Encontrar coragem para largar tudo o que você construiu e abrir mão de alguns benefícios materiais é só o primeiro. Durante a fase de consolidação da nova vida, você pode não se adaptar. Sua família pode desistir. Você será assombrado pela solidão ou dificuldades diante do novo ambiente. E o dinheiro pode ficar curto. Ouvimos os depoimentos de pessoas que realizaram essa travessia com sucesso. A partir de suas histórias, elaboramos sete dicas essenciais para quem deseja obter sucesso em seu Plano B.
1 - NÃO TENHA MEDO DE ARRISCAR
A tatuagem no braço direito define com exatidão o empresário paulista Luís Henrique Ribeiro, de 48 anos. É um símbolo de seis pontas, desenhado em preto. Segundo o oráculo chinês I Ching, usado há 3 mil anos na busca de respostas para questões existenciais, significa “irromper”. Agrônomo de formação, Ribeiro irrompeu logo no começo da juventude. Escondido da família, deixou o cargo de gerente numa grande usina de açúcar e álcool em São José do Rio Preto, no interior paulista, e, com a mulher e uma filha de 3 meses, viajou para a paradisíaca Praia da Pipa, no Rio Grande do Norte. De mudança. Migrou sem nenhum plano concreto. “Pensava: ‘Em último caso, a gente vira pescador’”, diz ele, de pernas cruzadas e o pé num balanço frenético, num claro sinal de que, mesmo longe do caos há duas décadas, ainda não se livrou da agitação paulista.
Não foi necessário vender peixe. Ribeiro comprou o terreno que o dinheiro lhe permitia na época: entre um lixão e um cemitério. E começou a hospedar estrangeiros que se aventuravam por aquelas bandas. Daí surgiu a Toca da Coruja, hoje uma das pousadas mais premiadas do Nordeste, reconhecida internacionalmente pelos cuidados com o entorno e com a natureza local. Ribeiro liderou um movimento para acabar com o lixão. Para chegar ao que é hoje, além de assumir riscos pessoais, ele ousou na prática hoteleira. Na Toca, o café vai até o meio-dia, em vez de acabar às 10. O check-out foi esticado para as 3 da tarde, permitindo que os hóspedes tomem um banho de mar com sossego pela manhã. As desinteressantes faixas de “higienizado” nos vasos sanitários foram substituídas por delicadas flores salpicadas na água. “O importante é ousar”, diz.
2 - MANTENHA O EQUILÍBRIO FINANCEIRO

A paulista Tanea Romão, como tantos de nós, planejava deixar para o final da vida o que mais queria dela. “Quando me aposentar, vou abrir um restaurante”, dizia aos amigos com quem se reunia para cozinhar aos fins de semana. Parecia fazer sentido que não realizasse naquele momento seu maior desejo. À época, meados de 2000, ela era dona de uma metalúrgica em São Paulo, tinha um bom apartamento e rendimentos respeitáveis. Foi num fim de semana de muita chuva e névoa na Serra da Mantiqueira, na charmosa Gonçalves, sul de Minas Gerais, que Tanea teve um estalo. “Sempre me apeguei ao discurso de que São Paulo proporciona tudo: cinema, teatros, ótimos restaurantes”, afirma. “Percebi que quase nunca tinha tempo para aquilo. Havia inventado uma historinha para mim.” Encantada com o vento fresco da montanha e com os mineiros que olhavam nos olhos durante as conversas – e só ali ela descobriu quanto prezava tudo aquilo –, Tanea saiu da cidadezinha de 4 mil habitantes com uma casa alugada, para onde voltava sempre que a rotina permitia. Um ano depois, quando se deu conta, vendera tudo em São Paulo para abrir uma fábrica de geleias no campo. Não demorou até que o dom para a mistura de sabores caísse nas graças da nata da gastronomia. Tanea passou a vender para empórios elegantes, como o Santa Luzia, em São Paulo, além de fazer a marca de geleias do chef Olivier Anquier.
Embora acertasse a mão como gourmet, nas finanças era uma calamidade. Perto de abrir um pedido de falência, sem dinheiro nem para a gasolina, ligou para o irmão pedindo um emprego e a chance de recomeçar de novo. Ele não deixou. E insistiu que ela continuasse acreditando em seu sonho. Tanea foi estudar gastronomia e, apesar de não terminar o curso (quebrou o braço no último trimestre), tornou-se parte do seleto grupo de 30 chefs do Terra Madre, o braço brasileiro do movimento italiano slow food. Seu novo negócio, o restaurante Kitanda, em Gonçalves, tem menos de três anos e já entrou para o circuito badalado dos bons-vivants que, como ela, apreciam a cozinha simples, mas cuidadosa, e o tempo para desfrutar os pratos como esses merecem. As finanças? Tanea fez um plano de negócios profissional. Hoje não compra um guardanapo de mesa sem anotar na planilha.
3 - REINVISTA BOA PARTE DO LUCRO EM SEU NEGÓCIO
Filho de médico em São Paulo, aos 27 anos Marcelo Freitas Ganança já tinha uma vida digna de comercial de margarina: mulher, três meninos lindos e saudáveis e um emprego que lhe possibilitava sustentar a família. E foi exatamente por isso que entrou em crise. Percebeu que os caminhos que o haviam levado até ali talvez não fossem os que ele gostaria de trilhar. Depois de se separar, colocou a mochila nas costas e, no sentido do maior lugar-comum, foi se encontrar. As respostas estavam distantes, numa vila de pescadores escondida no interior da Amazônia, na cidade de Alter do Chão, no Pará. Lá, ele pegou hepatite, entendeu o que é se sentir só, dormiu na praia quando o dinheiro acabou. Mas Ganança teve a certeira intuição de que o turismo ali – um lugarejo com uma ilhota de areia branca, cercada pelo Rio Tapajós e por um lago de verde inebriante (eleito mais tarde pelo jornal britânico The Guardian como a praia mais bonita do Brasil) – estouraria no futuro. E fincou raiz. Alugou um ponto comercial. Juntou a intuição com a afeição ao trabalho dos índios e começou a vender peças artesanais das tribos vizinhas. “Vendia um colar e comprava outros dois”, diz. “Colocava 95% do lucro de volta e assim conseguia fazer o negócio prosperar.”
Sua loja, a Araribá, hoje tem um acervo de arte indígena considerado único. Foi descrita pelo renomado guia Lonely Planet como a melhor da Amazônia no gênero. Ganança, agora com 43 anos, percorre as aldeias, sempre com a bênção de um líder, para buscar os produtos. Alguns índios também vão a Alter do Chão para oferecer as peças, em viagens que podem levar 15 dias de barco. Não raro, Ganança envia para museus da Alemanha, França e outros países europeus itens feitos pelos índios da Amazônia. “Não interfiro no trabalho, não encomendo peças ou estipulo uma quantidade”, afirma. “Quero que façam com o design próprio, para resgatar e perpetuar a cultura indígena.” Ele sabe que credibilidade é uma das coisas mais importantes em seu negócio.
4 - COMBINE A PARTICIPAÇÃO DA FAMÍLIA NA AVENTURA
Assim que nasceu a primeira filha, o casal Patricia Ioco e Sandro Perosa – ela paulistana, ele argentino – entendeu que as grandes metrópoles já não mais comportavam sua família. Eles não viam sentido em passar grande parte do dia longe da criança e deixá-la sob os olhares de uma babá, de um parente ou de uma escola – o dilema de muitas famílias modernas. Ao contrário de boa parte dos que compartilham essa aflição e ficam só no discurso, optaram por mudar de São Paulo – e de vida – quando o segundo filho nasceu. Encontraram em São Francisco Xavier, uma pequena e badalada cidade nas montanhas no interior do Estado, espaço para os meninos crescerem soltos, com o pé na terra, em contato com gente de todo tipo: ricos e pobres, poliglotas e matutos. Patricia e Perosa queriam ajudar a desenvolver cultura, educação e cidadania no local que escolheram para construir o novo lar. Montaram um espaço de gastronomia e arte, o Photozofia, feito de uma estrutura de sucata e com a nobre missão de levar a boa música para além do eixo Rio-São Paulo.
A educação das crianças em São Francisco Xavier, uma preocupação constante, foi sempre em escolas públicas. Para compensar o deficit em relação aos colégios privados da capital, o casal incentivou exaustivamente a leitura. E pesquisou todas as possibilidades de ensino pela internet. Recorreu ao revolucionário método do professor americano Salman Khan, que explica as questões matemáticas mais cabeludas em vídeos simples no YouTube. “As crianças aprenderam com a gente tudo o que precisavam saber em relação a valores, caráter”, afirma Patricia. “Por falta de tempo, os pais repassam esse papel para a escola. Mas essa atribuição é originalmente da família e, na nossa experiência, conseguimos trazê-la de volta para o lar.”
5 - PREPARE-SE PARA SE SENTIR ESTRANGEIRO EM SEU PRÓPRIO PAÍS
Parado no sinal vermelho numa esquina do bairro do Maracanã, no Rio de Janeiro, o marido de Alessandra Cysneiros levou um tiro na cabeça. Sentiu o calor no rosto e teve certeza de que estava ferido. Por sorte, a bala ficou presa no cano do revólver do assaltante. Só saiu a pólvora quente. O assalto aconteceu no ano 2000, quatro meses depois de a publicitária ter sido mantida como refém na panificadora de seu pai. Alessandra ainda se lembra da marca da arma na têmpora. Com uma filha de 2 meses, ela e o marido decidiram sair do Rio. Sem emprego em vista, Alessandra, a filha e o marido foram para o apartamento do sogro, em Fortaleza. Nem ela nem ele encontraram emprego bem remunerado na cidade. “Era complicado, porque éramos qualificados, mas não ganhávamos por isso. Passamos aperto de grana”, diz Alessandra. Ela sentiu na pele o peso de ser forasteira. Não conseguiram fazer amigos. Sem dinheiro, os dois, que não conheciam o Ceará, não tinham nem como viajar para as praias próximas à capital. Com a ajuda da família, visitaram seis vezes o Rio naquele ano. “É muito difícil deixar tudo para trás. Minha família reagiu muito mal no começo”, afirma. Mas nem a imagem do pai chorando de saudade lhe dava vontade de voltar. Cinco anos depois, o casal aproveitou algumas oportunidades de trabalho e foi para São Luís, no Maranhão. Com salários mais altos, a vida melhorou. Quando Alessandra engravidou de novo e teve outra menina, sentiu o peso da distância das famílias dos pais e dos sogros.
Com o tempo, Alessandra e o marido aprenderam os macetes para se integrar à cidade. “O nordestino é muito desconfiado. Fiz questão de aprender gírias porque, ao falar como eles, você se mostra uma pessoa digna de confiança”, diz. “Como sou chefe aqui, também é uma forma de me relacionar com a equipe.” Ela diz que desenvolveu a flexibilidade cultural. “Você não pode chegar carioca e continuar carioca. É preciso saber se adaptar e acolher os hábitos e os valores locais.” Alessandra se queixa de que a qualidade de alguns serviços não é a mesma que a de grandes metrópoles. “Às vezes, você precisa de um eletricista e não encontra nenhum tão bom quanto estava acostumado”, afirma. Ela diz que, como o ensino superior no Maranhão não é tão bem cotado, se preocupa com a fase em que os filhos chegarão à faculdade. Até agora, o casal tem ignorado as propostas de emprego que recebe para trabalhar no Rio ou em São Paulo.
6 - PENSE EM ABRIR MÃO DE CONFORTOS MATERIAIS
Aos 46 anos, Julie Brasil estava nos Estados Unidos, em seu escritório, quando recebeu uma ligação da filha. Era 26 de dezembro de 2005. A menina de 7 anos tinha viajado para o Brasil para passar o Natal com o pai – o casal se divorciara anos antes – e ligou para o trabalho porque sabia que não encontraria a mãe em casa. Ao telefone, disse que não queria voltar. “Pelo menos meu pai almoça comigo”, afirmou. Alta executiva de uma multinacional americana, Julie pediu demissão uma semana depois. Seu casamento já acabara por causa do trabalho, sempre excessivo, atravessando madrugadas e fins de semana. Ela alimentava a ideia de mudar de vida desde que a filha de um colega de trabalho, da idade da sua, morrera durante uma jornada extra do pai. Muita gente se assustou com a decisão. Julie, filha de imigrantes pobres da Guatemala, era o que nos Estados Unidos se chama self-made woman: alguém que venceu na vida com trabalho duro. Entrou como estagiária numa empresa de lâminas de barbear e chegou a diretora para a América Latina de uma companhia de refrigerantes. Gente assim, depois de ter conquistado seu “final feliz” – empregados, carro na garagem, viagens ao exterior –, não desiste. Ou assim diz a lenda. “Mas não estava mais feliz”, afirma Julie.
Ela se mudou com a filha para um apartamento no Rio de Janeiro e passou a viver da renda do aluguel de outro, em São Paulo. Precisou se livrar dos empregados e aprender o serviço doméstico. Nunca tinha cozinhado, varrido ou lavado. Também reaprendeu a andar de ônibus – ela, que sempre usara carro da empresa, se viu a pé de uma hora para outra. “Passei a viver com bem menos dinheiro do que estava acostumada”, diz. A reação da filha, feliz por tê-la sempre perto, era a recompensa de Julie. Com tempo livre e sentindo-se pouco produtiva, ela decidiu investir num sonho de infância: as artes plásticas. Aos 41 anos, voltou para a faculdade. Ia de ônibus todo dia para encontrar uma turma de jovens recém-saídos da escola. “Diziam para mim que era difícil ganhar dinheiro com essa profissão. Mas eu respondia: sempre fui artista.” Julie teve de correr atrás da formação cultural que não tivera na infância e adolescência humildes. Não foi fácil recomeçar. “Todos os dias enfrento momentos de estresse ou frustração por não conseguir ganhar dinheiro com o que amo.” Mesmo assim, diz nunca ter passado um segundo de arrependimento. “A vontade de ser feliz é maior que a dúvida.” Encontrou novas amizades. Hoje divide um ateliê com seis amigos da faculdade – todos com idade para ser seus filhos. “Vários acharam que estava totalmente louca. Agora sei que estava totalmente lúcida.”
7 - NÃO DEIXE O ESTRESSE VOLTAR
Até 2006, o cirurgião pediátrico Horácio Tamada atendia em seis hospitais da Grande São Paulo, sofrendo com as distâncias consideráveis entre seus diversos empregos. Acordava às 6 da manhã e perdia mais de três horas no trânsito. Sobrava trabalho e faltava tempo para a mulher e os dois filhos, na época com 7 e 11 anos. Sempre estressado, Tamada não via mais sentido em sua vida. Por causa do interesse acadêmico – e da alta competitividade na capital paulista –, prestou um concurso para professor da Universidade Federal de Rondônia. “Percebi que poderia contribuir mais lá, ajudando na qualificação dos novos médicos”, diz. “Os estudantes de São Paulo já têm estrutura e ótimos profissionais.” Aprovado, ele desembarcou sozinho em Porto Velho, cidade que não conhecia. A família foi seis meses depois. O calor era insuportável, metade das ruas não tinha asfalto, e o sistema de esgoto atendia menos de 2% da população. Como faltam médicos na região e havia apenas um especialista em sua área, logo conseguiu emprego nos hospitais. “Eles são uns 20 anos atrasados em conhecimento técnico e equipamentos”, diz. Não faltaram oportunidades de trabalho. Tamada se tornou muito requisitado. Abriu um consultório e conquistou rapidamente uma clientela extensa. Ainda no ritmo paulistano, cometeu novamente o erro de assumir mais responsabilidades que seu corpo e sua mente poderiam aguentar. Além do consultório, trabalhava em dois hospitais públicos, atendia emergências em quatro particulares e ainda dava aula na universidade. Em um ano, Tamada teve uma crise hipertensiva. “Minha ficha caiu. Não tinha me mudado em busca de qualidade de vida?”, diz. “Tive de aprender a administrar meu tempo.”
Depois do episódio, Tamada pisou no freio. Abriu mão dos hospitais particulares e ganhou de três a quatro horas livres por dia. Hoje faz todas as refeições em casa e leva os filhos (com 13 e 17 anos) para o colégio depois do almoço. Aprendeu a respeitar o ritmo da cidade – ali, do meio-dia às 14 horas, é hábito que o comércio feche as portas e todos se retirem para a sesta. A mulher de Tamada, analista de sistemas, virou professora numa faculdade particular. Tamada não demora mais de 15 minutos nos deslocamentos de carro. “Participo do crescimento dos meus filhos. Isso não tem preço”, diz. Com mais tempo para atividades sociais, fez amizades com vizinhos e colegas de profissão. “Em São Paulo, não sabia nada das pessoas com quem convivia.” O Estado também tem uma cultura receptiva. Como grande parte da população de Rondônia é formada por imigrantes, a comunidade é sociável. Sem muitas opções de entretenimento, as pessoas se reúnem na casa de amigos, algo que Tamada considera mais aconchegante que um programa na rua.
Tamada, Ribeiro, Tanea, Julie, Alessandra, Ganança, Patricia e Perosa descobriram que não basta largar tudo durante uma crise de estresse. Para obter sucesso num Plano B, dois outros ingredientes são necessários. O primeiro é autoconhecimento, para priorizar o que realmente importa – caso contrário, pode-se recair no estresse inicial, como ocorreu com Tamada. O segundo é espírito prático, para que o Plano B não se transforme em sonho frustrado. A chef Tanea aprendeu isso com algum sofrimento. As experiências acima ensinam a sonhar com os pés no chão e nos fornecem atalhos para atingir, com sucesso, uma vida mais tranquila, equilibrada e gratificante.FONTE: http://revistaepoca.globo.com/vida/noticia/2012/03/7-dicas-para-seu-plano-b.html

Tanea Romão2 (Foto: Filipe Redondo/ÉPOCA)

TANEA ROMÃO
GONÇALVES I MG

Trocou uma metalúrgica por um restaurante

ONDE ACERTEI
“Virei uma pesquisadora. Tenho mais de 1.000 livros de gastronomia. E não sirvo nada que está a mais de 200 quilômetros de Gonçalves. Há respeito pelos fornecedores”

ONDE ERREI
“Fiquei tão confiante na mudança que comecei a me endividar. Uma hora, percebi que precisava voltar para o chão”
Patricia Ioco e Sandro Perosa2 (Foto: Filipe Redondo/ÉPOCA)

PATRICIA IOCO e SANDRO PEROSA
SÃO FRANCISCO XAVIER I SP

Mudaram com os filhos para uma pequena cidade nas montanhas

ONDE ACERTAMOS
“Muitos querem morar no interior, mas acabam levando a infraestrutura das grandes cidades. A gente aprendeu a viver de uma forma mais natural, a olhar o céu e a valorizar o silêncio”

ONDE ERRAMOS
“É preciso chegar com humildade e discrição para não chamar muita atenção. Ou você acaba passando uma imagem errada para as pessoas”
 
Julie Brasil2 (Foto: Daryan Dornelles/ÉPOCA)

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ELAS

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