FUTEBOL HISTÓRIA:Palmeiras, há 70 anos, uma estreia histórica e gloriosa, hoje o time luta para não cair para segunda divisão do Brasileirão
A diretoria também fez a sua parte para tentar ganhar a simpatia dos torcedores dos outros clubes e anunciou que doaria a parte da renda que lhe coubesse para famílias das vítimas dos navios brasileiros atacados por submarinos nazi-fascistas.
Em 1942, em plena 2.ª Guerra Mundial, o presidente Getúlio Vargas baixou um decreto que proibia qualquer entidade de usar nomes relacionados aos países do Eixo, já que o Brasil estava do lado dos Aliados. Em março, então, o Palestra Itália passou a se chamar Palestra de São Paulo.
A alteração, porém, não foi suficiente. O clube continuou sob constante ameaça. A diretoria alviverde resolveu mudar o nome de Palestra de São Paulo para Palmeiras em homenagem à Associação Atlética das Palmeiras. Na foto, a mesa onde foi assinada a ata que mudava oficialmente o nome do clube
Com a bola rolando, o Palmeiras foi melhor. Virou o primeiro tempo vencendo por 2 a 1 e logo no começo da segunda etapa ampliou a vantagem. A vitória poderia se transformar em goleada quando o árbitro marcou pênalti de Virgilio em Og Moreira aos 19 minutos do segundo tempo.
Revoltados, os são-paulinos impediram a cobrança e, em protesto, resolveram deixar o campo. Nascia ali um novo Palmeiras campeão. Ao Tricolor sobrou somente a pecha de
'O nosso time estava concentrado em Poá quando recebemos a notícia que o clube iria mudar de nome. Os jogadores ficaram revoltados. Eu até chorei', conta o ex-goleiro Oberdan Cattani, o único jogador vivo que participou daquele jogo.
Foi nesse clima bélico com o São Paulo que o novo Palmeiras foi ao Pacaembu naquele 20 de setembro. Acusados de estarem do lado da Itália na guerra, os jogadores resolveram entrar em campo segurando a bandeira brasileira
Há exatos 70 anos, o Palmeiras fazia o seu primeiro jogo com o novo nome depois de ser obrigado a abandonar o termo Palestra. E foi justamente nessa partida histórica que o Alviverde garantiu o título do Campeonato Paulista de 1942, após vitória por 3 a 1 sobre São Paulo, no Estádio do Pacaembu.Até por causa da atual fase do time, que luta contra o rebaixamento para a Série B do Campeonato Brasileiro, a data não será comemorada hoje pela diretoria. Apenas no dia 29, durante o tradicional churrasco anual dos ex-jogadores, na Academia de Futebol, é que Oberdan Cattani, único atleta vivo que participou daquele jogo, será homenageado.
Aquela vitória sobre o São Paulo é considerada uma das mais importantes da história do clube não só porque marcou o início de uma nova fase. A continuidade, ou não, das atividades do Alviverde dependia de um bom resultado. "Ser campeão, ainda mais da maneira como foi, acabou sendo determinante para que o clube não fechasse. A pressão era enorme e as coisas só melhoraram depois daquele jogo", conta Fernando Galuppo, historiador e autor do livro Morre líder, nasce campeão, que chega às livrarias em outubro e reconstrói a mudança de nome do clube.Em 1942, em plena 2.ª Guerra Mundial, presidente Getúlio Vargas baixou um decreto proibia qualquer entidade de usar nomes relacionados aos países Eixo (Alemanha, Itália Japão), já que o Brasil estava do lado dos Aliados (Estados Unidos, Grã-Bretanha, França e União Soviética).
Em março, então, o Palestra Itália passou a se chamar Palestra de São Paulo. A alteração, porém, não foi suficiente. O clube continuou sob constante ameaça. Diretores italianos tiveram de deixar seus cargos - apenas brasileiros natos poderiam fazer parte da administração. Para piorar, havia ainda o risco de perda de patrimônio (leia-se o Estádio Parque Antártica).
A acusação era que o São Paulo era quem estava por trás de toda aquela operação do governo contra o clube porque, na verdade, o que o Tricolor queria mesmo era tomar o estádio para ele. Na defensiva, a diretoria alviverde resolveu mudar o nome de Palestra de São Paulo para Palmeiras em homenagem à Associação Atlética das Palmeiras. Foi o último e decisivo ato para que o clube se enquadrasse totalmente ao regime de Vargas.
O clima para partida era quente. A Secretaria de Segurança Pública chegou a emitir um comunicado dizendo que o policiamento seria reforçado no Pacaembu e nos arredores, como noticiou o Estado em 20 de setembro de 1942. "A Secretaria de Segurança previne que está aparelhada para manter a ordem e que reprimirá qualquer tentativa em contrário." Foram destacados 70 policiais. Para esquentar ainda mais a partida, no dia anterior ao jogo torcedores são-paulinos foram acusados de espalharem panfletos pela cidade tratando o rival como inimigo da pátria.
Um time brasileiro. Foi nesse clima bélico com o São Paulo que o novo Palmeiras foi ao Pacaembu naquele 20 de setembro. Acusados de estarem do lado da Itália na guerra, os jogadores resolveram entrar em campo segurando a bandeira brasileira. A diretoria também fez a sua parte para tentar ganhar a simpatia dos torcedores dos outros clubes e anunciou que doaria a parte da renda que lhe coubesse para famílias das vítimas dos navios brasileiros atacados por submarinos nazi-fascistas.
Com a bola rolando, o Palmeiras foi melhor. Virou o primeiro tempo vencendo por 2 a 1 e logo no começo da segunda etapa ampliou a vantagem. A vitória poderia se transformar em goleada quando o árbitro marcou pênalti de Virgilio em Og Moreira aos 19 minutos do segundo tempo.
Revoltados, os são-paulinos impediram a cobrança e, em protesto, resolveram deixar o campo. Nascia ali um novo Palmeiras campeão. Ao Tricolor sobrou somente a pecha de "fujão".
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