Ex-promoter, DJ e assessor de funkeiros e pagodeiros. Sobrinho do cantor Agnaldo Timóteo, Timotinho assumiu, por acaso, a função de agitador de festas em mansões de jogadores no Rio. Uma herança da época em que era responsável por fazer a lista VIP de casas noturnas populares.
Ex-promoter, DJ e assessor de funkeiros e pagodeiros. Sobrinho do cantor Agnaldo Timóteo, Timotinho assumiu, por acaso, a função de agitador de festas em mansões de jogadores no Rio. Uma herança da época em que era responsável por fazer a lista VIP de casas noturnas populares.
Festas em casa crescem como alternativa a boleiros
"Jogadores não têm tempo de programar nada, por causa de treinos e jogos. A vida deles é meio corrida. Então eu ajudo a viabilizar. Chamo os amigos, as meninas, essas coisas", resume ele, sem detalhar muito o processo e suas reais atribuições.
Fazer festa em casa virou uma tendência na era dos celulares e redes sociais. Representa uma alternativa aos que não querem exposição, uma tendência para quando o clube do jogador vivencia um momento ruim na tabela. Para evitar cornetagem e garantir privacidade, boleiros hoje costumam reduzir noitadas em casas noturnas a "esquentas". Antes de "pegar fogo", eles seguem para as suas mansões com os amigos, as garotas que conheceram no local e as amigas das amigas. "Em casa dá para tocar terror", brinca.
Um dos adeptos dessa nova modalidade de balada é Ronaldinho Gaúcho. O jogador do Fluminense é conhecido por comandar festas sem hora para acabar na mansão que mantém num condomínio fechado na Barra, na zona oeste do Rio. Adriano, atualmente sem clube, tem também um histórico que comprova essa preferência. Foi, inclusive, anfitrião de eventos que entraram para o folclore do futebol no Rio: ficou famosa uma festa em que ele teria promovido uma orgia com direito a anões, jumento e garotas de programa na época em que defendeu o Flamengo.
Sheik, agora no Flamengo, também adotou as festas em casa, mas sem relatos de bizarrices. Em entrevista recente a "ESPN", admitiu que trocou as baladas por reuniões em casa. "Os jogadores estão mais espertos", opina Timotinho. Ele explica que há um consenso de que, quando a fase é ruim em campo, não é de bom tom ser visto se divertindo em casas noturnas.
No Instagram, Timotinho faz questão de expor as amizades com os boleiros. Tem fotos com Neymar, Vagner Love, Paolo Guerrero. Segue à risca aquela máxima de que os que não são vistos acabam não sendo lembrados. Mas dribla quem o questiona sobre histórias mais polêmicas envolvendo festinhas privês: "Só falo sobre as coisas boas. Sem essa de fofoca".
Flagras de jogadores, paparazzo relata até ameaças com arma
O interesse é grande, mas a oferta por flagras de jogadores de futebol em baladas ou em festas em casa não atende a essa demanda. Não é por falta de sorte: é que paparazzi não fazem tanta questão de "marcar" a rotina dos boleiros nos dias de folga.
"Não dá dinheiro", justifica Xande Nolasco, paparazzo carioca que já teve cliques publicados em revistas como "Veja" e "Contigo!", além do jornal "Extra". Numa das mais recentes séries de fotos de jogadores, ele registrou o esquema armado por Neymar para evitar ser fotografado com mulheres num hotel na Barra, em julho. O material foi publicado no diário carioca.
Uma foto de Neymar na balada custa em torno de R$ 500. Mas elas costumam ser vendidas em pacotes. "Neymar é um personagem internacional, mas, aqui no Brasil, ele tinha mais valor de mercado quando namorava a Bruna Marquezine", entrega.
"Eu, particularmente, não sigo jogador por minha conta, apenas quando sou pautado para isso. Por uma questão de segurança mesmo", explica o fotógrafo, que relata ameaças e tentativa de coação sofridas em algumas ocasiões. Certa vez, quando tentava registrar uma festa de Ronaldinho Gaúcho num apartamento na Barra, foi abordado por um amigo do jogador com um revólver.
"Ele apontou uma arma, exigindo que eu entregasse o cartão de memória". Nolasco não apagou, mas acabou mostrando o conteúdo: "Jogadores têm amigos meio barra pesada. Se não tem uma boa recompensa financeira, não vale o risco que a gente corre. Melhor fotografar ator mesmo".
O mercado de paparazzi está mais concentrado no Rio - não por acaso é mais comum ver fotos de atletas que atuam no futebol carioca fora dos estádios. Em São Paulo, cliques de jogadores fora do contexto esportivo são raros.
Uma dos mais famosas é o registro do chileno Valdivia beijando uma mulher na parte externa de uma balada na Vila Olímpia. Na época, ele provocou uma crise conjugal entre o então jogador do Palmeiras e a mulher, a modelo Daniela Aranguiz. Em 2014, outro caso: um paparazzo fotografou Bárbara Evans no Pacaembu, confirmando o envolvimento da modelo com o atacante Paolo Guerrero. Na época, ele ainda defendia o Corinthians.
Guerrero é o novo personagem queridinho dos paparazzi no Rio. Ídolo no Flamengo, ele virou personagem de sites de celebridades depois do romance com a filha de Monique Evans. "Mas ele é bem discreto, parece que não é de noitada", aponta Nolasco, que diz colecionar histórias guardadas de plantões em porta de casas de jogadores: "A gente vê muita coisa, mas ouve muito mais".
Fernando Mellete não é o Thiaguinho, mas circula com a mesma desenvoltura nas festas promovidas por jogadores de futebol. Vocalista do grupo de pagode Clareou, ele costuma dar expediente extra quando recebe um convite na madrugada para estender a noitada na mansão de algum deles.
"Às vezes você termina um show e depois segue para casa de um amigo para continuar a festa", relata Mellete, citando como exemplo Ronaldinho Gaúcho, um dos que costuma promover eventos de última hora. "Ele realmente gosta de se divertir, confraternizar com os amigos. Não tem tempo ruim".
O Clareou caiu nas graças de jogadores de futebol em meados de 2010. Foi na época em que o grupo começou a promover rodas de samba em casas noturnas frequentadas por boleiros no Rio. Um dos facilitadores foi o dia da semana escolhido para o evento dos pagodeiros: aos domingos, véspera do dia de folga dos atletas.
Robinho foi um dos primeiros a descobrir e chamar os músicos para animar os eventos privês. "Ajudou a divulgar o nosso trabalho, sim. Teve muito boca a boca", conta ele, que diz não receber cachê nessas ocasiões. Uma das raras vezes foi na festa de aniversário de Rafaella, irmã de Neymar, em março deste ano.
A comemoração foi restrita a convidados e ocorreu na Royal, um dos principais redutos de jogadores em São Paulo. "Mas normalmente é coisa de amigo mesmo, improvisado. Até porque a gente não tem compromisso igual aos dos shows. É só levar os instrumentos e brincar um pouco", conta Mellete.
O pagodeiro reconhece que festas em casa costumam ser mais soltas que os encontros em casas noturnas. E admite que a "oferta" de mulheres é grande, apesar de negar o clima de orgia. "As pessoas acham que só tem putaria. É engraçado como existe essa fantasia na cabeça delas. Até a minha mulher fica 'bolada'", diverte-se Mellete: "Mas normalmente é um grupo de amigos bebendo, comendo churrasco e jogando conversa fora".
O pagodeiro, no entanto, afirma que os convidados são recomendados a não postar fotos em redes sociais sem a autorização do anfitrião do festa. Em alguns casos, os celulares são retidos. "Depende muito do grupo. Às vezes as festas têm muito gente novata, é amigo de amigo. É por questão de privacidade".
Noite de pagode e boate lotada para ver apresentação de três gerações de vocalistas do Exaltasamba. Os celulares se agitam de maneira frenética, só que estão mais voltados para um espaço cercado por grades do que para o palco onde Thiaguinho e companhia dão o melhor de si. É o efeito Neymar. O sujeito magrelo e tatuado embaixo de um boné de aba reta chama mais atenção do que os donos da festa.
O episódio ocorreu numa das três idas do craque do Barcelona a Audio Club, em São Paulo, durante suas férias no Brasil, em julho. E é uma síntese do que normalmente ocorre quando um jogador de futebol famoso dá as caras em uma casa noturna. Por causa do assédio e da vigilância, no entanto, está cada vez mais comum eles trocarem a tradicional noitada por festas privês, nas mansões.
Em férias, Neymar se dividiu entre as duas "modalidades".
Donos da festas
Atrações paralelas, jogadores não costumam passar despercebido na noitada. Culpa, em parte, do próprio comportamento deles. Eles gostam de ostentar: do tamanho do séquito - entre seguranças, amigos e mulheres - aos valores gastos nas noitadas,
E abrem a mão quando o assunto é conforto: fazem questão de escolher os camarotes mais exclusivos, que não saem por menos de R$ 5 mil. "Não é verdade que eles não gostam de serem vistos. Eles mesmos são os primeiros a dar check-in quando chegam", desmistifica Marcos Junior, diretor artístico do Barra Music, no Rio. A casa de shows, quem tem o ex-atacante Edmundo como sócio, costuma atrair a boleirada carioca.
Relatos sobre as baladas de jogadores costumam interessar até a quem não acompanha futebol. Dá para entender o motivo. A combinação de dinheiro, mulheres e álcool costuma render histórias escabrosas. Ex-Vasco, Bernardo já protagonizou várias delas. Certa vez, o atacante pendurou a conta e saiu com quatro garotas de programa da I9, uma casa de shows, em São Gonçalo.
Adriano Imperador também coleciona casos - até mesmo quando a noitada é frustrada. Marcou, entre os manobristas da Royal, em São Paulo, o dia em que ele, já alto, foi impedido de entrar no local porque o colega estava armado.
Na maioria dos casos, no entanto, as idas à baladas acabam "só" em fotos roubadas por anônimos em redes sociais e, no dia seguinte, em cornetagem da torcida.
Ex-Santos e Atlético-MG, André ganhou "balada" de sobrenome pela vida noturna intensa que levava em Belo Horizonte. O atacante, atualmente no Sport, reclamou publicamente de sofrer perseguições da torcida do Galo. Em abril, quando estava subaproveitado no clube, ao UOL Esporte, defendeu o direito de se divertir. "Se não há excessos, não acho que afete o rendimento de um jogador", concluiu.
Foto com bebida é evitada
O problema é que o conceito de "excesso" é muito subjetivo. Uma foto de um jogador com um copo de vodca dia antes de uma partida decisiva pode desencadear uma série de questionamentos e críticas. "É por isso que eles não gostam de serem fotografados bebendo álcool", afirma DJ Timotinho, agitador cultural e uma espécie de promoter de festas em casa - uma nova tendência surgida para preservar a privacidade dos jogadores nas horas de folga. "O clássico é o uísque com energético", entrega o diretor de marketing da Audio Club, Leandro Moran. A latinha de energético, por vezes, serve para camuflar o drinque alcoólico.
Mulheres não são problemas
Esconder mulher, porém, só é questão para os casados. Os solteiros não se importam nem um pouco se forem flagrados em fotos com elas. O xaveco ou simples conversa rola sem preocupação com os holofotes. Solteiro desde o fim do relacionamento com Bruna Marquezine, Neymar não fugiu de conversas ao pé do ouvido com beldades na noite no Audio Club. Levou, inclusive, um grupo delas para curtir o backstage ao lado dos "parças".
Eram 5h30 e o pancadão rolava solto no camarim. Dois seguranças faziam a guarda, controlando a entrada e saída. Fãs do jogador esperavam a saída dele. Era só mais um noitada sem hora para acabar do maior jogador em atividade do Brasil.
O figurino segue um padrão: quanto mais justo, curto e decotado, melhor. As meninas que costumam habitar os camarotes de jogadores em baladas pelo país parecem usar uniforme. Mas a aparente homogeneidade, na verdade, esconde histórias e ambições distintas. Enquanto umas veem nos jogadores um negócio - são garotas de programa atrás de clientes ricos -, outras buscam relacionamento sério: o objetivo é curtir, casar e ter um filho. Não necessariamente nesse ordem.
Ser maria-chuteira virou um estado de espírito. E admitir isso deixou de ser um problema. Para chegar em um jogador de time grande, vale tudo, até táticas ingênuas como dar bola para o amigo menos atraente do atleta. Em casas noturnas, o mais comum é vê-las tentando convencer seguranças a liberarem a entrada na área VIP.
Um esforço que dificilmente surte efeito. São os próprios jogadores - ou seus amigos - quem escolhem e mandam buscar as moças para o camarote. Algumas casas noturnas facilitam essa dinâmica: possuem uma espécie de lista VIP que pré-seleciona quem tem "potencial" para ocupar os setores mais exclusivos. Não por acaso as mesmas garotas batem ponto em baladas distintas.
A prática é polêmica e rendeu recentemente uma investigação do Ministério Público de São Paulo. A Villa Mix, um dos principais redutos de boleiros na capital, entrou na mira da promotoria por supostamente privilegiar frequentadoras que se encaixam num determinado padrão de beleza.
"Tem muitas que se aproximavam de mim para chegar neles", reconhece uma ex-promoter de uma casa de São Paulo. Depois de viver um affair com um ex-craque da seleção, ela virou amiga de vários e, hoje, frequenta as festas promovidas por atletas - tanto nas baladas quanto as privês. Com uma mãozinha dela, muitas meninas acabam se envolvendo com boleiros. Não é comum dar em algo sério. Mas usam a exposição para se manterem ativas nesse círculo.
A coexistência de garotas de programa e "patricinhas" é regra e não costuma criar situações delicadas entre elas. As que buscam relacionamento não se importam em dividir espaço - e atenção - com as modelos que fazem o "book rosa". Elas acreditam que podem "convertê-los".
A química V*, de 25 anos, levou um caso com um jogador de um clube paulista por um ano na esperança que ele a pedisse em namoro. Não foi bem o que ocorreu. "Ele sumia, não dava notícias. Estava com outras. Depois reaparecia", relata a jovem, que se esconde no anonimato para "não se queimar". No fundo, ainda espera que ele mude de ideia.
A discrição, aliás, é regra de ouro. E vale para os dois tipos de garotas. "Quem expõe propositalmente é limada do grupo", revela a comerciante D*, 31 anos. Dona de uma loja de roupas, ela frequenta baladas com jogadores há mais de cinco anos. Tanto tempo de relação não rendeu um namoro, mas garante, até hoje, convites para festas particulares em mansões em alguns condomínios de luxo da Barra da Tijuca, bairro na zona oeste do Rio.
Deu ruim! Quando boleiros perdem a linha na balada
Nem sempre balada de boleiro termina só com ressaca. Em alguns casos, a noitada rende punições do clube, processos criminais e até escândalos sexuais. O UOL Esporte relembra oito vezes em que elas não acabaram nada bem.
Foto com bebida é evitada
Mulheres não são problemas
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