O Cruze atual tem muito em comum com o Engenhão aí de baixo: já foi um dos mais modernos do País, mas hoje não está nem entre as dez melhores opções no segmento. E, tal qual o Estádio Nilton Santos, precisou de uma intervenção de emergência no meio do caminho para reparar um problema grave. No estádio, foi o teto que poderia cair com uma tempestade. No sedã, foi a transmissão que recebeu melhorias para entregar consumo e desempenho minimamente decentes. Em ambos, os consertos foram superficiais. Para os clubes de futebol do Rio, a saída foi jogar no novo Maracanã. Para a Chevrolet, é hora de mudar tudo no Cruze.
E a mudança chega no segundo semestre de 2016 e só manterá o nome. A plataforma será a D2XX, modular para carros de tração dianteira da GM, e que teve o desenvolvimento chefiado pelos alemães da Opel. Significa dizer que o novo Cruze foi feito também para encarar curvas e não apenas autoestradas monótonas e lotadas de minivans. Apesar da nova arquitetura, os sistemas de suspensão são os mesmos: McPherson na frente e eixo de torção atrás. Não espere, portanto, o refino de Focus e Civic na absorção de impactos, por exemplo.
PUBERDADE
A nova base também permitiu que o Cruze crescesse, principalmente para dar mais espaço ao pessoal que vai atrás, uma das grandes falhas do modelo atual. São 6,8 cm a mais no comprimento, sendo 1,5 cm só no entre-eixos e 5,1 cm a mais na área dos joelhos de quem senta no banco traseiro.
Tal qual um adolescente na puberdade, o Cruze perdeu peso ao mesmo tempo em que ficou maior. O que é notável para um carro médio, que não usa materiais exóticos como alumínio ou fibra de carbono em sua construção. Só a carroceria perdeu 24 kg, enquanto 20 kg foram reduzidos no motor e outros 11 kg economizados na transmissão. No total, o novo sedã médio é 113 kg mais leve que o antecessor.
Falando em mecânica, aliás, a Chevrolet vai finalmente entregar um conjunto moderno, condizente com os rivais. Sai o beberrão 1.8 de 144 cv e 18,9 mkgf de torque e entra um 1.4 com turbo, injeção direta e bloco de alumínio. Nos EUA, ele terá 155 cv e 24,5 mkgf. Aqui, deve passar dos 160 cv e 25 mkgf quando beber etanol. Com a renovada transmissão automática de seis marchas, estima-se que o Cruze acelere a 100 km/h em oito segundos. Muito melhor que os atuais 11,3 s e ainda atrás dos 7,4 s do VW Jetta TSI e dos 6,8 s do Honda Civic que você viu nas páginas anteriores.
WI-FI
Nova geração não é nova geração hoje em dia se não avançar também na interatividade. Está lá no painel, então, uma atualização do sistema MyLink, com tela sensível ao toque de sete polegadas (uma de oito é opcional) e compatibilidade com o Android Auto e Apple Car Play. A central ainda recebe sinal 4G e roteia uma rede Wi-Fi para os ocupantes.
A cabine também está mais bacana, com materiais nobres e melhor acabamento que o modelo anterior. A real é que, pela primeira vez, o Cruze tem argumentos que façam alguém optar por ele e está à altura da tradição da Chevrolet em fazer sedãs competentes.
FICHA TÉCNICA
Preço: R$ 80 mil (estimado)
Motor: Dianteiro, transversal, 4 cilindros em linha, 1.4, 16V, turbo, flex
Potência: 160 cv
Torque: 25 mkgf
Transmissão: Automática, 6 marchas, tração dianteira
Estreia: Outubro
CHEVROLET S10
Ela quer virar um SUV com caçamba no ano que vem
Bastava uma voltinha na Chevrolet Trailblazer para perceber que o nível de construção e sofisticação era superior ao da S10. Contudo, em 2016 isso vai mudar. A picape da Chevrolet vai beber nas fontes americanas para, enfim, se tornar o ícone de luxo e requinte que hoje ainda passa ao largo de suas qualidades.
A nova versão ganhará cara parecida com a da Chevrolet Colorado, com novos faróis, para-choques, tampa traseira e apliques cromados na moldura dos vidros e retrovisores. Por dentro, mudarão os plásticos do acabamento e a iluminação do painel, que perderá o controverso tom esverdeado. A S10 trará, ainda, uma extensa lista de equipamentos tecnológicos, que deve incluir saída de ar-condicionado e monitores para os passageiros no banco de trás. Os motores permanecerão os mesmos: 2.4 flex de 147 cv, 2.5 flex de 206 cv e 2.8 diesel de 200 cv.
FICHA TÉCNICA
Preço: R$ 140 mil (estimado)
Motor: Dianteiro, longitudinal, 2.8, turbo, diesel
Potência: 200 cv
Estreia: Setembro
CHEVROLET ONIX
Mais bonito e tecnológico para ser o líder incontestável
O Onix é um dos carros mais vendidos do País. Está claro, portanto, que o desenho do hatch não é um problema. Mesmo assim, a Chevrolet prepara para o primeiro semestre do ano que vem uma reestilização que vai mudar a maneira que você vê o Onix. A ideia é usar a identidade visual que o novo Cruze inaugurou lá fora e espalhar para toda a linha de carros de passeio da Chevrolet.
Assim, os faróis ficam mais finos e ganham contornos curvos, contra as linhas retas do modelo atual. A grade ficará menos agressiva também, principalmente em sua seção inferior que será menor e terá contorno prateado. O novo motor 1.0 três cilindros não chega em 2016. Mas dá para antecipar que o Onix vai estrear a segunda geração do MyLink, a central multimídia da GM, e terá o OnStar, uma espécie de assistente pessoal por telefone. Vale tudo para tirar do Palio a liderança do mercado nacional.
FICHA TÉCNICA
Preço: R$ 37 mil (estimado)
Motor: Dianteiro, transversal, 1.0, quatro cilindros, flex
Potência: 80 cv
Estreia: Maio
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