O Brasil possui 5.568 municípios e o IBGE-Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística não contabilizou em seu estudo mais recente a produção de leite em 62 deles, ou seja, considerou que em 5.506 municípios acontece a atividade. Apontou também que em 495 municípios o volume produzido não chegou a 500 litros por dia em 2013. O volume total foi de 34,3 bilhões de litros de leite e a estimativa é de que em 2014 a produção tenha ultrapassado os 35,6 bilhões.
O município mais leiteiro do país continua sendo Castro-PR, que teve produção de 230,7 milhões de litros de durante o ano de 2013, representando um volume diário de 632 mil litros. O segundo lugar ficou com Morrinhos-GO, com 165,5 milhões, e o terceiro, Patos de Minas-MG, com 155,0 milhões.
Os 20 municípios que apresentaram maior volume estão na tabela 1, na qual se observa que ocorreu redução da produção, de 2012 para 2013, em Unaí, Patrocínio e Uberlândia, em Minas Gerais, segundo o IBGE. Por outro lado, Morrinhos, Piracanjuba, Catalão e Ipameri, todos em Goiás; Marechal Cândido Rondon e Toledo, no Paraná, e Curvelo, em Minas Gerais, cresceram mais que a média nacional, que foi de 6% no mesmo período. Os 20 municípios com maior produção de leite produziram juntos 2,3 bilhões de litros.
Confirmando a grande heterogeneidade dos sistemas de produção de leite no País, nota-se uma grande disparidade, entre os 20 municípios classificados por volume, da produção de leite por vaca ordenhada. Considerando o número total de vacas, a produtividade por animal variou de 1.148 litros em Prata-MG até 7.120 litros/ano em Castro-PR. A média de municípios paranaenses ficou próximo de 6.000 litros/vaca por ano. Nos dez melhores municípios de Minas, a média foi de 2.300 litros, e nos cinco em Goiás chegou a 2.000 litros por vaca/ano.
Ainda avaliando os municípios por produção de leite por vaca, observa-se que em Araras-SP a média foi de 10.800 litros/ano. Os 20 municípios com as mais altas médias de produção estão listados na tabela. Os sistemas mais especializados na atividade estão localizados principalmente no Rio Grande do Sul, seguido pelo Paraná.
Os 20 municípios melhores classificados apresentaram, em média, 5.893 litros/vaca/ano e totalizaram 822,9 milhões de litros de leite. Vila Flores, Casca e Pontão, no Rio Grande do Sul, que estão entre os municípios mais especializados na atividade, não apresentaram crescimento no período de 2012 para 2013, porém, São Jorge, Fortaleza dos Valos e Protásio Alves, no mesmo estado, tiveram um aumento da produção de leite acima de 30%. Outros municípios que também se destacaram pelo crescimento foram Cunhaí, em Santa Catarina, e Arapoti, no Paraná.
Os municípios que produzem mais de 500 litros por dia foram estratificados de acordo com a média de produção por vaca/ano (tabela 3). Em 335 deles a média foi superior a 3.000 litros/ano e totalizam 6,9 bilhões de litros de leite. Adicionando o estrato com média superior a 2.000 litros/ano, somaram 1.006 municípios e 15,1 bilhões de litros. Nas unidades, cuja média de leite por vaca, está entre 1.000 litros e 1.999 litros por ano, produziram juntos 41,7% do leite. Se incorporado o estrato abaixo de 1.000 litros/ano foram totalizados mais da metade do leite brasileiro. Os números refletem a grande diferença que existe na exploração da atividade leiteira, que ocorre em todas as regiões brasileiras.
Em um país de dimensão continental, com vários ecossistemas e uma grande disparidade da forma de produzir leite, como é o caso do Brasil, será necessário enfrentar vários tipos de desafios, desde a falta de alimento para o rebanho, a cura do umbigo de bezerros até a clonagem de animais superiores, para que nossa produção de leite seja capaz de abastecer o mercado interno e que seja competitiva para enfrentar o mundo globalizado em que estamos vivemos.
Rosangela Zoccal é pesquisadora da Embrapa Gado de Leite, de Juiz de Fora-MG; e-mail:
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