O seu celular pode ajudar a detectar terremotos. Parece absurdo, mas essa foi a ideia que motivou o desenvolvimento do aplicativo MyShake, programado por pesquisadores da Universidade da Califórnia.
O app, disponível gratuitamente para o sistema operacional Android, usa o acelerômetro – dispositivo que identifica quando o usuário vira a tela do celular de lado – e o GPS dos aparelhos para identificar quando um terremoto irá acontecer e qual será a magnitude do sismo.
Quando o aplicativo detecta um possível terremoto, envia a informação para um servidor, fornecendo dados para que os pesquisadores possam confirmar se um abalo realmente pode acontecer ou se é um falso-positivo. Caso o usuário permita, o app funciona em segundo plano no celular, enviando dados para os centros de sismografia.
Para que o MyShake não identifique um terremoto quando o usuário está fazendo uma corrida matinal ou apenas chacoalhando num ônibus ou metrô, os pesquisadores realizaram uma série de testes, colocando smartphones em mesas que simulavam terremotos e outros tipos de tremor, como o barulho da torcida em um estádio de futebol, explosões ou ataques de urso. Em seguida, eles desenvolveram algoritmo para eliminar todos os acontecimentos que não eram terremotos, “ensinando” o app a identificar boa parte dos falsos-positivos previamente.
Planos futuros
A esperança dos desenvolvedores é que um número considerável de pessoas baixe o aplicativo e deixe que ele opere em segundo plano, gerando uma quantidade de dados tão grande que a confirmação do terremoto será rápida a ponto de ser possível avisar os usuários do app antes que o tremor aconteça. De acordo com os pesquisadores, para que isto seja possível, é necessário que uma média de 300 celulares rodem o aplicativo simultaneamente num raio de cerca de 7.600 quilômetros.
“Na Califórnia, por exemplo, temos uma das redes de estações sísmicas mais densas do mundo, com cerca de 400 sismógrafos. Mesmo assim, o sistema ainda é falho. Agora, imagine se apenas uma pequena fração dos dezesseis milhões de celulares do Estado passassem a participar do nosso programa”, opinou Richard Allen, líder do projeto.
Durante o anúncio do aplicativo, Allen também citou como exemplo o grande terremoto que deixou oito mil mortos em Catmandu, capital do Nepal, em maio de 2015. De acordo com o pesquisador, se apenas alguns dos seis mil smartphones da cidade estivessem rodando o app, um alerta poderia ter sido enviado, pelo menos, vinte segundos antes do tremor, o que poderia ser preponderante para salvar muitas vidas.
*Com supervisão de Cláudia Fusco
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