O JN começa a apresentar a Rússia aos brasileiros. O país vai sediar a Copa do Mundo de 2018 e a série vai mostrar o que a Rússia tem de bonito e também as questões mais problemáticas. A série de reportagens vai falar de política, de doping, de futebol, de estádios da Copa do Mundo e de cultura, que é o tema desta segunda-feira (12).
Reproduzir o que fascina os olhos é o ponto de partida para a criação de um artista. Pode ser o mosaico de cores de uma igreja ortodoxa, ou uma cidade inteira.
Cansado de Moscou, o imperador Pedro, o Grande, mandou construir uma nova capital, inspirada em Paris. Mas quem transformou São Petersburgo na capital cultural da Rússia foi uma imperatriz, Catarina II.
“Ela achava que uma coleção de artes seria importante para o prestígio da Rússia”, disse Natalia Sidorova, museóloga e guia do Hermitage.
E assim, Catarina foi decorando a sua casa. E acabou por transformar o próprio palácio imperial num dos museus mais importantes do mundo, o Hermitage.
“O Hermitage tem uma coleção de artes enorme. Não deve nada ao Louvre, da França”, diz o chefe da agência russa de Turismo, Oleg Safonov.
Há pelo menos 250 anos, o Hermitage expõe os trabalhos dos principais mestres italianos, franceses, holandeses, espanhóis e alemães. E essas obras de arte ajudaram a produzir gênios russos, tanto nas artes plásticas quanto na literatura
“Se o russo não fosse uma língua tão distante do ocidente, com certeza ele estaria entre os dez maiores escritores da literatura mundial”, diz o professor Mario Ramos.
Aleksander Pushkin é o autor mais celebrado entre os russos. Frequentou os palácios dos Czares, mas foi um crítico feroz desses ambientes. Conquistou a admiração do povo e, assim, o respeito dos governantes.
“Todo mundo conhece Pushkin na Rússia, pois ele fala ao ouvido do russo. Você joga na internet e vê meninos de escola recitando Puchkin de memória no metrô, no ônibus”, relata o professor Mario Ramos.
Escritores cultuados nas ruas e homenageados até no metrô. Uma estação exibe as ilustrações do livro “Crime e Castigo”, leva o nome do seu autor, Dostoievski, um dos maiores romancistas da história.
Nas artes plásticas, Marc Chagall pintou a vida de privações da comunidade judaica russa, na virada do século XIX para o XX. Um mestre modernista da mesma geração de Kandinsky e Malevich, russos que definiram o conceito de arte abstrata, com cores fortes e sensibilidade.
Só que nenhuma outra forma de expressão artística exige mais equilíbrio entre sensibilidade e a força física do que a dança. E não é à toa que os russos viraram referência nesse assunto nos últimos séculos, mais especificamente no balé, o grande balé clássico, ou como dizem no idioma local, o balé Bolshoi.
Para o país que vai receber a Copa do Mundo em 2018, Rudolf Nureyev é o Pelé da dança. E, seguindo os seus “passinhos”, surgiram muitos outros craques, como Mikhail Baryshnikov.
“Nosso repertorio é muito difícil. Para as pessoas que estudam balé moderno, jamais será possível alcançar os bailarinos do Bolshoi”, conta Vladimir Leonidovitch, ex-bailarino e professor do Bolshoi.
O erro está onde apenas os russos parecem capazes de ver. É preciso viver para entender, como o Davi, que chegou a Moscou oito anos atrás, vindo de Cabo Frio, no Rio de Janeiro.
“Às vezes, quando a gente começa a preparar o balé novo, a gente começa a ver os vídeos mais antigos, de pessoas mais antigas que dançaram pra primeiro aprender a coreografia certa, pra procurar os passos e pra novas individualidades”, explica o bailarino Davi Motta.
Aprender a copiar para depois criar. Um método bem russo, antigo e eficiente.
fonte: Globo/Jornal Nacional
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