INDUSTRIA DE CAMINHÕES: A Mercedes-Benz vai suspender por cinco meses os contratos de trabalho de 1.500 funcionários da unidade de São Bernardo do Campo, na região do ABC paulista.
A Mercedes-Benz vai suspender por cinco meses os contratos de trabalho de 1.500 funcionários da unidade de São Bernardo do Campo, na região do ABC paulista.
O acordo foi assinado nesta terça-feira com o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, ligado à CUT.
A suspensão atinge 17,6% dos trabalhadores da produção da fábrica --hoje são 8.500 operários na unidade do ABC.
Conhecido também como "lay-off", esse sistema está previsto na CLT e está sendo adotado em função da queda de produção de caminhões.
Essa é a primeira vez que a Mercedes, montadora instalada há 50 anos no país, utiliza esse mecanismo para flexibilizar a produção.
O "lay-off " já foi adotado por outras empresas da região, como Ford, Volkswagen e GM, durante crises que atingiram a economia e afetaram a venda de veículos.
Com o "lay-off", os trabalhadores vão ficar em casa de 18 de junho a 17 de novembro. Durante esse período, eles vão receber bolsa do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) no valor de R$ 1.163. O complemento do salário será pago pela montadora. De acordo com a empresa, a média de salário desses 1.500 trabalhadores é de R$ 2.800 (valor líquido).
Os trabalhadores também vão frequentar cursos de qualificação profissional de 60 horas por mês --300 horas no total-- nesse período de suspensão de contrato de trabalho, como prevê a legislação.
"O 'lay-off' foi o sistema encontrado para evitar a demissão e manter o nível de emprego", disse Sérgio Nobre, presidente do sindicato.
TENTATIVAS
Antes de adotar o 'lay-off', a Mercedes já havia concedido licença remunerada para 480 trabalhadores contratados por prazo determinado até 4 de junho. A montadora também já concedeu dez dias de férias coletivas em ABC e Juiz de Fora (MG), onde trabalham 900 pessoas.
"Com a nova tecnologia Euro 5, obrigatória a partir deste ano, houve antecipação de compras em dezembro, o que afetou a produção e as vendas neste ano. A nova tecnologia encareceu os produtos, além de haver problemas com combustível e rede de distribuição. Esses fatores contribuíriam para elevar estoques", diz Fernando Fontes Garcia,vice-presidente de RH da Mercedes.
A montadora não divulgou números de produção e vendas. Dados da Anfavea mostram que, no setor de caminhões, a produção caiu 30% de janeiro a abril deste ano em comparação a igual período de 2011. A retração nas vendas foi de 9%.
Garcia disse ainda que a empresa decidiu adotar essa medida porque aposta em uma melhora no segmento de caminhões no segundo semestre.
"Já concedemos férias coletivas nas unidades de São Bernardo do Campo e Juiz de Fora (MG) e licença-remunerada. Agora decidimos adotar um sistema que nos dê mais flexibilidade na produção até novembro", disse o executivo.
Na Mercedes, 480 trabalhadores contratados por prazo determinado estão em licença remunerada por 30 dias (até 4 de junho). Parte dos contratos desses trabalhadores venceria em maio e outra parte em agosto. Pelo acordo feito hoje, eles terão os contratos prorrogados até novembro, data do término do "lay-off".
OUTRAS MONTADORAS
Na Volks, acordo feito com com o sindicato permite flexibilizar a jornada usando o sistema de banco de horas. Desde o início deste ano,a montadora parou por nove dias a produção e adotou semana com quatro dias de trabalho. A montadora emprega 15,3 mil trabalhadores na fábrica de São Bernardo do Campo.
A Scania não demitirá até o final do ano e em troca pode interromper a produção por até 20 dias por ano. "Se for necessário, o acordo autoriza a empresa a antecipar 50% dos dias de parada de produção previstos para o ano seguinte", informa o sindicato.
Na Ford, desde 1995 o banco de horas é usado para ajustar altos e baixos da produção. Desde o início deste ano, a montadora já parou por 21 dias a produção de caminhões (1.000 dos 4.300 trabalhadores na montadora). Acordo com o sindicato prevê que cada trabalhador pode ficar em casa por até 40 dias ao longo do ano.
A produção não funciona às sextas-feiras, desde janeiro. Em abril, a montadora concedeu ferias coletivas de dez dias e pode conceder novo período ainda neste ano.
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