O VALE DOS PRESÍDIOS: Vale paga preço da violência,ameaças de fuga e rebeliões, aumento do tráfico de drogas, desvio de policiais do patrulhamento das ruas para a escolta de detentos e formação de bairros clandestinos no entorno são reflexos da situação
Um ‘cinturão de presídios’ superlotados com 10.922 homens e mulheres e, entre eles, as cidades que compõem a RM Vale, reféns da violência.
Ameaças de fuga e rebeliões, aumento do tráfico de drogas, deslocamento de polícias das funções de segurança da população para a escolta de detentos, bairros clandestinos e migração de famílias desestruturadas para a região, são alguns reflexos deste complexo prisional, instalado hoje no Vale.
Nos últimos 10 anos, a região ganhou seis novos presídios e pelo menos 6.087 presos. Até janeiro de 2002, não existiam as unidades de Potim de 1 e 2, os CDPs de São José e Caraguá e os femininos de São José e 2 de Tremembé. Hoje são 11, fora cadeias e Fundações Casa.
Invasão de área. O bairro Chácara Canaã, na divisa entre Taubaté e Tremembé, é exemplo da consequência da invasão de presídios. O bairro já foi alvo de pelo menos três operações policiais, em um ano. No local, onde moram famílias vindas de todo o país, a polícia identificou ‘gatos’ (ligações clandestinas) de luz, água e internet e encontrou presos acusados de tráfico de drogas e de porte de armas. “Cheguei da Bahia há três meses porque meu pai está preso aqui e eu e meus filhos e mãe, viemos para ficar perto e poder visitar no presídio”, disse uma jovem de 19 anos, que mora em um barraco em área de APP, no Chácara Canaã.
Desespero. A fila de mulheres acampadas no cinturão de presídios, vindas das cidades do Vale para fazer as visitas, impressiona, e é outro reflexo dos presídios. “Eles estão jogados que nem bicho lá e a gente se submete a tudo aqui, para tentar levar um pouco de consolo”, disse uma senhora de 48 anos, que desde o início do ano passado se desloca na sexta-feira de Potim, para visitar o filho preso por tráfico de drogas, no CDP de Taubaté.
Cidades ficam sem receber contrapartida
Tremembé“Não existe bônus nenhum, só ônus”. Com esta frase, a Prefeitura de Tremembé resumiu o que a administração municipal recebe como contrapartida do Estado. A cidade abriga o maior número de presídios da região --5 dos 11 espalhados pelo Vale do Paraíba.
De acordo com o coordenador de comunicação da prefeitura, Ricardo Corbani, o volume de presídios afeta diretamente a população e a administração publica. “Os problemas são diversos, desde a saúde, já que os detentos têm que ser atendidos nas unidades de saúde municipal e com prioridade, até nos serviços básicos, já que a prefeitura não conta com muitos caminhões de lixo, por exemplo, mas a população tem que dividir o serviço de limpeza com os presídios, pois é a prefeitura que retira o lixo das unidades”, disse.
Sem retorno. O secretário de segurança de Taubaté, Orlando Lima, disse que a administração já tentou pedir auxílio do governo como contrapartida pelos presídios, mas não obteve sucesso.
“Entre os pedidos estão o aumento de efetivo policial, já que no deslocamento de preso para uma audiência por exemplo, são utilizados de 8 a 12 policiais na escolta. São policiais que saem do patrulhamento na cidade para fazer esse serviço. A resposta foi negativa, e o Estado informou que o numero de policias condiz com a população, independente dos presídios.”
Potim, São José dos Campos e Caraguatatuba também não têm contrapartida.
SAP. A SAP (Secretaria de Administração Penitenciária) informou que, entre outros aspectos, a definição dos locais para a construção das unidades tem por base o critério da regionalização dos presídios, importante para processo de reintegração social. O VALE
Tremembé“Não existe bônus nenhum, só ônus”. Com esta frase, a Prefeitura de Tremembé resumiu o que a administração municipal recebe como contrapartida do Estado. A cidade abriga o maior número de presídios da região --5 dos 11 espalhados pelo Vale do Paraíba.
De acordo com o coordenador de comunicação da prefeitura, Ricardo Corbani, o volume de presídios afeta diretamente a população e a administração publica. “Os problemas são diversos, desde a saúde, já que os detentos têm que ser atendidos nas unidades de saúde municipal e com prioridade, até nos serviços básicos, já que a prefeitura não conta com muitos caminhões de lixo, por exemplo, mas a população tem que dividir o serviço de limpeza com os presídios, pois é a prefeitura que retira o lixo das unidades”, disse.
Sem retorno. O secretário de segurança de Taubaté, Orlando Lima, disse que a administração já tentou pedir auxílio do governo como contrapartida pelos presídios, mas não obteve sucesso.
“Entre os pedidos estão o aumento de efetivo policial, já que no deslocamento de preso para uma audiência por exemplo, são utilizados de 8 a 12 policiais na escolta. São policiais que saem do patrulhamento na cidade para fazer esse serviço. A resposta foi negativa, e o Estado informou que o numero de policias condiz com a população, independente dos presídios.”
Potim, São José dos Campos e Caraguatatuba também não têm contrapartida.
SAP. A SAP (Secretaria de Administração Penitenciária) informou que, entre outros aspectos, a definição dos locais para a construção das unidades tem por base o critério da regionalização dos presídios, importante para processo de reintegração social. O VALE
"Somos todos reféns" - assista à reportagem especial da TV O VALE
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