LONDRES, Inglaterra - Felipão reassumiu a seleção brasileira há dois meses, mas só na segunda-feira, quando se reuniu com os jogadores pela primeira vez, no jantar, é que voltou a se sentir técnico da equipe nacional. E logo percebeu semelhanças e diferenças em relação à sua estreia, em junho de 2001, em meio às eliminatórias para a Copa de 2002, quando o Brasil corria risco de não se classificar. Na época, Felipão encontrou um grupo tenso, travado, pressionado por torcida e imprensa. Muito diferente de agora, para o amistoso com a Inglaterra, nesta quarta-feira, às 17h30m (de Brasília), em Wembley. O tempo que terá para preparar o time para o Mundial é quase o mesmo de 2001: cerca de 18 meses. E, pelo que percebeu, não vai demorar para formar uma nova “Família Scolari”.
- Naquela ocasião, íamos enfrentar o Uruguai, em Montevidéu, e a situação não era das melhores. Hoje é diferente. Encontrei um grupo descontraído. Chamou-me atenção o fato de os jogadores terem ficado na sala do jantar, conversando e brincando, depois que acabaram de comer. Isso é raríssimo no futebol. Não há dúvida que o grupo é bem unido - disse Felipão, que amanheceu rouco. Durante a coletiva, usou algumas pastilhas e, por mais de uma vez, brincou, pedindo que Parreira o substituísse. - No jogo, vou falar baixinho para o Murtosa (auxiliar técnico), e ele é quem vai se esgoelar.
Jogos serão ensaio para chegar ao título
No primeiro contato direto da comissão técnica com os jogadores, o coordenador técnico, Carlos Alberto Parreira, tocou num ponto muito importante: daqui até a Copa, não haverá amistosos. Serão todos parte da preparação para chegar ao título.
- Jogaremos umas 13 vezes este ano e apenas uma em 2014. A base será montada agora. Então, todo jogo é muito importante. Até hoje, nenhuma das grandes forças do futebol organizou duas Copas e deixou de ser campeã. Alemanha, França e Itália ganharam uma e perderam outra. Não podemos desperdiçar uma nova oportunidade de ganhar em casa - frisou o treinador, que voltará a reunir a seleção em março, quando o Brasil enfrentará a Itália, dia 21, em Genebra, e Rússia, quatro dias depois, novamente em Londres.
Felipão não se acha no direito de pedir paciência à torcida, caso as coisas não saiam como o esperado nesta quarta-feira. Afinal, quase 80% dos jogadores vinham sendo convocados regularmente por seu antecessor, Mano Menezes. Pelo menos algum entrosamento têm que mostrar. No único treino antes da sua estreia, com ênfase no posicionamento e nas jogadas de bola parada, o técnico escalou o time mesclando juventude e experiência. Ronaldinho Gaúcho, de 32 anos, formará o meio-campo ao lado do trio que vinha atuando com Mano (Paulinho, Ramires e Oscar). No ataque, Neymar terá como companheiro Luís Fabiano, atacante que também já chegou aos 32 anos.
- A cobrança será a mesma para todos. Ronaldinho fez um Brasileiro brilhante pelo Atlético-MG e tem todas as condições físicas para continuar jogando em alto nível, sem falar na experiência. O mesmo vale para o Neymar, que, na minha opinião, é um dos três melhores do mundo, ao lado de Cristiano Ronaldo e Messi - disse Felipão, que tem 24 jogos no comando da seleção, com 18 vitórias, cinco empates e uma derrota.
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