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Como vencer em 2014

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A vitória será a obsessão brasileira de 2014. Este é um ano para se vencer. Não tem saída nem alternativas. Basta lembrar os dois grandes eventos marcados para o período: Copa do Mundo e eleição presidencial. Uma Copa mal-organizada seria nada menos que um vexame histórico, um escrete brasileiro sem taça de campeão, um doloroso fiasco. Sem meio-termo, sem comiseração. Na corrida pelo Palácio do Planalto também não há prêmio de consolação para os candidatos. Qual deles conseguirá representar uma nova esperança para os brasileiros? Em 2014, mesmo as vitórias que podem ser parciais se mostram imprescindíveis. Chegou a hora de destravar a economia, de dar passos concretos para conter a violência, de gerar alguma luz sobre a paz mundial. Como trilhar esses caminhos é o grande desafio que ISTOÉ analisa nos links abaixo.

Os 100 milhões de eleitores e aqueles três candidatos que concorrem de verdade à Presidência da República em outubro de 2014 terão muitos encontros e desencontros antes que cada cidadão brasileiro tome o caminho das urnas. As mobilizações populares que surpreenderam o País em junho e as últimas pesquisas de opinião emitem um recado muito claro: o Brasil quer mudanças. Não necessariamente uma troca de comandante, mas um novo jeito de comandar e, sobretudo, um outro horizonte a perseguir. Portanto, sairá vencedor das urnas em 2014 aquele que se mostrar capaz de levar o País adiante com uma forma de governar que atenda às demandas cada vez mais concretas.

EM CAMPO
Dilma, Aécio e Campos já estão em plena campanha. Marina
e Barbosa são nomes lembrados pelo eleitorado. Em comum,
todos procuram protagonizar uma nova maneira de gerir o País
Os números, inicialmente favoráveis à presidenta Dilma Rousseff, não significam muito nesse início de 2014. Seu governo conta com aprovação superior a 60%, a intenção de voto beira a casa dos 45%, mas 66% dos brasileiros esperam que as coisas não continuem como estão. E é esse último percentual que serve de combustível tanto para os opositores que já estão com o bloco na rua como para aqueles que não assumem uma eventual candidatura, embora não fechem as portas para essa alternativa, como é o caso do ministro presidente do STF, Joaquim Barbosa.
Para tentar convencer o eleitor de que é o melhor candidato, o senador mineiro Aécio Neves, do PSDB, se colocará como o “único” de oposição, lugar que ocupa desde o primeiro mandato de Lula, e lançará ao País um programa de governo que faça um claro contraponto às gestões petistas, principalmente no que se refere à gerência dos recursos públicos. Pesquisas encomendadas pelos tucanos mostram que o eleitor quer um governo eficiente. As enquetes disseram aos tucanos que não importa o matiz ideológico do candidato. Importa, segundo os dados coletados pelo partido, o gerenciamento do setor público. A leitura feita pelo PSDB diz que não se trata mais de prometer escolas, como nas últimas campanhas, mas de mostrar como fazer a escola já existente ter qualidade. O mesmo vale para a saúde e para a segurança pública.
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DE VOLTA
FHC será um dos líderes da campanha de Aécio
e terá papel de destaque na disputa
Na economia, o projeto de Aécio é se apresentar ao eleitor como a alternativa mais confiável para a captação de novos investimentos internos e externos. Ele fará duras críticas aos esquemas de corrupção que dominam o noticiário e ao que chama de aparelhamento do Estado promovido pelo PT. “O eleitorado precisa ser lembrado que a presidenta é do PT”, tem dito o senador nas reuniões com os principais assessores. No início de 2014, Aécio vai definir os nomes que serão responsáveis pela estratégia de comunicação de sua campanha. O tucano descarta a possibilidade de contar com um marqueteiro que tenha um superpoder. “Vamos trabalhar de forma colegiada. O candidato não pode ser refém de um guru da propaganda”, disse Aécio a assessores. Nas últimas semanas, o senador tem intensificado as conversas com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que deverá ser um dos coordenadores da campanha. Ao contrário do que aconteceu nas últimas três disputas, o PSDB não irá esconder o ex-presidente. Pelo contrário, FHC terá participação ativa na campanha de Aécio.
Ainda no bloco oposicionista, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, do PSB, ganhou musculatura com a chegada de Marina Silva às suas fileiras. Como participou do governo de Lula e defende os avanços sociais ocorridos nas gestões petistas, planeja se apresentar como o líder capaz de fazer as mudanças reclamadas pelos brasileiros de forma segura, sem rupturas ou quebra de programas como o Bolsa Família, por exemplo. “O desenvolvimento é um processo. Avançamos com a estabilidade econômica obtida pelos governos de Fernando Henrique e com os governos de Lula e Dilma conquistamos importantes passos na questão social. Agora é preciso um novo salto. O Brasil não está satisfeito e quer mais”, tem dito o candidato.
Antes do Carnaval, Campos pretende consolidar a aliança com o PPS – partido que parece ter retirado da área de influência dos tucanos – e busca novos parceiros para tentar obter maior tempo no horário eleitoral de rádio e tevê. Ele ainda aposta que possa ter a seu lado setores que hoje estão na base de apoio do governo como o PDT e o PTB. Menos conhecido dos candidatos, a propaganda eleitoral tem, para o governador de Pernambuco, uma importância maior do que para seus oponentes. A mensagem será a de continuidade sem continuísmo.
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O ARTICULADOR
Com a ajuda de Lula, Dilma procura tentar fechar acordos
que lhe garantam mais da metade do tempo de tevê
Já no QG governista, a maioria dos analistas acredita que haverá um retorno dos protestos, inclusive durante a Copa, mas aposta nas boas respostas que o governo tem a oferecer. O emprego e a renda continuam de pé como os trunfos mais vigorosos de Dilma Rousseff para manter a fidelidade de um eleitorado que Lula cultiva desde 2003. O salário mínimo será reajustado em 2014 com ganhos reais acima da inflação e os programas sociais mantêm seu inegável poder de atração. O programa Mais Médicos será apresentado como uma resposta bem aceita para populações que não possuem um único doutor para zelar por suas dores e doenças. Para o início do ano, a campanha petista está prestes a amarrar um acordo capaz de garantir quase a metade do tempo na tevê, uma vantagem sempre considerável.
Há, no entanto, um fator que tem preocupado os articulistas de Dilma. Seus quatro anos de governo marcaram uma convivência difícil no Congresso, em especial com o maior aliado, o PMDB, com uma estrutura capilar para pedir votos na porta de casa do eleitor – desde que a máquina esteja com vontade de fazer, embaixo, aquilo que se acerta em cima. Tratado de modo que julga oportunista e interesseiro, o PMDB ameaça responder na mesma moeda. Pode apoiar Dilma quando considerar que vale a pena, mas não fará o menor sacrifício se considerar que o risco é maior que o benefício.
Segundo o comando petista, o julgamento sobre o mensalão do PSDB-MG e as investigações sobre o propinoduto do metrô paulistano são temas que poderão favorecer a candidatura de Dilma. “Em caso de emergência, poderemos usar esses casos e mostrar que, no que diz respeito à gestão e à ética, eles não diferem daquilo que nos acusam”, disse um líder nacional do PT na quinta-feira 26. No embate com Eduardo Campos, os petistas acham que será difícil ao governador de Pernambuco fazer oposição a um governo que lhe forneceu recursos necessários para se tornar um presidenciável com vida própria. Num país que assistiu à emergência do “novo”, os próximos dez meses irão mostrar se alguém é capaz de decifrar a mensagem que os brasileiros trazem dentro de si.
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Fotos: VIctor Moryama/Folhapress;Dida Sampaio/Estadão Conteúdo; Ana Ottoni/Folhapress

A hora de destravar o PIB

Em 2014, o Brasil deve crescer menos do que a média mundial


Muito antes das eleições presidenciais de outubro, a presidenta Dilma Rousseff terá um desafio colossal pela frente: fazer a economia andar. Para o mercado, o Brasil crescerá apenas 2% em 2014. Segundo o governo, o desempenho será um pouco superior, em torno de 2,5%. Basta comparar esses números com estimativas de outros países para entender que, seja qual for o resultado, trata-se de uma performance tímida demais para as ambições brasileiras. De acordo com dados do Fundo Monetário Internacional, o PIB mundial deve avançar 3,6% em 2014. Entre as nações emergentes, espera-se uma alta de 5,1%. O Brasil perde até para vizinhos menos afortunados, como Colômbia (aumento de 4,2%) e Peru (5,7%). A performance econômica é talvez o ponto mais sensível do governo Dilma – e ainda mais vital em ano de eleições. Dá para virar o jogo?
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PARA A FRENTE
Linha de produção da Volkswagen, em São Bernardo do Campo (SP):
o governo quer reconquistar a confiança do setor privado
Para a maioria dos especialistas consultados por ISTOÉ, no longo prazo, sim. No curto prazo – o que implicaria uma virada já em 2014 – é bem mais complicado. A boa notícia é que, pela primeira vez em cinco anos, o cenário internacional deve ser favorável. “A economia americana provavelmente vai estar exuberante no ano que vem”, diz Fábio Kanczuk, professor de economia da USP. “A União Europeia saiu da recessão e o que dá para esperar é crescimento, ainda que lento.” O fator internacional pesa a favor do Brasil, mas o País precisa fazer a sua parte. Nesse aspecto, o maior desafio de Dilma será reconquistar a confiança do empresariado e trazer, assim, um novo fluxo de investimentos, tanto internos quando vindos do Exterior. “É preciso oferecer um clima mais amigável para o setor privado”, diz Octávio de Barros, economista-chefe do Bradesco.
Depois de muitas derrapadas, no fim do ano passado o governo finalmente começou a destravar os programas de concessões do setor de infraestrutura. É fácil de entender por que afinal eles são tão importantes. Com rodovias melhores, diminui o tempo do transporte de mercadorias – e os efeitos imediatos são o aumento da produtividade e a redução do custo do frete, indispensáveis para que os produtos cheguem ao consumidor a preços competitivos. Do ponto de vista financeiro, as concessões trazem uma enxurrada de dinheiro para o País, como aconteceu no leilão do campo de petróleo de Libra, que seduziu a anglo-holandesa Shell e a francesa Total. Para 2014, estão previstos leilões pesados, como de parte da ferrovia Norte-Sul, que deve captar recursos superiores a R$ 7 bilhões, e de terminais do Porto de Santos e do Pará, que receberão investimentos de R$ 5 bilhões. “Se o governo se comprometer com reformas estruturais, como a tributária e a trabalhista, e a aumentar os investimentos em infraestrutura, isso certamente terá consequências positivas para a economia do País”, diz Carlos Melo, cientista político do Insper.
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Além de ter Copa do Mundo, 2014 será ano eleitoral, o que tradicionalmente traz dividendos para a economia. “Independentemente de quem ganhar, o novo governo vai ter que arrumar a casa”, diz Marcel Balassiano, economista do Ibre/FGV. Embora os especialistas não concordem com o real impacto do maior evento esportivo do planeta para as finanças do País, é inegável que alguns setores terão o que comemorar. Estima-se que as vendas de eletrônicos e de bebidas superem a casa dos dois dígitos, e no fim de 2013 foram anunciadas previsões otimistas na geração de empregos. Mas há também preocupações. “O que pode abalar a confiança dos investidores são as manifestações violentas durante a Copa”, diz Melo, do Insper. Os especialistas concordam num ponto: a economia brasileira precisa deslanchar, mas o País não vive nenhuma tragédia. “O mercado brasileiro acredita que estamos prestes a cair no barranco, mas não acredito nisso”, diz Fábio Kanczuk, da USP.

É preciso fazer bonito

O torcedor não espera nada menos do que o hexacampeonato da Copa no Brasil


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Único país pentacampeão mundial de futebol, conhecido internacionalmente como a pátria das chuteiras e agora sede da Copa do Mundo, o Brasil entrará em campo para disputar o torneio diante de uma enorme expectativa da torcida. Como admitiu o próprio técnico Luiz Felipe Scolari, nada além da taça interessa. Não há obrigação maior para o País do que levar o hexacampeonato nesta que será a 20ª edição da competição. Afinal, se o brasileiro nunca foi de se contentar com um segundo lugar, não será agora, na nossa Copa, que isso será diferente. Pelo contrário. É preciso fazer bonito em campo, garantindo a vitória, de preferência exibindo um belo futebol para o mundo. E, para tanto, a Seleção conta com trunfos, como o jogador Neymar.

PREPARAÇÃO
O jogador Neymar é um dos trunfos do Brasil para garantir o hexa.
Abaixo, o estádio do Mineirão, reformado para a Copa
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Mas fazer bonito só em campo, desta vez, não vai bastar. Como sede de um dos mais complexos e populares campeonatos esportivos do mundo, o Brasil terá de mostrar que é bom também em organização. Serão 32 seleções disputando 64 jogos em 12 cidades-sede, durante 32 dias de competição (leia mais na pág. 52). Uma empreitada em áreas como construção civil, transporte, segurança e turismo. “No fim não tem muito mistério, tem é muito trabalho”, disse o ministro do Esporte, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), à ISTOÉ. “Mas, se você cumprir o manual e fizer o dever de casa, as coisas acontecem.”
Esse é o grande desafio do Brasil. Tudo é superlativo quando se trata de Copa do Mundo. Segundo levantamento da Controladoria-Geral da União (CGU), divulgado pelo Portal da Transparência, hoje correm 313 ações e empreendimentos do governo e da iniciativa privada para preparar o evento. Os 12 estádios onde acontecerão os jogos talvez sejam a parte mais visível desse esforço. Orçados em pouco mais de R$ 8 bilhões, metade já foi entregue e a outra metade corre para cumprir o prazo estabelecido pela Fifa, que adiou de janeiro para fevereiro a data final. “Atraso significa menos testes nas arenas e isso pode ser um problema”, afirma Rodrigo Prada, criador e diretor responsável pelo Portal 2014, do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia Consultiva (Sinaenco).
Para garantir que mesmo os estádios entregues com atraso funcionem, o Comitê Organizador Local da Fifa (COL), responsável pela organização e execução do evento, já monta um esquema de testes expresso. Não será a primeira vez que isso ocorre. Para testar os estádios de Rio de Janeiro, Brasília e Recife para a Copa das Confederações, por exemplo, foi preciso correr, já que eles só foram entregues dois meses antes da competição. O cenário pode se repetir agora na Copa do Mundo, com arenas como a do Pantanal, em Cuiabá, da Baixada, em Curitiba, de Manaus, no Amazonas, e do Corinthians, em São Paulo, todas atrasadas. “Para fazer os testes adequadamente, também é importante que as obras do entorno dos estádios estejam prontas, assim também testamos as operações de trânsito”, diz Ricardo Trade, presidente do COL.
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ATRASO
A arena de Manaus, no Amazonas, deve ser entregue só em abril de 2014
A evolução das obras de mobilidade nas cidades-sede sugere que a perspectiva para esses testes completos não é boa. Segundo levantamento nacional do portal G1, no começo de dezembro 75% dessas obras estavam atrasadas ou foram retiradas da lista de objetivos a serem atingidos até o começo do campeonato. Além disso, é provável que o País assista a manifestações nas imediações das arenas, como ocorreu na Copa das Confederações. A Secretaria Especial de Segurança para Grandes Eventos (Sesge) vem investindo em inteligência e treinamento de equipes para lidar com imprevistos e irá disponibilizar 200 viaturas de polícia e dois helicópteros para cada jogo. “Os feriados, que devem ser decretados pelas cidades-sede em dias de grandes jogos, vão ajudar na mobilidade”, aposta Paulo Resende, coordenador do Núcleo de Infraestrutura e Logística da Fundação Dom Cabral. “Mas com protestos a situação fica mais imprevisível.”
Cerca de R$ 1,2 bilhão estão sendo usados para integrar sistemas de comunicação de segurança, simular operações e comprar equipamentos. “Nosso objetivo maior, no que diz respeito às manifestações, é evitar o confronto e a violência”, diz Andrei Rodrigues, da Sesge. A julgar pelas imagens da truculência policial brasileira diante das manifestações durante a Copa das Confederações que rodaram o mundo, o Brasil tem muito a avançar nessa área. “É o tipo de coisa que não pode acontecer”, diz Prada, do Portal 2014. “Não tenho dúvida de que o governo teme esse tipo de repercussão novamente, porque pegou muito mal.”
Os desafios na área de transporte aéreo também são inúmeros. O trânsito das seleções pelas distantes cidades-sede não deverá ser um problema, pois um superesquema foi desenvolvido pelo COL. Entre seis e oito aviões ficarão à disposição dos times e staff e os cronogramas funcionarão com margens que permitem até 24 horas de atraso. O que preocupa é o trânsito aéreo das grandes torcidas. Tome-se como exemplo os jogos da Argentina e Irã em Belo Horizonte, no dia 21, e, quatro dias depois, Argentina e Nigéria em Porto Alegre. Estima-se que entre 30 mil e 40 mil argentinos venham ao País para o Mundial. Deslocar essa população, de avião, em quatro dias requer nada menos que 210 voos, ou 52 voos por dia. Seguir por terra significa encarar os 1.705 quilômetros que separam BH de Porto Alegre em estradas que não receberam um centavo sequer dos R$ 25 bilhões investidos na Copa. “Mesmo se todos os aeroportos funcionarem perfeitamente, o transporte aéreo ainda é o maior gargalo da Copa”, diz Resende, da Fundação Dom Cabral, acrescentando que muitos poderão enfrentar dificuldades em função de neblina nessa época.
Para contornar o problema, a Secretaria de Aviação Civil (SAC) organiza uma operação nos moldes das realizadas na Copa das Confederações e na Jornada Mundial da Juventude no ano passado. Embora o plano ainda não tenha sido divulgado, espera-se um aumento do efetivo nos aeroportos, a criação de um centro de comando e controle nacional que funcionará 24 horas por dia e estratégias para lidar com picos de demanda. Simulações das dificuldades que podem surgir no caminho também serão feitas a partir de janeiro. Um exército de 15 mil voluntários, atualmente sendo selecionados por proficiência em inglês e em espanhol, auxiliará os seis milhões de turistas brasileiros e 600 mil estrangeiros esperados que deverão lotar os 390 mil quartos de hotel disponíveis. O trânsito aéreo deverá ganhar uma folga das viagens de negócios, que estarão em baixa nessa época.
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MOBILIDADE
Transcarioca, que liga Barra da Tijuca e Aeroporto Tom Jobim,
no Rio de Janeiro, ainda não está pronta
O tempo dirá se o tão falado legado positivo da Copa irá se realizar de fato. Não são poucos os estudos que demonstram como eventos grandiosos como este tendem a se revelar uma armadilha para os países-sede. Uma pesquisa recente feita pelo Departamento de Economia do Esporte da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, por exemplo, mostrou que esses grandes espetáculos esportivos podem ter impacto negativo na economia e na infraestrutura das nações anfitriãs. Mas, ainda que, na ponta do lápis, o saldo seja negativo, espera-se que a Copa promova pelo menos uma mudança de atitude nas arquibancadas nacionais e o brasileiro adote o padrão Fifa de torcida: empolgação com educação, sem lugar para quebra-quebra.
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A violência que amedronta as metrópoles

Como conter o aumento de casos de roubos seguidos de morte


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Poucos crimes assustam mais a população do que o latrocínio. Qualquer pessoa consegue se imaginar na rua, de carro ou a pé, sendo abordada por um ladrão armado. Apesar de a maioria dos bandidos não estar interessada em matar a vítima, às vezes o assalto sai do controle e acaba em assassinato. É justamente esse tipo de situação que está aumentando no País, segundo o Anuário 2013 do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. De acordo com o levantamento, o número de roubos seguidos de morte subiu 16% no território nacional entre 2011 e 2012. Os cinco Estados mais populosos do Brasil contribuíram para o agravamento do problema, já que todos eles registraram alta no período (leia na pag. 56). O latrocínio é um delito relativamente raro (foram 1.810 no País no ano passado, contra 47.136 homicídios dolosos), mas amedronta as pessoas porque é democrático, diz Luciana Guimarães, diretora do Instituto Sou da Paz. “O assalto acontece na cidade inteira. Todo mundo já ouviu um caso”, afirma. Estudiosos do tema o definem como um roubo que deu errado. “E como o número de pessoas roubadas é muito grande, existe o risco”, afirma o especialista em segurança pública Guaracy Mingardi, da Fundação Getulio Vargas (FGV). Para combatê-lo, é necessário um conjunto de medidas que inibam o assalto à mão armada, o que inclui o combate à indústria do roubo, a melhora na capacidade de investigação e reformas na estrutura policial. 

Apesar de estatisticamente ser mais provável uma pessoa ser morta por um conhecido do que por um ladrão, o latrocínio é uma das infrações que mais afetam a segurança da população. Segundo um relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) divulgado em novembro, um em cada quatro brasileiros já deixou de frequentar locais de recreação por conta da violência. Para Renato Sérgio de Lima, membro do Conselho de Administracão do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, esse pânico tem de ser considerado. “Segurança pública não é só enfrentamento do crime, ela também é responsável pela construção da sensação de segurança”, afirma. “É por isso que temos cada vez mais medo de frequentar espaços públicos e vivemos trancados”, explica Luciana Guimarães, do Sou da Paz. 
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Em 2013, uma série de casos bárbaros aumentou ainda mais o receio da população. Dois dos crimes mais chocantes aconteceram no Estado de São Paulo, quando dentistas – em São Bernardo do Campo e em São José dos Campos – foram queimados vivos em seus consultórios por não terem dinheiro para entregar aos bandidos. O governo estadual tem se mostrado incapaz de frear a escalada desses delitos. Indicadores de latrocínio vêm subindo desde o começo da atual gestão e os números não dão sinal de melhora. Em 2013, foram 343 roubos seguidos de morte de janeiro a novembro, contra 313 no mesmo período do ano anterior. Em dezembro, o governador Geraldo Alckmin enviou à Assembleia Legislativa de São Paulo um projeto de lei estabelecendo bonificações de até R$ 8 mil anuais para policiais que cumprirem metas de redução de crimes contra a vida, assaltos em geral e roubos de carro. “O latrocínio teve um aumento, mas nós acreditamos que vai cair. Essa é uma das medidas importantes, é por isso que eu valorizei o roubo. Se reduzir o roubo, reduz o latrocínio”, afirmou o governador à IstoÉ.

Estudiosos da área dizem que medidas como a do governo paulista estão na direção certa e podem servir de estímulo pontual, mas que, sozinhas, não acabam com o problema. Para eles, os primeiros passos podem ser dados com ações simples, como iluminar ruas, diminuir o número de armas em circulação e controlar a venda de munição. “Todo roubo com arma é um latrocínio em potencial”, diz Alessandra Teixeira, do Instituto Brasileiro de Ciências Criminais (Ibccrim). Também não basta comprar viaturas, aumentar as patrulhas ou endurecer as penas – é preciso cumpri-las. Especialista em criminologia do Ibccrim, Ilana Casoy acredita que a impunidade sirva de estímulo à bandidagem. “Hoje no Brasil roubar é um grande negócio. Não conheço nenhum outro que tenha quase 98% de chance de dar certo.” No País, apenas 2,5% dos casos de assalto são resolvidos, contra cerca de 10% dos homicídios. “Na Inglaterra, o índice de solução de assassinatos é de 90%. Na França, 80%. Nos EUA, em média 65%”, compara.

Estudiosos e policiais dizem que os números são ruins porque autoridades não conseguem reunir informações suficientes para entender a dinâmica do crime. O presidente da Confederação Brasileira de Trabalhadores Policiais Civis, Jânio Bosco Gandra, afirma que não é possível combater delitos adequadamente sem estatísticas sobre horário, local e circunstância das ocorrências. Com dados, é possível montar o perfil do infrator e aumentar a eficiência da apuração. “Em assaltos a casas, por exemplo, você tem desde quem aproveita a empregada varrendo a rua até aqueles que planejam e vão disfarçados de entregadores para roubar. São estratégias de ação diferentes para cada um”, diz Ilana Casoy. “A gente não consegue nem a estatística, que é papel, imagina transpor isso para medidas que sejam eficientes.” De acordo com Luciana Guimarães, atualmente tudo é feito no achismo, sem base científica ou investigativa. Mesmo a captura de poucos ladrões pode levar a uma melhora significativa nas taxas de criminalidade. “Quem rouba uma vez rouba outras vezes. Quando se resolve um caso, se resolvem muitos outros”, afirma. Uma medida anunciada no fim do ano para acabar com o problema da falta de informações é o Sistema Nacional de Estatísticas de Segurança Pública e Justiça Criminal (Sinesp), do governo federal, um banco de dados que promete reunir estatísticas nacionais sobre criminalidade, mas que ainda é visto com desconfiança por acadêmicos por causa da falta de qualidade dos dados locais que vão abastecer o programa.
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Um exemplo de mudança que deu certo é o da Polícia Federal do País. De acordo com Ilana Casoy, a instituição aumentou salários, investiu em infraestrutura e atraiu profissionais mais qualificados. Enquanto isso, argumenta, outras polícias usam programas piratas para lutar contra criminosos virtuais. “Além disso, os instrumentos de busca de suspeitos são muito precários. Se você verifica que o bandido usa aparelho, por exemplo, não dá para colocar foto para reconhecimento só de quem tem aparelho”, diz. Com investigações mais eficientes, é possível melhorar também o combate à indústria do assalto, já que os ladrões que matam nas ruas – geralmente inexperientes e violentos, muitas vezes agindo sob a influência de drogas – representam somente a ponta de um esquema maior. “Tal como o tráfico, temos que pensar o roubo na perspectiva de uma economia criminal. O autor do roubo não fica com o produto. Ele circula, entra no mercado”, afirma Alessandra Teixeira. “Qualquer pessoa é capaz de consumir produtos roubados em feiras do rolo. Por que o Estado não consegue atuar em cima disso?”
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Reformar a estrutura da polícia é outra maneira de resolver, no longo prazo, a crônica falta de capacidade investigativa da força. Recomendações de especialistas, como a desmilitarização das tropas, o fim da separação entre quem faz patrulha nas ruas e quem faz investigações criminais, além da implantação de uma porta de entrada única para a carreira, estão em discussão no Senado. Para Pedro Taques (PDT-MT), relator da Comissão de Segurança Pública da Casa, não existe uma medida isolada. “É um conjunto de ações que devem ser desenvolvidas”, diz. Segundo ele, a segurança pública no Brasil está, hoje, “absolutamente falida”. Para resolver a caótica situação, o País deve seguir a fórmula recomendada pela maioria dos policiais e estudiosos e resumida por Ilana Casoy: “Criminalidade não se combate só com violência. Se combate com inteligência.”

Uma bússola para a educação

Há três anos no Congresso, o Plano Nacional de Educação precisa ser aprovado para que o Brasil tenha um norte nesta área fundamental para o desenvolvimento do País


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Um dos últimos atos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi encaminhar ao Congresso Nacional o projeto de lei do Plano Nacional de Educação (PNE) para o decênio 2011-2020. Isso foi em 15 de dezembro de 2010. O mandato de Dilma Rousseff está entrando no último ano e o PNE continua no Congresso, aguardando a apreciação dos nobres parlamentares. Antes de entrar em recesso, o Senado Federal aprovou o texto com algumas alterações, que agora retorna para nova votação na Câmara. É fundamental que os deputados deem andamento à questão com celeridade, pois o PNE é o instrumento que orienta as políticas públicas de educação do País. É um caderno de metas que têm de ser executadas pelas três esferas de governo. Sem ele, o Brasil fica como uma nau sem bússola em uma área vital para dar um salto de qualidade necessário.

O texto aprovado pelos senadores contém 14 artigos, 21 metas (o original tinha 20) e 177 estratégias (leia quadro) para colocar a educação brasileira em pé de igualdade com a dos países desenvolvidos. Alguns objetivos são audaciosos, como destinar 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para o setor, erradicar o analfabetismo e garantir que metade das crianças brasileiras esteja matriculada em creches nos próximos dez anos. Mas, como o texto ainda causa controvérsias, as discussões podem se alongar na Câmara.
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Especialistas enxergam lacunas no projeto aprovado. “Acolheram 54 das 101 alterações que eu tinha proposto na Comissão de Educação, mas excluíram dispositivos importantes, como o percentual que cabe à União, Estados e municípios nos repasses para a educação e a responsabilidade dos gestores que não cumprirem as metas”, reclama o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), comparando o PNE às promessas de campanha: se não forem cumpridas, não acontece nada. “Para que o PNE funcione é preciso estabelecer os padrões que têm de ser cumpridos. Esse texto não especifica. Como vamos cobrar ou cumprir se não sabemos especificamente o que tem de ser feito?”, questiona a doutora em política educacional pela Universidade de Harvard Paula Louzano, pesquisadora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP). 

A fonte e a destinação dos recursos também são motivo de discussões. O senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), relator do texto no Senado, fez as contas e concluiu que, dos R$ 440 bilhões previstos para investimento na Educação ao fim dos dez anos do PNE, apenas R$ 120 bilhões estão garantidos pelos repasses do petróleo (royalties, a participação especial e o fundo social). “Podemos dedicar parte dos recursos minerais para o setor e vou trabalhar na tributação das grandes fortunas para chegar aos R­$ 440 bilhões e cumprir as metas”, diz ele. O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) considera o texto um conjunto de metas abstratas. “A única coisa concreta são os 10% do PIB, sem dizer de onde vêm os recursos nem como eles serão gastos, que é o mais grave”, diz Buarque, para quem a educação deveria ser federalizada.

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 Mas por ser o primeiro instrumento a estabelecer objetivos educacionais, o PNE é de suma importância. Tanto que alguns especialistas preferem que sua aprovação final na Câmara seja adiada para melhorar o texto. “Esperamos conseguir debater com os deputados para retomar os pontos que consideramos importantes”, diz a diretora-executiva do movimento Todos pela Educação, Priscila Cruz, referindo-se ao compromisso de gestão eficaz, a um maior comprometimento financeiro da União e ao ensino integral. “Depois de tanta luta, não podemos jogar a toalha”, resume Priscila. 

O desafio da paz


Acordo entre Estados Unidos e Irã pode ser um primeiro passo 

para o fim de conflitos históricos no Oriente Médio

Mariana Queiroz Barboza
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Depois de 34 anos sem relações diplomáticas, Estados Unidos e Irã assinaram, em novembro passado, um pacto histórico. Mais do que o comprometimento do Irã em não enriquecer urânio para a construção da bomba atômica, o acordo renovou as esperanças de paz numa das regiões mais conflagradas do planeta. Resta saber agora se o compromisso provisório, com duração de seis meses, vai resultar num acordo nuclear global definitivo. “Os iranianos estão felizes com o acordo porque esperam que esse seja o início do fim do isolamento ao qual foram confinados nos últimos anos”, disse à ISTOÉ Jan Oberg, diretor da Transnational Foundation for Peace and Future Research, um centro de pesquisas independente de Lund, Suécia. Segundo ele, as sanções econômicas impostas pelo Ocidente foram muito prejudiciais à população. As restrições de ONU, União Europeia e Estados Unidos começaram em 2006, suspendendo vistos, congelando bens e proibindo a venda de armas ao país. As sanções da Casa Branca foram particularmente pesadas ao congelar ativos iranianos em bancos americanos, o que desvalorizou a moeda local (rial) e afetou o abastecimento de gasolina e o fornecimento de bens e serviços à indústria automotiva do país. Os efeitos colaterais foram sentidos na alta da inflação e do desemprego. “É importante lembrar que o Irã não invadiu nenhum país nem expandiu sua força militar”, afirmou Jan Oberg. “Não há, portanto, nenhuma razão internacional para que 75 milhões de pessoas sejam punidas dessa forma.” O alívio temporário deve render US$ 7 bilhões ao país. É pouco se considerados os US$ 80 bilhões que o Irã deixou de ganhar com a venda de petróleo desde 2012.

ACORDO TEMPORÁRIO
Mulher passa por usina nuclear em Bushehr, no Irã. O país se comprometeu
com cinco potências ocidentais a não enriquecer urânio para a construção de bombas
Outro acordo colocado como prioridade pela política internacional do governo Obama, o fim das hostilidades históricas entre Israel e Palestina, tem data marcada para ser assinado – é essa, pelo menos, a expectativa dos americanos. Mergulhado desde setembro de 2013 na tarefa de fazer os dois lados dialogarem, o secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, anunciou que um novo pacto pela paz será oficializado em abril. As conversas, contudo, estagnaram em novembro, quando Israel anunciou a construção de novos assentamentos na Cisjordânia e delegados palestinos renunciaram às negociações por as considerarem improdutivas. Nesse contexto, a União Europeia ameaçou cortar recursos para a Autoridade Palestina. Entre os objetivos do acordo estão a definição de fronteiras de um Estado palestino, a solução para o drama dos refugiados e o fim da violência entre os povos.  Detalhe importante: os antecessores de Obama, Bill Clinton e George W. Bush, falharam nessa missão.
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DISPUTA DE PODER
O general Abdel al-Sisi, chefe das Forças Armadas
do Egito (à frente), ajudou a tirar Mursi da Presidência
Além do aparente esforço das autoridades pela construção da paz, especialistas acreditam que, no Oriente Médio, o poder de solucionar muitos dos conflitos está nas mãos de seus cidadãos. “Uma das expectativas para 2014 é a crescente capacidade de as pessoas agirem coletivamente e de maneira eficaz para exigir mudanças”, disse à ISTOÉ Andrea Strimling Yodsampa, cofundadora da associação Alliance for Peacebuilding, de Washington. “O poder militar pode ser usado para impor estabilidade a uma sociedade, mas isso é temporário, como vimos na Primavera Árabe.” No Egito, onde o movimento pela democracia desencadeou violentos protestos nos últimos três anos, a eleição do primeiro presidente pelo voto direto não significou um período de equilíbrio nas forças políticas. Representante da Irmandade Muçulmana, Mohammed Mursi foi acusado de autoritarismo depois de assinar um decreto concedendo a si amplos poderes e impondo uma agenda islâmica. Acabou deposto por um golpe militar em julho passado. Em janeiro, Mursi deve enfrentar um julgamento pela morte de ao menos dez pessoas que protestavam na frente do palácio presidencial, em dezembro de 2012.
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NEGOCIAÇÃO
Benjamin Netanyahu, premiê israelense (à frente), em
encontro com John Kerry, secretário de Estado americano
 
Janeiro também pode ser uma data decisiva para a guerra civil da Síria. No dia 22, a Conferência de Genebra, na Suíça, deve mediar as conversas entre o governo de Bashar al-Assad e a oposição. Cada vez mais poderoso e com o firme apoio da Rússia, o presidente Assad evitou uma intervenção militar americana em seu território quando navios de guerra já se dirigiam à Síria e se comprometeu a abrir mão de seu programa de armas químicas. A oposição, em contrapartida, está cada vez mais fragmentada e sofre influência de jihadistas ligados à rede terrorista Al-Qaeda. Com mais de 120 mil mortos, muitos deles vítimas de ataques químicos, e 2,3 milhões de refugiados, a guerra síria expõe a urgência dos acordos pela paz. Em 2014, o desafio será ampliá-los – e fazê-los resistir por muito tempo.
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Para explodir na rede


Ter um canal no YouTube e lançar mão de aplicativos e redes 

sociais tornou-se imprescindível na carreira de artistas. O uso 

dessas ferramentas criou uma guerrilha midiática

Ivan Claudio e Ana Weiss
Segunda-feira é um drama para qualquer pessoa. Menos para a trupe de humor Porta dos Fundos. É nesse dia que o grupo carioca “sobe” um novo vídeo tirando sarro de assuntos do momento e, em menos de 24 horas, comemora um milhão de acessos. Com esquetes que já atingiram a marca de 13 milhões de cliques, Antonio Pedro Tabet, Ian SBF, Gregório Duvivier, Fábio Porchat e João Vicente de Castro emplacaram o seu canal no YouTube como o mais popular do Brasil e o sexto mais visitado do mundo. Acumulam até agora cerca de 640 milhões de visitas dos apreciadores da piada criativa. Como eles, outros artistas estão aprendendo a usar a seu favor a maior plataforma de vídeos do mundo. Impulsionada pelo videoclipe mais visto do ano, “O Show das Poderosas” (80 milhões de acessos), a cantora Anitta viu seu cachê atingir R$ 120 mil e sua agenda de shows congestionar: só em dezembro foram 14 apresentações de norte a sul do País. O recado é óbvio: hoje a visibilidade de um artista começa pelos meios digitais. Mas não basta abrir um canal e sair postando coisas feito louco, como fazem os usuários do Facebook. Também aqui, é preciso “target”. “O Porta dos Fundos e a Anitta conseguiram acertar o alvo, cercam o usuário postando seus trabalhos no Twitter, no Instagram, em blogs, de maneira que são inevitavelmente direcionados para o canal deles. Como o conteúdo é monetizado, vira negócio”, afirma Federico Goldenberg, gerente de parcerias estratégicas do YouTube.
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No embalo dos cliques, Fábio Porchat (acima) e o Porta dos Fundos
vão lançar mais um canal e uma série. Anitta (abaixo) vai usar todas
as plataformas digitais para bombar seu primeiro DVD
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No novo ambiente de canais, aplicativos e redes sociais, valem as mesmas regras que regem a publicidade em outras mídias – mas com possibilidades ainda difíceis de mensurar. Em razão de seu alcance internacional, o YouTube abre para o artista um público potencial de 1 bilhão de usuários, em comunicação direta. E é nessa forma de lidar com o fã que reside a novidade da produção cultural no meio imersivo e interativo da internet. Anitta, por exemplo, está trabalhando a gravação de seu primeiro DVD, marcado para o dia 15 de fevereiro no HSBC Arena, no Rio de Janeiro, fazendo uso de todos os suportes disponíveis. Sua produção criou um hotsite e vai marcar todas as peças de divulgação do show, que incluem flyer, bolacha de chopp e até saquinho de lixo de praia, com o hashtag #dvdanitta, unindo a comunicação online e offline. A estratégia é certeira: em cinco dias de exibição no YouTube, o teaser do espetáculo, com 15 segundos, atingiu 31 mil views. Responsável pelo que chama de “arquitetura de imagem” da cantora, a assessora Patricia Casé acredita que essa diversidade de alvos é imprescindível hoje. Mas o artista tem de saber usá-los sob o risco de provocar o efeito contrário. “É preciso evitar o que a gente apelidou de ‘beijo nervoso’, a mania de se postar coisas sem ter noção do que está dizendo. Nosso trabalho é fazer o cantor ou ator ter consciência de que tudo isso é mídia. Esse é o dever de casa de todo dia.”
A força dessas novas ferramentas é evidente e está passando a ser coordenada por uma “curadoria” de conteúdo digital, voltada para sites, páginas de Facebook, Twitter e Instagram. Sócia-diretora de conteúdo da agência Espalhe MSL, a jornalista Patrícia Albuquerque define essa realidade midiática como “guerrilha digital”. “Hoje 50% dos acessos à internet se relacionam com o vídeo.
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Novos formatos como o programa "Sofá da Vevo", cujo piloto vai reunir Rogério Flausino,
do Jota Quest, e Tulipa Ruiz, prometem invadir a rede
O segredo é combinar as plataformas. A comunicação que interessa não é mais aquela unidirecional, mas a que permite mão dupla, em que o público ajuda a construir e alimentar.” Seria uma ingenuidade, contudo, imaginar que essa relação acontece de forma espontânea, por pura interatividade. Mesmo o YouTube, que não costuma interferir no conteúdo dos vídeos, acompanha o que se passa com os mais “bombados”. O Porta dos Fundos, por exemplo, foi aconselhado pela empresa a pensar mais no potencial internacional – existe o desejo de se fazer, inclusive, uma parceria no Exterior.
O que é certo, contudo, é que a trupe incorreta vai lançar um novo canal (atualmente possuem quatro) e uma série. “Ainda está cheio de bola quicando na frente do gol sem ninguém chutar”, diz Antonio Tabet. “Imagina o sucesso de um canal de documentários ou uma telenovela feita diretamente para a internet?” De olho nessas possibilidades, a Vevo, que reúne artistas das gravadoras Universal Music, Sony e EMI, está apostando em projetos como os espetáculos relâmpagos “Go Show” e o programa “Sofá da Vevo”, que vai unir dois artistas de linhas diferentes num papo sobre preferências comuns (o programa-piloto vai reunir Tulipa Ruiz e Rogério Flausino, de Jota Quest). “O lançamento de um videoclipe hoje na Vevo tem um impacto muito maior do que na tevê aberta”, diz Bruno Telloli, diretor de conteúdo da empresa, que veicula o material oficial dos grandes artistas. “É um evento mundial.”
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Fotos: Montagem sobre foto de Pedro Dias/ Ag. Istoé; Divulgação
  

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ELAS

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