“As nossas exportações continuam impactadas pela Argentina, que em setembro voltou a adotar medidas restritivas às importações.” Assim Luiz Moan, presidente da associação dos fabricantes de veículos, a Anfavea explicou o aprofundamento contínuo da queda nas vendas externas de veículos, que com apenas 262 mil unidades embarcadas de janeiro a setembro deste ano acumula retração de 38,5% na comparação com o mesmo período de 2013. Cerca de 80% dos embarques do setor tem como destino o país vizinho e maior sócio do Brasil no Mercosul. Moan lembrou que o governo argentino enfrenta problemas de acesso a divisas para pagar as compras no exterior: “Dos US$ 600 milhões que a Argentina importa por mês, em setembro só foram liberados US$ 100 milhões para pagamento. Com isso os negócios estão parados”, disse.
- Veja aqui os dados divulgados pela Anfavea
Moan também citou a prorrogação do Procreauto na Argentina, que concede incentivos somente para a compra de carros fabricados no país, o que inibe também as compras de produtos importados do Brasil. “Quando renovamos o acordo automotivo com a Argentina, no fim de maio, tínhamos negociado o fim de qualquer restrição ao comércio bilateral de veículos, mas infelizmente não é isso que estamos vendo”, admitiu o dirigente. “Precisamos esperar pelas negociações entre os dois governos para saber o que vai acontecer.”
O mercado argentino já acumula queda nas vendas este ano superior a 30%. Em setembro foram vendidos 58.516 veículos no país. “É basicamente o número mensal que vem se repetindo todos os meses em 2014. Sem as restrições poderíamos vender um pouco mais lá, mesmo no cenário de retração”, avalia Moan.
De agosto para setembro, as exportações de veículos brasileiros caíram 15,6%, para 26,7 mil unidades embarcadas. Na comparação com setembro de 2013 a queda foi de 41,2%. Em valores o tombo é menor. Considerando produtos acabados e peças, as vendas externas nos primeiros nove meses do ano somaram US$ 8,9 bilhões, valor 28,2% menor do que o apurado no mesmo intervalo do ano passado.
CAIXEIRO VIAJANTE
O objetivo agora, segundo o presidente da Anfavea, é encontrar novos mercados para os veículos brasileiros. “Vou virar um caixeiro viajante nesta segunda metade da minha gestão”, diz Moan, que quando assumiu a presidência da Anfavea, em abril de 2013, colocou como uma das principais metas do setor alcançar exportações de 1 milhão de unidades por ano, até o fim de seu mandato na associação, em 2016. “Eu diria que está mais difícil alcançar o número”, admitiu.
Moan revelou que esteve recentemente na Colômbia e negociou com a associação empresarial do país, a Andi, a formalização de um acordo de integração produtiva e comercial de veículos, incluindo a eliminação de tarifas de importação entre os dois mercados. “Vamos ter uma nova conversa em breve para concluir uma proposta, que será entregue aos governos dos dois países”, disse.
Outro alvo é o Uruguai, país integrante do Mercosul com o qual o Brasil mantém um regime de cotas de 20 mil veículos por ano para cada lado sem cobrança de imposto de importação. “Queremos negociar o aumento dessa cota. Vamos iniciar as conversas ainda este ano”, revela Moan. Alguns fabricantes chineses que mantêm linhas de montagem em solo uruguaio, como Geely, Lifan e Chery, podem se beneficiar de um possível acordo com o aumento potencial de livre comércio de veículos entre os dois países.
“Também buscamos negócios com países africanos. Este mês foi fechada a primeira exportação do Brasil de máquinas agrícolas e de construção para o Zimbábue”, conta o presidente da Anfavea. Segundo ele, no início de 2015 será a vez de colocar o Equador em sua rota de caixeiro viajante.
fonte:http://www.automotivebusiness.com.br/noticia/20656/queda-na-exportacao-se-aprofunda
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