A economia brasileira encolheu 3,8% em 2015 na comparação com 2014, segundo os dados do PIB (Produto Interno Bruto) divulgados nesta quinta-feira (3) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Essa é a maior queda desde que a atual pesquisa do IBGE começou a ser feita, em 1996. Se forem considerados os dados anteriores do PIB, que começam em 1948, é o pior resultado em 25 anos, desde 1990 (-4,3%), quando Fernando Collor de Mello assumiu o governo e decretou o confisco da poupança.
Em 2014, a economia havia apresentado leve alta de 0,1%.
Em valores correntes, o PIB de 2015 ficou em R$ 5,9 trilhões. O PIB per capita ficou em R$ 28.876 em 2015, com queda de 4,6% em relação ao ano anterior.
Recessão segue no 4º trimestre
O resultado do quarto trimestre do ano passado, isolado, mostra que a recessão está se aprofundando. Houve queda de 1,4% do PIB, no quarto trimestre seguido de recuo, considerando a comparação com os trimestres imediatamente anteriores.
Bastam dois trimestres seguidos de recuo para se considerar que um país está em recessão técnica.
Na comparação com o mesmo período do ano anterior, o Brasil registra o sétimo trimestre consecutivo de queda do PIB, com resultado negativo em 5,9%. É a maior sequência de resultados negativos da série histórica.
O que é o PIB?
O PIB é a soma de tudo o que é produzido no país. Os dados consideram a metodologia atualizada do cálculo.
Só a agropecuária cresceu no ano
O desempenho da indústria, que caiu 6,2% no ano, puxou o resultado do PIB para baixo. Todos os tipos de indústria sofreram queda, exceto o de petróleo e gás natural (+4,9%).
O pior recuo foi o da indústria da transformação, que produz bens de consumo (como carros e geladeiras) e fornece máquinas e equipamentos para outras indústrias. O setor, que caiu 9,7% no ano passado, funciona como um termômetro do setor industrial, como um todo.
O comércio também teve recuo importante, de 8,9%, contribuindo para o resultado negativo de 2,7% do setor de serviços.
O único setor que cresceu em 2015 foi a agropecuária (1,8%), reflexo do bom desempenho de cultivos como soja (+11,9%) e milho (+7,3%).
Estimativas para o ano
O FMI (Fundo Monetário Internacional) e economistas consultados pela agência de notícias Reuters previram queda de 3,8% e acertaram em cheio o resultado do PIB.
A previsão do governo era de encolhimento de 3,7%, de acordo com o Ministério do Planejamento. A estimativa do Banco Central era de queda de 3,6%.
Por sua vez, analistas de mercado consultados pelo Banco Central para o boletim Focus esperavam recuo de 3,71%.
(Com agências de notícias)
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