A abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, autorizada na noite de quarta-feira (2) pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), repercutiu nos principais jornais internacionais. O britânico Guardian citou que Dilma inicia uma "luta por sua vida política" depois do primeiro processo de impeachment aberto em mais de 20 anos no país.
O veículo aponta que o país "deslizou profundamente em uma crise” e que a economia sofre sua pior recessão desde a Grande Depressão. O jornal citou o discurso da presidente, que expressou sua indignação diante da decisão de Cunha e afirmou que não há evidências de nenhuma irregularidade cometida por ela. O Guardiantambém lembra que, no início do ano, Cunha afirmou que um impeachment seria um passo para trás na democracia.
O espanhol El País escreveu que Cunha decidiu aceitar uma das 28 petições de impeachment apresentadas este ano contra a presidente, "reelegida em outubro de 2014 e imersa em uma crise política e econômica que assobra seu governo durante todo o ano".
"Muito do discurso meteórico de Dilma Rousseff consistiu em um ataque pessoal a Cunha", informou o El País, acrescentando que, de fato, em um momento ele disse que não tinha contas no exterior – o momento foi a CPI da Petrobras, no íncio do ano.
O Financial Times, em matéria publicada nesta quinta-feira (3), destacou que a abertura de impeachment é baseada em "crimes de responsabilidade" (as chamadas pedaladas fiscais). O jornal destaca que Cunha "atendeu ao chamado das ruas", como escreveu o deputado em sua conta no Twitter.
O norte-americano New York Times salientou que o processo aumenta a pressão sobre a líder "sitiada" em um momento em que Dilma está "abraçada" a uma grave crise econômica e a um escândalo "colossal" de corrupção, se referindo aos desdobramentos da Operação Lava Jato. "O impasse reflete um nível de lutas políticas no Brasil que tornam cada vez mais difícil para Dilma Rousseff governar o país efetivamente", comparando o momento ao tumulto político gerado como impeachment de Collor em 1992.
Já o francês Le Monde cita que a abertura do processo é um ato de "vingança pessoal" de Eduardo Cunha, completando que o presidente da Câmara está envolvido no escândalo de corrupção da Petrobras. O veículo ainda reforça que a Justiça encontrou várias "contas bancárias na Suíça com milhões de dólares" em que ele e sua família são beneficiários. O Le Monde ainda citou a posição que o PT tomaria no Conselho de Ética ontem (2) (votando contra Eduardo Cunha) e chamou o presidente da Casa de "inimigo jurado" e ex-aliado da presidente.
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