A inauguração da fábrica própria de motos em Manaus (veja aqui) conferiu mais flexibilidade à BMW. A capacidade instalada começa em 10 mil unidades por ano, mas pode ser facilmente ampliada com a adoção de um segundo turno se for preciso. Essa flexibilidade vem também do método utilizado na montagem. As motos são movimentadas manualmente dentro das linhas e basta trocar as peças dos carrinhos que abastecem essas linhas para mudar a motocicleta a ser fabricada. Atualmente, nove modelos diferentes são montados em Manaus.
A nova F 700 GS foi utilizada como símbolo da inauguração por se tratar de um novo modelo, mas cerca de 200 unidades diferentes já haviam sido produzidas ali nas últimas semanas desde que a BMW terminou sua parceria com a Dafra.
Na nova fábrica, um armazém recebe os kits CKD vindos de Wackersdorf, na Alemanha, e também componentes nacionais como pneus, lâmpadas, baterias e peças plásticas e metálicas pintadas na Zona Franca de Manaus.
O total de fornecedores locais passa de 45. Os itens nacionais ajudam a BMW a cumprir o Processo Produtivo Básico (PPB), um conjunto de regras complexo que os fabricantes precisam atender quando atuam em Manaus. Quanto maior o volume produzido, maior é a exigência de conteúdo e operações locais de produção.
“Se o mercado melhorar, certamente vamos aumentar a nacionalização”, afirma o diretor da fábrica da BMW em Manaus, Peter Vogel. Neste momento, porém, ele descarta a vinda de fornecedores alemães para Manaus: “Se houver necessidade, vamos procurar primeiro as empresas já instaladas aqui”, garante Vogel. A nacionalização de itens como os freios ABS também parece distante para Vogel.
Em sentido horário, a partir do alto: linha de produção das motos, sala climatizada para montagem de motores e fachada da nova fábrica, com 10 mil metros quadrados de área construída. Na cerimônia de inauguração, Rebecca Garcia (superintendente da Suframa), Stephan Schaller (presidente mundial da BMW Motorrad), Thomaz Nogueira (secretário de planejamento do Amazonas) e Peter Vogel (diretor da nova fábrica). (Fotos: Mário Curcio e divulgação)
Na fábrica, a aparente simplicidade da linha de montagem esconde alguns itens importantes: “Embora as motos não se movimentem pela linha, a BMW investiu bastante nos equipamentos de montagem, como para os motores”, afirma o gerente de pós-venda Marco Truzzi. Os propulsores são totalmente montados em Manaus em uma sala climatizada. “Um dos motivos é evitar o contato do suor com peças metálicas”, diz José Neto, responsável pela qualidade. A sala tem seis células para montagem de motores de dois e quatro cilindros e entre 800 e 1.200 centímetros cúbicos.
Todos são testados durante cerca de dois minutos em um dinamômetro para assegurar a mesma qualidade daqueles que saem prontos da Alemanha. “Essa qualidade exige a presença constante de dez engenheiros na fábrica. E outros 15 estão em Berlim apoiando a fábrica de Manaus no desenvolvimento de produtos”, afirma Vogel.
Entre o fim deste ano e o início de 2017 a fábrica passará a produzir a G 310 R, moto de média cilindrada com componentes vindos da Índia, onde a BMW atua em parceria com a empresa TVS. Por causa do porte menor, o modelo deve chegar com preço próximo dos R$ 20 mil. Se suas vendas decolarem, a BMW estará preparada para aumentar o conteúdo local.
A fabricante admite a possibilidade de criar um setor de pintura na fábrica, o que deve ocorrer de 2018 em diante. A partir desse motor de 310 cc a BMW já desenvolve uma nova moto com vocação fora de estrada como a maioria das motos que vende no Brasil.
COM A DAFRA POR SETE ANOS
Se alguém perguntasse 20 anos atrás a um executivo da BMW sobre a possibilidade de erguer aqui uma fábrica de motos, a resposta mais provável seria um sorriso irônico. Contudo, se essa mesma pergunta fosse feita há dez anos, uma resposta pronta do tipo “A BMW não comenta planos futuros” serviria para disfarçar a intenção real da empresa, que naquele período já vinha matutando como poderia aumentar sua participação num país com um clima tão apropriado às motos.
E foi em 2009, em parceria com a brasileira Dafra, que a BMW nacionalizou sua primeira motocicleta no Brasil, a G 650 GS. Outros modelos BMW passaram a ser montados na empresa nacional e o entendimento entre ambas durou até algumas semanas, quando a alemã se mudou para o novo galpão. Os metalúrgicos que montavam as motos BMW eram funcionários da Dafra. Foram desligados da empresa anterior e recontratados pela atual.
fonte:http://www.automotivebusiness.com.br/noticia/24826/bmw-fica-mais-flexivel-com-nova-fabrica
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