Você já viu aqui na Car and Driver tudo sobre o inédito Fiat Argo HGT 1.8. Só que a vida fácil do lançamento mais importante dos últimos anos da Fiat no Brasil acaba agora. Colocamos o hatch frente a frente com as referências do segmento. O Hyundai HB20 sempre foi unanimidade nos comparativos da C/D. Já o Chevrolet Onix ostenta, por dois anos seguidos, o título de carro mais vendido do País. Será que este calouro sabe enterrar? Descubra a seguir.
3º - Chevrolet Onix LT 1.4
Putz! Os caras da C/D escrevem Chevrolet Onix LT aqui em cima, mas as fotos são da versão LTZ. Calma. Ainda não ficamos loucos. Como se trata da recente linha 2018 do Onix, a configuração LT não estava disponível para este comparativo. Com o preço de R$ 51.050, ela é a que encara o inédito Fiat Argo Drive 1.3 e o Hyundai HB20 Comfort Plus 1.6, todos com câmbio manual. Descarte as rodas de liga leve de 15", os bancos parcialmente de couro e os faróis neblina, e vamos lá!
DENNIS RODMAN
A ameaça do estreante Argo é tanta que a Chevrolet rapidamente reduziu os preços do carro mais vendido do País em até R$ 1.780. A LT, no caso, ficou R$ 600 mais em conta, o que deixa o novo hatch da Fiat na configuração Drive 1.3 (R$ 53.900) no meio termo entre o Onix LT e LTZ (R$ 56.650). Optamos pela LT devido aos itens de série, que são bem semelhantes entre os competidores.
No quesito equipamentos o Onix se iguala traz bancos de tecido e com regulagem de altura para o motorista, volante multifuncional, sensor de estacionamento traseiro, ar-condicionado, chave canivete, rodas de aço e coluna de direção com regulagem em altura.
Só que o hatch, assim como um Dennis Rodman, comete faltas graves. Mesmo com a etiqueta em mais de R$ 50 mil, o modelo não oferece computador de bordo – só disponível a partir da configuração LTZ. E assim como o Fiat Argo Drive 1.3, o Onix ainda faz você exercitar seus músculos para abrir os vidros traseiros. Força na manivela!
Se por um lado o hatch não traz a comodidade dos vidros elétricos traseiros, por outro a versão LT é equipada com a segunda geração do My Link. Essa tecnologia, inclusive, é uma das razões que tornaram o Onix um hit de sucesso. Agora ela espelha smartphones por meio do Android Auto e Apple Car Play, onde é possível acessar aplicativos populares de streaming de músicas, como Deezer e o Spotify. Ausências sentidas são a câmera de ré e o GPS. Este último ainda dá para resolver espelhando o Google Maps pela entrada USB no Android.
SEIS
Outro bom argumento aparece quando você gira a chave na ignição. O Onix é um carro agradável de dirigir na cidade. A troca da direção hidráulica pela elétrica exige menos movimentos do volante. Ano passado a Chevrolet também executou melhorias no motor 1.4 SPE/4, deixando o funcionamento menos áspero e o carro mais econômico. Deu certo. O modelo registra 11,9 km/l no ciclo combinado – o melhor dos três – e trabalha com extrema suavidade no dia a dia. Ponto positivo ainda para transmissão manual. Além de contribuir no consumo, os engates são comparáveis à caixa MQ200 da Volkswagen, com trocas macias e certeiras. A sexta marcha ainda ajuda a manter baixas as rotações em altas velocidades e, aliada ao isolamento acústico, dá ao Onix o menor nível de ruído.
Em termos de desempenho o Onix (106 cv) superou o Argo 1.3 (109 cv) por 0,5 s – 10,7 s contra 11,3 s – em nossa pista de testes. E, como era de se esperar, perde para o HB20 e 1.6 de 128 cv. Mas a última colocação entre os três se deve ao fato de o Fiat melhorar quase tudo o que o Onix manteve, ou ignorou, desde o lançamento, como você verá a seguir.
2º - Fiat Argo Drive 1.3
Após os 82 jogos da temporada regular e mais os 16 das finais, a NBA, liga profisional do basquete americano, premia os melhores jogadores da temporada. Fazendo uma analogia com este comparativo, Fiat não seria o atleta mais valioso deste comparativo, o chamado Most Valuable Player (MVP). Mas certamente estaria ne disputa pelo prêmio de Novato do Ano.
O Argo Drive 1.3 não tem o melhor desempenho, nem retomadas, nem freia mais que os concorrentes, e muito menos é o mais eficiente. Contudo, por ser um projeto mais recente, tem algumas qualidades superiores aos adversários, como a construção, por exemplo. A Fiat diz que 80% da plataforma é nova e tem apenas 20% de herança do finado Punto. Somado a isso está o uso de 10% de aços de ultra-alta resistência nas colunas B e parte inferior da coluna A, além de mais 10% de ultra-resistência no assoalho e emendas das colunas A e B. Na prática isso potencializa sua capacidade dinâmica. Como diz o jargão, o Argo é bom de chão. A suspensão está no limiar entre filtrar a buraqueira e manter o equilíbrio nas curvas – mesmo sem controle de estabilidade.
A Fiat também foi feliz na escolha dos materiais e na finalização do Argo. Não há folgas, os encaixes são esmerados e os plásticos tem até textura. A maior distância entre-eixos (2,52 m) garante mais conforto para quem viaja atrás, mesmo se comparado ao Onix, que nunca foi um exemplo que pudéssemos reclamar. O porta-malas tem a mesma capacidade do HB20, 300 l, 20 litros a mais que o Chevrolet.
MOLENGA
Depois do Mobi, confesso que estava ansioso para dirigir o Argo e tirar essa má impressão que a Fiat havia deixado. E posso dizer com segurança: o hatch é melhor carro da Fiat – só perde para picape Toro, que não é um carro, certo? A direção elétrica tem peso correto e o quatro cilindros 1.3 flex, de funcionamento áspero, é mais que suficiente para mover o Argo na cidade, mesmo em aclives. Isso é fruto de primeira e segunda marchas bem curtas, de olho no cliente que usa o carro na cidade.
Em trecho de rodovia, o motor parece estrangulado. A 120 km/h o conta-giros marca 3.500 rpm. O barulho toma conta e você deseja que o hatch tivesse mais uma marcha. Em relação ao câmbio, a Fiat peca (mais uma vez) no curso da alavanca. Apesar dos engates macios, a peça tem folgas e curso longo. Falta um ajuste fino.
O Argo Drive 1.3 é o mais caro (R$ 53.900), mas é o que mais oferece equipamentos. Não que isso se traduza em fartura. Mas o modelo é o único com sistema start/stop e de monitoramento da pressão de pneus. Traz ainda volante com regulagem de altura e comandos do rádio e telefone, computador de bordo, direção elétrica, quadro de instrumentos com tela de 3,5". Fornecida pelo Continental, a central multimídia é intuitiva e a tela flutuante é um gracejo! Se adapata ao Apple Car Play e Android Auto, mas não integra um GPS.
Se você quiser retrovisores externos elétricos e vidros elétricos traseiros, prepare o bolso: são R$ 1.200. Pelas rodas de liga leve de 15" e faróis de neblina a Fiat cobra R$ 1.900. Câmera de ré e sensor de estacionamento? Separe mais R$ 1.200. Com todos os opcionais a conta do Argo Drive 1.3 sobe para R$ 58.200. Caro demais frente à concorrência. Vá de basicão.
1º - HYUNDAI HB20 C. PLUS 1.6
Não tem jeito. O carro coreano continua a arrebatar o primeiro lugar nos comparativos da C/D. A folga, no entanto, é cada vez menor. Apenas cinco pontinhos (em 460 possíveis) separaram o HB20 do vice-campeão, o estreante Fiat Argo.
A Hyundai cobra R$ 52.380 pelo HB20 Comfort Plus 1.6, única versão que alia o motor 1.6 flex e a transmissão manual de seis marchas. E aqui vai um aviso: as fotos deste HB20 são meramente ilustrativas. A marca não tinha a Comfort Plus 1.6 para nos ceder.
Assim como a LT e a Drive, essa configuração não oferece rodas de liga leve nem faróis de neblina. Porém, os vidros traseiros e retrovisores com comandos elétricos são de série. O que não dá para entender na Hyundai é o lapso de não oferecer a central blueMediaNav – nem como opcional. O fato curioso é que a mesma versão dotada do tricilíndrico 1.0 flex dispõe dessa alternativa por R$ 48.530. Telinha interativa ou mais potência? A escolha é sua. O painel de instrumentos ainda tem um design atraente e o computador de bordo com tela central é bem completo. Falta apenas um velocímetro digital, que só deve aparecer na próxima geração, programada para 2019/2020. O HB20 Comfort Plus 1.6 tem na sua lista o rádio integrado ao painel com conexão Bluetooth, streaming de áudio, MP3, conexões USB e auxiliar e comandos de áudio e telefonia no volante.
Essa versão também não foi condecorada com parte do facelift que hatch recebeu ano passado. De novidade só a grade hexagonal com borda cromada e as rodas com calotas, que passaram de 14" para 15". Os faróis remodelados com projetor e as lanternas que parecem feitas com LEDs são vistos apenas nas configurações mais caras. Em vez da direção elétrica dos adversários, o modelo usa hidráulica, mas nem por isso ela deixa de dar um bom feedback do que se passa nas rodas dianteiras. Em altas velocidades ela fica mais leve do que deveria e em manobras ela só poderia ser um pouquinho mais leve. A opção de sensores de estacionamento traseiro também seria bem-vinda.
A suspensão permanece igual com boa calibração e muita disposição para encarar uma atitude, digamos, mais esportiva. Ele não atinge o nível de conforto com dinâmica do novo Fiat, mas é o que mais se aproxima da novidade.
CONJUNTO
O câmbio manual de seis marchas tem pequena diferença em relação ao anterior, de cinco. A segunda marcha é mais curta para dar (mais) agilidade ao motor 1.6 flex, de 128 cv e 16,5 mkgf de torque. A quinta marcha não sofreu alteração e a velocidade máxima de 189 km/h (dado de fábrica) é alcançada nela. A sexta funciona com overdrive.
O hatch compacto da Hyundai, além de ser o mais potente e, portanto, ter melhores números de aceleração, desempenho e retomadas, tem suas virtudes bem distribuídas. É bom de dirigir, a posição de condução não é tão elevada quanto dos rivais. Ergonomia e acabamento também são predicados de sua decência. A manutenção mais em conta e a garantia de 5 anos são outros diferenciais marcantes desde o seu nascimento. A lista de equipamentos não surpreende e está na média com os concorrentes. Alie isso ao preço competitivo e pronto. Aqui está o melhor e mais equilibrado conjunto entre os hatches.
fonte: http://caranddriverbrasil.uol.com.br/comparativos/sem-categoria/fiat-argo-13-encara-onix-14-e-hb20-16-quem-vence
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