Pular para o conteúdo principal

Café de grife na Amazônia

Crédito: Renata Silva
Na aldeia O casal de índios Valdir e Maria Aruá. “Hoje, produzimos um café melhor e sem agrotóxicos”, afirma Valdir (Crédito: Renata Silva)


Produzindo quase 2 milhões de sacas por ano, Rondônia se prepara para um feito inédito: ter a primeira Indicação Geográfica de café da região amazônica

Encravado no oeste da Amazônia, na fronteira do Brasil com a Bolívia, Rondônia tem sua força econômica concentrada na agricultura, na pecuária e no extrativismo de madeira, borracha e minérios. Ocupando uma área de 240 mil quilômetros quadrados – quase 6 vezes o estado do Rio de Janeiro –, tem como um dos destaques o café, cultura da qual é o maior produtor da região Norte e quarto maior do Brasil. É justamente esse grão que está prestes a dar um importante reconhecimento ao estado. É que o café produzido em Rondônia deve receber a primeira Indicação Geográfica (IG) de café sustentável no mundo. Não é pouca coisa. A IG é um registro concedido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi), como reconhecimento a um produto de qualidade diferenciada em função das suas características e/ou da região em que é produzido.

É uma espécie de selo de qualidade e, no caso do café rondoniense, de sustentabilidade. No Brasil, 58 produtos já têm IG, como o mel do Pantanal (MS e MT), os vinhos de Farroupilha (RS) e os camarões de Costa Negra (CE). Agora, é a vez do café de Rondônia entrar nessa seleta lista – o requerimento será protocolado em outubro.


Esse projeto começou há cerca de dois anos, quando a Rede Nacional de Produtividade e Inovação (Renapi), ligada ao Ministério da Economia, buscava soluções que pudessem conectar produtos agrícolas à indústria. Foi assim que entrou no radar o trabalho da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Emater-RO e do governo do estado em promover o café robusta local e propagar o conceito de sustentabilidade. Três oportunidades foram encontradas, entre elas o desenvolvimento de uma Indicação Geográfica (IG) para o café da região. A área desenhada para a IG abrange 15 mil produtores rondonienses, em 15 municípios, e mais de 80% dos quase 2 milhões de sacas produzidas no estado por ano.
Para a elaboração da IG, no entanto, seria necessário não só alterar o sistema de produção, mas também padronizá-lo. Entre as principais mudanças para elevar o patamar nas lavouras, estão a criação de regras para o manejo – como a utilização de sistemas de secagem, estufas, terreiros de concreto e também secadores de fogo indireto –, a retirada do grão num estágio mais maduro, acompanhamento do controle de custos de produção, maior atenção da cobertura do solo e a garantia de depósitos para a armazenagem de agroquímicos. “Numa região com tantas peculiaridades, a produção de café deve seguir um padrão rígido”, afirma Antônio Carlos Tafuri, analista de Produtividade e Inovação da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), órgão do qual a Renapi faz parte.
A Plataforma Global do Café (GCP, na sigla em inglês), organização com 200 membros e presente em nove grandes países produtores – como Brasil, Colômbia e Vietnã –, é a encarregada pela parte de sustentabilidade do processo. Nessa etapa, o Currículo de Sustentabilidade do Café (CSC), criado pela própria GCP, foi apresentado aos produtores locais. São dezoito itens fundamentais para quem quer receber o selo, entre eles, gestão ambiental, manejo e a fertilidade do solo, uso correto da água, colheita e pós-colheita. “Como fatores a favor, há a questão da sustentabilidade na região da Amazônia e a produção do café por povos indígenas”, afirma o consultor da GCP, Eduardo Matavelli. Sim. Tribos de Rondônia estão suando nos rincões da Amazônia para produzir café de qualidade.
CAFÉ NA ALDEIA Um dos articuladores para a participação das aldeias no projeto é o líder indígena Dalton Tupari. Ele afirma que 35 famílias estão produzindo café na Reserva Indígena Rio Branco, no sul de Rondônia, a cerca de 600 quilômetros da capital, Porto Velho. Entre as etnias envolvidas na cafeicultura, além dos próprios tupari, estão os povos aruá, aricapu e jabuti. “Nosso maior desafio é a questão da tecnologia, para que a gente possa ter um acompanhamento e facilitar a produção”, afirma Dalton. Outro produtor indígena cujas terras ficam na área selecionada para receber o selo de IG é Valdir Aruá, que produz cerca de 40 sacas de café ao ano, em 1 hectare (pouco maior do que um campo de futebol).
Ele conta que já produz o grão há mais de 15 anos, mas sem qualquer padrão. “Hoje, temos muito mais cuidado com a limpeza e não utilizamos agrotóxicos”, diz. Pelo trabalho, Valdir recebeu, no ano passado, o prêmio de segundo melhor café de Rondônia. Agora, ele quer produzir mais e comercializar para o exterior. “A gente espera ter um café cada vez melhor, aumentar a produção e vender por um preço mais alto”. E a produção indígena já despertou o interesse de um gigante do mercado. No ano passado, as tribos receberam 30 mil mudas doadas pela Café Três Corações, líder nacional no segmento de café torrado e moído, com faturamento superior a R$ 3,5 bilhões por ano. Em contrapartida, todo o café produzido nas aldeias será vendido à companhia.

Selo verde Mendes (de camisa vermelha) é um dos produtores que trabalham para ganhar o selo de Café Sustentável (Crédito:Wesley Gama)

Mas só a melhora nos processos de produção não seria suficiente para impulsionar todo esse movimento. Para engajar produtores, dar um selo exclusivo ao café regional e agregar ainda mais valor ao produto, os envolvidos no processo deram um passo mais audacioso: elaboraram uma Indicação Geográfica de Café Sustentável, a primeira do mundo. Para isso, os interessados devem assinar um termo de adesão, no qual se comprometem a seguir as regras de boas práticas agrícolas. Até agora, cerca de 400 produtores de Rondônia já assinaram o termo. Um dos fazendeiros que participam da IG de Café Sustentável é Dione Mendes, dono de 9 hectares no município de Cacoal, a 2 mil quilômetros de Porto Velho. Ele planta café há 10 anos e diz que houve muitas mudanças na sua lavoura para a adequação ao projeto. “Passamos a separar os grãos de baixa qualidade, temos mais cuidado com o manejo da lavoura, a lavagem do grão e a armazenagem de adubos e defensivos”, explica. No ano passado, ele colheu 280 sacas. Para este ano, a meta é chegar a seiscentas. Hoje, Mendes vende a saca de 60 quilos por R$ 300. Com as mudanças no processo produtivo, esse valor deve ter uma alta de 15%. O selo de IG ainda não chegou, mas os produtores de Rondônia já estão ganhando com o projeto.
Melhorias que geram valor
Diretor de Relações Institucionais da Associação Brasileira da Indústria de Café (ABIC), Aguinaldo José de Lima foi
contratado para elaborar o projeto da Indicação Geográfica (IG) do café de Rondônia. Ele avalia que a produção no estado tem uma boa qualidade, mas o manejo estava longe do ideal. “Com a melhora da qualidade e do volume, é possível agregar muito valor ao produto”, afirma. “A partir do momento em que há melhora de toda a produção, e não de maneira isolada, alguns mercados pagam ágios maiores.”
O projeto de IG Sustentável deve ser protocolado junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) em outubro. Lima calcula que, após análise e aprovação do projeto junto ao órgão, a agregação de valor a esse café diferenciado pode gerar
um ganho adicional de até 20%.

fonte: Dinheiro Rural

Comentários

ᘉOTÍᑕIᗩS ᗰᗩIS ᐯISTᗩS

ELAS

  Swanepoel, sempre ela! A modelo Candice Swanepoel sempre é motivo de post por aqui. Primeiro, porque é uma das mulheres mais lindas do mundo. Depois, porque faz os melhores ensaios da Victoria’s Secret. Depois de agradar a todos no desfile da nova coleção, ela mostrou toda sua perícia fotográfica posando de lingerie e biquíni. Tags:  biquini ,  Candice Swanepoel ,  ensaio sensual ,  lingerie ,  victoria's secret Sem comentários » 29/11/2011   às 20h02   |  gatas Lady Gaga é muito gostosa, sim, senhor. A prova: novas fotos nuas em revista americana A estrela pop Lady Gaga é conhecida pela extravagância na hora de se vestir e pelos incontáveis sucessos nas paradas do mundo todo. Agora, a cantora ítalo-americana também será lembrada por suas curvas. A revista Vanity Fair fez um ensaio para lá de ousado em que Mother Monster (como Gaga é carinhosamente chamada pelos fãs) mostra suas curvas em ângulos privilegiados. A primeira foto é

Agricultura familiar conectada

  #Agrishow2022euaqui - A revolução tecnológica demorou a chegar, mas finalmente começou a transformar a vida do pequeno agricultor familiar brasileiro. Com o surgimento das foodtechs, aliado ao aumento da confiança na compra on-line de alimentos e na maior busca por comidas saudáveis por parte do consumidor, o produtor de frutas, legumes e verduras (FLV) orgânicos começa a operar em um novo modelo de negócio: deixa de depender dos intermediários — do mercadinho do bairro aos hipermercados ­— e passa a se conectar diretamente ao consumidor final via e-commerce. Os benefícios são muitos, entre eles uma remuneração mais justa, fruto do acesso direto a um mercado que, segundo a Associação de Promoção da Produção Orgânica e Sustentável (Organis), movimentou R$ 5,8 bilhões em 2021, 30% a mais do que o ano anterior, e que não para de crescer. DIRETO DA LAVOURA A LivUp é uma das foodtechs que está tornando essa aproximação possível. Fundada em 2016, a startup iniciou a trajetória comercializa

DORIA NÃO MENTE

Confira quais são os principais lançamentos do Salão de Pequim 2024

  Com as montadoras chinesas crescendo fortemente no Brasil e no mundo, a edição 2024 do Salão do Automóvel de Pequim irá apresentar novidades que vão impactar não apenas o mercado chinês, como também revelar modelos que devem ganhar os principais mercados globais nos próximos anos Este ano nós do  Motor1.com Brasil  também está lá, mostrando os principais lançamentos que serão realizados na China. Além de novidades que ainda podem chegar ao Brasil, o que vemos aqui também chegará à Europa em breve. Isso sem contar as novidades da  BYD  para o nosso mercado. Audi Q6 e-tron O novo SUV elétrico da Audi se tornará Q6L e-tron. A variante com distância entre eixos longa do já revelado Q6 e-tron fará sua estreia no Salão do Automóvel de Pequim. O novo modelo, projetado especificamente para o mercado doméstico de acordo com os gostos dos motoristas chineses, será produzido na fábrica da Audi FAW NEV em Changchun, juntamente com o Q6 e-tron e o A6 e-tron. Reestilização do BMW i4 BMW i4 restyli

Rancho D´Ajuda

Feliz Natal! Canadauence.com

O estapafúrdio contrato “ultraconfidencial” entre o Butantan e a Sinovac, que não especifica valor entre as partes

  O contrato que o Instituto Butantan, dirigido por Dimas Tadeu Covas, que diz não ter relação de parentesco com Bruno Covas, prefeito de São Paulo, e o gigante laboratório chinês Sinovac, acreditem, não determina quantidade e valor unitário da vacina. A grosso modo, o contrato beneficia apenas um lado no acordo: o chinês. As cláusulas do contrato, anunciadas, em junho, como “históricas” pelo governador de São Paulo, João Dória, revelam outras prioridades que, obviamente, não tem nada a ver com a saúde da população do Brasil, como o tucano chegou a afirmar para o presidente Jair Bolsonaro, quando fazia pressão para o chefe do executivo liberar a vacina no país. A descoberta ocorre na semana em que os testes com a vacina foram suspensos devido ao falecimento de uma voluntária, cujo motivo da morte – sequer – foi informado pelo Butantan à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), que é o órgão de proteção à saúde da população por intermédio de controle sanitário da produção e co

Anvisa decreta retirada imediata de marca popular de sal de mercados

  Comunicado da Anvisa: Retirada de Produtos do Mercado A  Anvisa  (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) anunciou a retirada imediata de marca conhecida de  sal  dos supermercados. A ação foi tomada após a detecção de uma  substância perigosa  utilizada durante a fabricação desses produtos. Sal Rosa do Himalaia Iodado Moído da Kinino : A Anvisa emitiu a Resolução-RE Nº 1.427, datada de 12 de abril de 2024, ordenando a suspensão da venda, distribuição e uso do lote 1037 L A6 232, produzido pela H.L. do Brasil Indústria e Comércio de Produtos Alimentícios LTDA. A medida veio após resultados insatisfatórios em testes de iodo, essencial para a prevenção de doenças da tireoide como o bócio. Macarrão da Marca Keishi : Em 2022, a marca Keishi, operada pela BBBR Indústria e Comércio de Macarrão, foi proibida de vender seus produtos devido à contaminação por propilenoglicol misturado com etilenoglicol. A substância tóxica, também encontrada em petiscos para cães que causaram a morte de 40