Fui chamado nos comentários desta coluna de "ingênuo", "babaca", "rei do besteirol", entre outras coisas ainda mais pesadas, por elogiar Xuxa, que revelou ter sido vítima de abuso sexual. Nada passaria, segundo os críticos, de um lance de marketing, simples busca de Ibope --e eu, o "babaca", estaria endossando a jogada. E se realmente fosse apenas isso?
O fato objetivo e mensurável é o seguinte: as linhas diretas de denúncias contra violência a crianças e adolescentes tiveram um recorde de chamada depois do efeito Xuxa. Ou seja, mais gente se dispôs a romper o silêncio. Quem saiu ganhando? A vítima ou o violentado? Foram dezenas de milhares de ligações. Simplesmente um sonho para qualquer pessoa preocupada com o direito das crianças e adolescentes.
No próximo sábado, o tema da violência sexual desfile por várias ruas do mundo, inclusive do Brasil (ver mais detalhes aqui ), na "Marcha das Vadias", o movimento nasceu depois que uma mulher foi criticada por um policial, no Canadá, por se vestir como uma "vadia". O movimento se espalhou pelo mundo, com as mulheres defendendo o jeito de andarem como quiserem e não serem vítimas de violência. Isso é marketing --e bom para todos.
Nem estou aqui dizendo que Xuxa foi movida pela busca rasteira da audiência. Estou dizendo que, seja lá quais foram suas motivações, ela teve um gesto grande que ajudou muita gente.
Insisto na minha crítica a Lula que, até agora, não usou o fato de ser a maior celebridade da política brasileira e um gênio da comunicação para fazer campanha contra o cigarro. Seu câncer teria se transformado em uma lição. Muito mais produtivo do que o marketing de que ele faz de ser "vítima" das elites.
Quanto mais celebridades se dispuserem a entrar em causas sociais, melhor para todos. Se ficarem ainda mais famosos e queridos, ganhando ainda mais dinheiro, ótimo, isso se suas ações ajudarem a sociedade.
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