A questão da liderança é um tema importante porque no mínimo uma pessoa deve ser líder de sua própria vida. E aqui entram os conflitos.
Um líder tem de ter idéias claras, objetivos, autoconfiança, capacidade de se comunicar e se posicionar. Deve saber dizer sim e não em função de valores que nem sempre coincidem com interesses pequenos dele ou de outras pessoas. Portanto, um líder deve saber fazer sacrifícios, sacrificar o que não serve os objetivos em prol do que os promove: atitudes, escolhas, tempo, companhias...
O problema, a nível individual, começa porque em primeiro lugar é difícil encontrar uma pessoa que tenha idéias claras, e idéias que ela aplica e realiza. Uma coisa é pensar
claramente que já é um feito, outra coisa é fazer seguir ao pensamento a ação, possivelmente efetiva e construtiva. Há com frequência resistência interna, conflito de sentimentos ou sociais/familiares e emoções ambivalentes que impedem pôr as mãos na massa e fazer acontecer. Liderança é então primeiramente botar ordem em si próprios para que quando um projeto é refletido e aprovado ele seja também cumprido, o indivíduo inteiro se move estável e concretamente rumo sua realização.
Um bom líder não é um ditador. Ele ouve todas as partes para que o projeto entusiasme a todos e os leve nas asas dos sonhos possíveis. O líder positivo não chantageia nem trapaça, mas acolhe e integra. Quando o todo está harmonizado, há disposição e eneriga em abundância para o trabalho. No plano individual, isso significa que o que você quer tem que estar em sintonia com algo interno e inconsciente, caso contrário ele não vai acontecer e você vai ficar tentando e se desgastando por anos a fio inutilmente. Não adianta impor a si mesmos metas, atitudes, escolhas e etc. que não batem com o sentir interior. Quandos e consegue a ditadura interna, ela é obtida a preços altíssimos, que vão desde um ataque cardíaco ao alcoolismo, desde a alienação das pessoas queridas à infelicidade nua e simples.
Para ser um bom líder é preciso primeiro saber entender-se e integrar as várias partes de si num conjunto de sentido. Há aspectos que podem ser mera, vamos dizer, "manha", outros que parecem isso mas escondem assuntos sérios que precisam ser enfrentados. Para reconhecer a diferença e consequentemente saber agir com responsabilidade é preciso prestar atenção, parar para avaliar e refletir. Assim, por exemplo, a falta de vontade de fazer uma coisa pode ser identificada como indolência, ou como uma resistência interna porque se quer na hora errada, ou se faz da forma errada ou simplesmente não tem nada a ver com a pessoa pelo que é. Nem sempre o ego tem razão.
Uma vez que se aprende a administrar o povoado interior faz-se possível traçar um caminho no mundo que seja positivamente original. Esse aprendizado é importante porque atualmente temos dois grandes grupos (e vários outsiders que porém não vou examinar aqui, mas que salvam a pátria): por um lado, há as pessoas que eu chamaria "esquerdistas", as que têm coração, ética (ou tentam ter), compaixão, boas intenções e até boas idéias, são abertas aos outros, não querem ser egoístas mas democráticas, tolerantes e sinceras. Por outro, há as "direitistas, estas não tem toda essa visão de humanidade não, o umbigo delas fala alto e com umbigo se entende: interesses pessoais, familiares, de grupo. São pessoas menos empáticas, estão menos interessadas no mundo do que nos negócios que podem fechar hoje, manipulam quando necessários e certamente não vão ficar sem alguma coisa para dar aos outros.
Advinhem quem delas assume a liderança? Acertaram, as do umbigo falante. As utópicas do amor universal e da gentileza não ousam dizer "eu quero, eu decido, eu faço". Elas temem ocupar espaço, dizer em voz alta o que querem e definir seu campo sem deixar que outros o invadam. Elas tendem a dar preferência, a deixar passar e acabam assim ajudando seus "inimigos" (reais ou ideológicos) a se empoderarem. [Não a caso, o umbigo é o lugar do terceiro chakra, o chakra do poder pessoal, ou do "ego". É preciso ter um ego para agir.] Ter liderança é avançar e para avançar é preciso de um corpo que abra caminho sem ficar sofrendo por cada formiga esmagada a cada a passo. Por este motivo, é de suprasuma importância que o líder tenha feito uma avaliação interna, uma limpeza e update, tenha honestidade e compromisso ético porque se não seu avançar será é o de um ego faminto clamando grandes ideologias.
Ter liderança é saber discriminar o joio do trigo, sem dó e sem sentimentalismo, porque o líder tem coisas a fazer e não pode sentir dodói por fulano e siclano, não tem tempo, não tem energias para isso, porque muitos desses "males" são formas para freá-los, são a resistência alheia em ação. Um líder também não tem tempo para auto-piedade. Ele avança mesmo com uma flecha fincada da perna. E não pára no bar para encher a cara e esquecer seu dia difícil.
Por outro lado, um líder não é um mártir. Por saber ouvir as vozes internas, ele sabe quando é hora de parar, quando é tempo de brincar, descansar e fazer outras coisas. Ele é responsável, amável quando é hora, duro quando é o momento. Avança quando deve, pára quando precisa. Ele está.... no Tao.
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