Acordo firmado entre o Sindicato dos Metalúrgicos e a GM afasta temporariamente o risco de demissão de 1.840 funcionários considerados excedentes; 940 terão os contratos suspensos até 30 de novembro
Chico PereiraSão José dos Campos
Os funcionários da fábrica da General Motors de São José dos Campos aprovaram ontem o acordo firmado pelo Sindicato dos Metalúrgi-cos com a montadora que evita temporariamente a demissão de 1.840 trabalhadores considerados excedentes pela empresa.
O grupo trabalha na linha de produção MVA, que vai continuar operando até o final de novembro com 900 empregados, quando será totalmente desativada.
O setor produz somente o Classic, com cadência de 20 unidades por hora.
Outros 940 operários da MVA terão os contratos de trabalho suspensos, medida denominada “layoff”, até o dia 30 de novembro, precedidos por 15 dias de licença remunerada a partir de amanhã, conforme prevê a legislação trabalhista.
O grupo vai receber um auxílio de R$ 1.163 mensais do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) e complemento salarial da empresa.
Os metalúrgicos afastados terão que frequentar curso de qualificação.
Pelo acordo, firmado no sábado após nove horas de reunião, também será aberto hoje um PDV (Programa de Demissão Voluntária) em todo o complexo industrial, que emprega 7.540 pessoas.
Assembleia. O acordo foi aprovado em duas assembleias realizadas pelo sindicato na fábrica.
A primeira aconteceu às 5h30 e reuniu cerca de 4.000 metalúrgicos. A segunda ocorreu no período da tarde, com a presença de 2.000 empregados da empresa.
Segundo o secretário geral do sindicato, Luiz Carlos Prates, o Mancha, só dez funcionários votaram contra.
“Esse não é o acordo dos nossos sonhos, mas garante o emprego dos companheiros enquanto negociamos com a empresa a manutenção dos postos de trabalho e novos investimentos para a planta de São José”, disse o dirigente sindical.
Prates afirmou que será uma negociação difícil, mas que o sindicato vai enfrentar com mobilização da classe metalúrgica de São José e de outras localidades, além de pressionar os governos municipal, estadual e federal para a garantia do emprego.
Negociações continuam nos próximos dois meses
São José dos Campos
Negociações continuam nos próximos dois meses
São José dos Campos
Aliviados com o afastamento da possibilidade imediata de demissão em massa na fábrica, funcionários da GM de São José dos Campos esperam agora que o Sindicato dos Metalúrgicos e a montadora cheguem a um acordo que garanta novos investimentos para a unidade industrial.
“Esse acordo foi bom porque abre espaço e dá mais tempo para o sindicato e a GM negociarem um acordo que garanta os empregos”, disse Wesley Henrique Ferreira, 24 anos, que trabalha na empresa há cinco anos.
Na avaliação de Reni Gavioli, 53 anos, funcionário há 13 da GM, o acordo tranquiliza e abre espaço para diálogo entre as duas partes.
“O diálogo é importante, porque sem isso não há como negociar”, declarou.
Funcionário da montadora há 28 anos, Sérgio Caprini, 51 anos, relatou que a expectativa é que a GM e o sindicato continuem o processo de negociação para um acordo maior.
“É preciso que cada lado ceda para chegar a um acordo”, afirmou.
Negociação. A GM e o sindicato deverão negociar nos próximos 60 dias nova postura de relacionamento, exigência da montadora para priorizar novos investimentos na planta de São José dos Campos.
Ainda não foi estabelecido quando começará a nova etapa de negociação.
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