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Em crise, Rio pós-olímpico enfrenta aumento de moradores de rua

Em crise, Rio de Janeiro pós-olímpico enfrenta aumento do número de moradores de rua

O motorista Adilson Quintão Filho, 43, chegou ao Rio em junho para trabalhar. Por 30 dias, dirigiu um ônibus que fazia ponto final na Rocinha, uma das maiores favelas da cidade. No mês passado, perdeu o emprego. Seu patrão alegou corte de despesas por causa da crise.
O mineiro não desistiu do Rio. Pegou os R$ 1.000 da rescisão, reservou um quarto de hotel no centro por 20 dias e ficou procurando emprego. Na segunda (7), o dinheiro acabou. Pai de duas meninas em Vitória (ES), dormiu pela primeira vez na rua.
No dia seguinte, foi até o largo da Carioca, pediu ajuda a funcionários municipais, foi levado para almoçar num centro de acolhimento e cadastrado oficialmente como mais um morador de rua no Rio.
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"Estou sem nada, mas não vou desistir. Espero que os profissionais daqui me coloquem novamente para trabalhar. Não vou voltar para casa de mãos abanando. Quero vencer e trazer minha família pra cá", disse Quintão Filho, que dirigiu caminhão pelo país por mais de uma década.
No último levantamento, a Prefeitura do Rio, sob a gestão Marcelo Crivella (PRB), havia contabilizado 8.529 pessoas em situação de rua nos primeiros quatro meses do ano.
A tendência é de alta: só em janeiro, foram registrados 1.031, 78% mais que os 580 do mesmo período de 2016.
No último balanço anual, de 2016, quando houve Jogos Olímpicos no Rio, foram contabilizados 14.279 –número que deve crescer neste ano, segundo técnicos da Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos.
As crises no Estado, no município e na economia nacional são apontadas como hipóteses de causas do fenômeno –tanto devido a alta do desemprego como à queda de serviços públicos.
Alguns pontos do centro e da zona sul se transformam em dormitórios para dezenas de moradores de rua. Com várias câmeras registrando a movimentação, a calçada em frente ao prédio da Defensoria Pública do Rio abrigou 98 pessoas na noite de terça (8).
"Aqui nos sentimos seguros. A chance de acontecer uma covardia é bem menor. Por isso, tanta gente passa a noite aqui", disse o camelô Fabiano da Silva Alves, 36, que esperava na fila para receber um prato de macarrão doado por um grupo de moradores das redondezas.
Segundo a prefeitura, o centro é a região que mais concentra moradores de rua –um terço dorme por ali.

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BEBÊ NA RUA
O camelô e sua mulher chamavam a atenção na fila da refeição. Ele apresentava a sua filha de apenas 40 dias para as mulheres que faziam as doações. "As drogas me jogaram na rua. Perdi tudo. Essa menina está me ajudando a encontrar o meu caminho. Desde que ela nasceu, estou limpo. Quero ver se arrumamos uma casinha", disse Alves, que ganha cerca de R$ 40 vendendo guarda-chuvas no largo da Carioca.
A mulher dele, que se identificou apenas como "Chinesa", recebe R$ 100 por semana entregando folhetos com anúncios de lojas de "compra e venda de joias" no centro.
O casal conta que passou por vários programas de assistência da prefeitura e do governo federal para moradores em situação de rua, mas não consegue ter disciplina para seguir. Durante a gravidez, Chinesa se recusou a ir para uma casa de acolhida bancada pela prefeitura.
Responsáveis pelos dois grupos de ajuda ouvidos pela Folha afirmam que o número de moradores de rua no Rio cresceu desde o final dos Jogos Olímpicos. Eles creditam o aumento dessa população à crise econômica.
Resultado de imagem para moradores de rua rio de janeiro"Basta dar uma olhada aqui. Nunca vi tanta gente. Há cinco anos, quando começamos, fazíamos 80 pratos. Hoje, deixamos prontas 300 refeições e deve faltar", disse o empresário João Luiz Amâncio, 36, um dos coordenadores do Rio sem Fome, grupo formado por amigos do bairro da Lapa. Além de comida, eles doam roupas no centro uma vez por semana.

TAPUMES E 'CHUVEIRINHOS'
Tapumes em varandas de lojas vazias, marquises demolidas e até chuveirinhos. Essas são algumas das estratégias adotadas por proprietários de estabelecimentos comerciais e administradores de prédios para afastar moradores de rua das calçadas no Rio.
No início do mês, um dos edifícios mais famosos de Copacabana instalou um espécie de chuveirinho na marquise para molhar as pessoas que dormem por ali.
De acordo com funcionários do prédio, o sistema de água foi colocado no local para a irrigação de um canteiro, que ainda não existe.
A decisão foi condenada pelas autoridades e defensores dos direitos humanos.
"É uma atitude preconceituosa, antissocial e higienista. Não aponta nenhuma saída. Numa época de crise, as pessoas deveriam resgatar o espírito de solidariedade e ajudar essas pessoas. Muitas delas são produtos desse momento que vivemos", diz Marcelo Chalréo, presidente da comissão de direitos humanos da OAB-RJ (Ordem dos Advogados do Brasil), que participa de fórum que debate o crescimento da população de rua.
O prédio de Copacabana não é o único. Um outro edifício no largo do Machado também fez o chuveirinho. Moradores dos dois bairros apoiaram a iniciativa.
"É uma atitude perfeitamente compreensível. O condomínio estava sofrendo um problema seriíssimo de segurança. Era um grupo complicado, que usava drogas e praticava furtos. Os moradores fizeram inúmeras reclamações e nada adiantou", disse o presidente da Sociedade Amigos de Copacabana, Horácio Magalhães, em rede social.
Para tentar tirar os moradores da rua, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos conta com

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38 abrigos da prefeitura e 26 conveniados.
A pasta tem um orçamento de R$ 400 milhões neste ano. "O problema da população de rua aqui se agrava a cada dia. É um reflexo de todas as crises que enfrentamos, a federal, a estadual e a municipal, pois a arrecadação da prefeitura também despencou. Como não temos os recursos necessários para melhorar a situação dessas pessoas, estamos buscando parcerias", disse a secretária Teresa Bergher, que classificou de "desumana" a colocação de chuveirinhos nas marquises dos prédios.
"Infelizmente, a miséria vem crescendo astronomicamente no Rio. Hoje temos no nosso cadastro único 1,3 milhão de pessoas, sendo que 660 mil estão abaixo da linha da pobreza. Mas uma parcela da sociedade não se sensibiliza. Ao contrário, quer varrer o morador de rua da sua porta. Isso é desumano, bárbaro e mostra como a sociedade está doente", afirmou.
Há hoje 2.200 vagas na rede de acolhimento. Segundo a secretária, 80% das vagas estão ocupadas. O acolhimento não é compulsório.

OPERÁRIO OLÍMPICO

Pelo levantamento de janeiro da prefeitura, 25% dos moradores de rua nunca estudaram. A pesquisa revela que só 3% das pessoas nessa situação completaram o ensino médio, como o pintor Luiz Claudio Marques, 45.
Ele trabalhou até junho do ano passado numa obra olímpica em Deodoro, na zona oeste do Rio. Para provar, fez questão de mostrar sua carteira de trabalho com o salário de R$ 1.236,40 registrado.
Com o dinheiro, pagava um quarto na Vila Vintém, comunidade dominada pelo tráfico. Mas a violência crescente na região o assustou. "Quando perdi o emprego decidi deixar aquela confusão. A rua é bem melhor. Não nasci para ficar ouvindo tiro de fuzil sem saber o que fazer", contou o pintor, que estudou história por três semestres em uma faculdade particular.
Para conseguir uma renda, ele diz que faz bicos em escritórios e lojas do centro. Mas a demanda diminuiu muito nos últimos meses. O pintor contou que ganhou apenas R$ 120 na semana passada.
"A minha esperança é voltar a arrumar um emprego fixo e alugar um quartinho num bairro residencial", diz Marques, antes de começar às 23h45 a comer a macarronada, sua segunda refeição do dia. Antes, tomou uma sopa servida por outro grupo.

fonte: Folha 

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