Para quem acha muito grande as picapes da Ram, um aviso: a gama agora tem um representante ainda maior no Brasil. Fabricante de comerciais leves parte do Grupo Stellantis, a montadora passa a importar para cá a 3500. Muito além de ter mais de seis metros de comprimento, o modelo faz parte do plano de consolidação da empresa como marca premium e que tem no Brasil um mercado estratégico.
Prova disso é que o lançamento da 3500, em um haras em Águas de São Pedro (SP), teve a presença de Bob Graczyk, o chefão do marketing internacional da Ram. O executivo rasgou elogios para a filial brasileira, destacou que a marca teve um crescimento local oito vezes maior em 2021 na comparação com 2017 - quando a empresa "ressurgiu" por aqui com a nova 2500 - e deu a entender que o país é importante dentro das estratégias globais da empresa, que quer a liderança global em comerciais leves luxuosos.
“O Brasil é o que registra o crescimento mais rápido do segmento de picapes no mundo. Temos um grande time aqui, que faz um trabalho fantástico. Todos os anos nossas expectativas são superadas. O país é peça importante em nosso objetivo de ser a marca número um de LCVs no mundo”, enalteceu Graczyk.
A chegada da 3500 é parte da consolidação da empresa no Brasil, que quer seguir em ritmo de crescimento, apesar de não falar em projeção para esse ano. A empolgação é justificável. Em 2021, a marca ampliou em 87% as vendas. Tudo bem que falamos de 2.760 emplacamentos no ano passado ante 1.475 em 2020 (e 653 em 2019), mas trata-se de uma gama enxuta e de nicho.
Nessa lógica, a própria Ram se vende como uma marca de luxo. O que, pelo posicionamento de mercado, nem dá para discordar. A nova picape 3500 será importada do México para ser a mais cara e equipada da montadora norte-americana no nosso mercado.
Serão três versões, com preços entre R$ 484.990 e R$ 529.990. Desta forma, fica acima da 1500, que foi lançada em 2021 com proposta mais “esportiva”, e da 2500, picape que marcou o “ressurgimento” da Ram no Brasil, em 2019. Para justificar as cifras, tome equipamento e capacidade.
Os números da 3500 são realmente surpreendentes. Não bastasse o porte ao se deparar com a picapona, as dimensões, por si só, já servem como credenciais. São 6,02 metros de comprimento, 2,12 m de largura e 2,03 m de altura - 3 cm mais baixa que o astro da NBA Lebron James. Só o entre-eixos de 2,78 m é maior que o comprimento total de um Fiat Mobi…
Tem mais: apenas a caçamba da 3500 mede 1,93 metro no comprimento, quase 1,30 m na largura (entre as caixas de roda) e oferece capacidade para até 1.628 litros - quando não equipada com os Ram Box, módulos de organização do espaço. A carga útil da picape pode chegar a 1.752 kg e o modelo ainda tem capacidade de reboque de impressionantes 9.021 kg.
Isso foi comprovado durante os exercícios em pista fechada que a Ram promoveu no lançamento na pista de testes da Bridgestone, ao lado do haras em São Pedro. Lá, a reportagem da Automotive Business teve a chance de avaliar, na prática, a força da 3500 - em pista fechada, não por acaso, uma vez que, com Peso Bruto Total (PBT) de mais de 3,6 toneladas, ela só pode ser conduzida em vias públicas por motoristas que tenham CNH na categoria C.
A picape puxou não só um trator de mais de sete toneladas, como também um motor home híbrido - que acomoda humanos e cavalos - de mais de oito toneladas. Na primeira situação, cordas e fitas enganchadas no veículo de uso profissional e bastou pisar leve no acelerador para a 3500 trazer o trator sem pestanejar.
Na outra “atividade” preparada pela Ram, o motorhome foi acoplado ao sistema de reboque. Alavanca do câmbio (na coluna de direção) em Drive e o câmbio automático de seis velocidades dá pequenos trancos nas primeiras acelerações, mas nada de a 3500 esmorecer. Pelos gigantescos espelhos retrovisores - que são flexíveis e agora estão na vertical - o motorista espia os 14 cm de “trailer” acompanhando a picape na pista delimitada por cones.
O controle de oscilação de reboque garante um trajeto - em baixas velocidades de 30 km/h, obviamente - sem reflexos na picape. Mesmo no momento de fazer a curva (bem aberta, diga-se de passagem), não se sente vibrações pelo rodar do motor home.
E ao acionar o botão de auxílio ao reboque entra em cena o limitador de marchas e o controle eletrônico do freio, que minimizam as imprecisões da transmissão e parecem até dar mais força para a picape trazer a “casa sobre rodas”.
Dinâmica apurada
O que também impressiona na 3500 é a desenvoltura com que tais tarefas são executadas. Motorista tem ótima posição de dirigir - e, claro, elevada. A direção, além do excelente raio de giro, é até relativamente direta para uma picape de tais dimensões.
Isso ficou evidente no exercício com tipos de piso acidentados (frisos, paralelepípedos, caixa de ovos etc) delimitado por um estreito circuito de cones com retas curtas e mudanças acentuadas de pista para a esquerda - e na outra metade do trecho, para a direita.
O comportamento dinâmico também agrada para uma picape gigantesca. Na prova de slalom (exercício onde o veículo vai contornando a fileira de cones em um balé para lá e para cá) e na curva inclinada da pista da Bridgestone, a carroceria torce dentro do esperado e se mostra mais no primo do que muita picape menor.
Essa combinação de robustez e conforto da 3500 é fruto de uma combinação valente. Sob o capô, o bem disposto motor 6.7 turbodiesel e seis cilindros da Cummins, com 377 cv de potência e 117 kgfm de torque já disponível a 1.700 rpm.
Por baixo, o chassi do tipo Heavy Duty, com 98% de aços de alta resistência. Em conjunto, uma suspensão por eixo rígido, com braço triplo e barra Panhard e molas helicoidais na frente e um exclusivo jogo com feixe de molas, na traseira.
Ao mesmo tempo, a Ram 3500 proporciona bastante conforto a bordo. Não bastasse o espaço generoso para cinco ocupantes, a cabine tenta emprestar conveniência e o luxo que a marca pretende vender.
Versões e equipamentos
Desde a versão de entrada Lamarie, os bancos dianteiros têm ajustes elétricos e aquecimento - também no volante. A picape ainda é dotada de sensor de ponto cego, comutação automática dos faróis full LED, central multimídia com tela de 12” com conexão Android Auto e Apple CarPlay sem fio, nove entradas USB, som premium Alpine, câmera 360 e câmera na caçamba, retrovisor eletrocrômico e tomada de 115V.
A intermediária Laramie Night Edition (R$ 509.990) recebe o pacote ADAS, com controle de cruzeiro adaptativo, alerta de colisão frontal com frenagem automática de emergência e sistema ativo de permanência em faixa, entre outros. Também traz retrovisor interno digital, som Harman Kardon com 16 alto-falantes, faróis com máscara escurecida, luzes no teto da caçamba (cab lights) e estribo escamoteável automático.
A topo de linha LongHorn - nome de uma raça de touros com chifres de até 2,5 metros - ganha couro claro natural, detalhes de acabamento de madeira de verdade e cromados por dentro e por fora, além de rodas exclusivas e faróis full LED com tecnologia Matrix.
Público-alvo certeiro
Chama a atenção a ausência dos itens de auxílio à condução, como ACC, frenagem autônoma e assistente de faixa na versão de entrada. São equipamentos que até hatches compactos já oferecem, mas estão ausentes na primeira opção da picapona de luxo e de quase meio milhão de reais. A Ram se defende dizendo que está atendendo a demanda do público…
Fato é que esse público tem dinheiro e majoritariamente está no campo. A marca mira a maior de suas picapes no Brasil em grandes criadores de cavalos e de gado, além de pessoas do agronegócio. Realmente, não há espaço - e talvez nem tanta verba - na cidade para andar com uma picapona destas.
fonte: Automotive Business
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