A luta nas ruas, as pessoas simplesmente querem mais e percebem que têm força para impor suas exigências
Se a linguagem do futebol valesse na vida intelectual, diria que Moisés Naím marcou um gol de placa, com seu O fim do poder . A tese central do livro é, em boa medida, contraintuitiva. O poder econômico parece se concentrar; a China , uma tirania, é a economia mais dinâmica do planeta, e a revista britânica The Economist anunciou, com uma montanha de dados e uma imagem de Lênin na capa, que vivemos em plena era do capitalismo de Estado. Naím tem consciência do problema. “Sei que defendo que o poder está se degradando”, diz ele, “num cenário em que as manchetes apontam o contrário.” O ponto é que Naím não trabalha com o curto prazo. Como bom economista e acadêmico respeitado, faz o que muitos intelectuais, por preguiça, se recusam a fazer: trabalha com estatísticas. Cuida para não cair no logro das próprias impressões e vai formando seus argumentos. A ideia central de Naím diz respeito não tanto ao desaparecimento, mas à fragmentação do poder. A primeira imagem que usa é o xa