A Lei Maria da Penha, que está prestes a completar sete anos, tem levado um número cada vez maior de mulheres a denunciar casos de agressão.
Uma mulher de 40 anos cansou de ser ameaçada de morte pelo marido e procurou uma delegacia de defesa da mulher em Salvador. "Eu não estava aguentando mais. Como podia fazer algo pior, eu tenho que procurar uma direção para mim", afirma.
A administradora Aída Nunes também buscou ajuda na delegacia. Ela acusa o ex-namorado, o empresário baiano Christiano Rangel, de agressão. Os dois já estavam separados. Ela diz que, no último dia 12, depois de uma discussão, foi espancada por Christiano no apartamento
dele, em um bairro nobre da cidade.
"Eu fui agredida brutalmente pelo meu ex-companheiro. É o que eu posso te dizer. Eu não consigo entender nenhum motivo que possa levar alguém a espancar a outra pessoa", diz Aída.
Rangel, dono de uma empresa do ramo de entretenimento, não gravou entrevista. O advogado nega as denúncias. Segundo ele, Aída tinha consumido muita bebida alcoólica e caiu, batendo a cabeça no chão.
"Ela primeiro bate próximo ao criado-mudo e no chão. Depois, na frente, na sala, ela novamente tem um desequilíbrio, que é um desequilíbrio físico, em virtude desse estado de embriaguez. Então, não foi uma lesão causada por ele", diz o advogado Fabiano Pimentel.
Agora, por ordem da Justiça, Christiano Rangel tem que manter uma distância mínima de 300 metros da ex-namorada e também não pode fazer contato por e-mail ou telefone.
As medidas de proteção específicas para mulheres vítimas de violência doméstica foram criadas pela Lei Maria da Penha, que está em vigor há quase sete anos. Considerada um avanço nos direitos das mulheres, a lei tornou mais difícil a vida dos autores dessas agressões.
A delegada Heleneci de Jesus diz que, depois da lei, o número de denúncias aumentou mais de 60%, e lembra que as punições são severas até para quem faz ameaças. Antes, não era assim. "Hoje, uma mulher procura uma unidade porque foi ameaçada, pode se impor logo prisão em flagrante desse indivíduo, ou quando não, é instaurado inquérito policial,” explica.
Uma moça, grávida de sete meses e com a boca ferida depois de levar um soco do companheiro, procurou nesta quarta-feira (23) a polícia. Seguiu o exemplo de muitas mulheres. "Estão denunciando mais, estão reagindo, não estão se ocultando, porque muitas se ocultavam, inclusive eu me ocultava. Eu já recebia agressões antes e ocultava de meus pais, de todo mundo", diz.
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