Por causa da crise no setor automobilístico, as redes de concessionárias também começam a demitir e fechar estabelecimentos. O presidente da Fenabrave, Alarico Assumpção Júnior, cita que, só neste ano, já foram fechadas 250 lojas, com o corte de 12 mil empregos. Atualmente, em todo o País, são 8.000 revendas autorizadas (de marca) e cerca de 400 mil postos de trabalho. “A persistir a economia como está, serão 800 concessionárias a menos em 2015 (10% do total) e o desemprego pode chegar entre 35 mil e 40 mil no ano.”
O Grande ABC, que reúne hoje 95 revendas de marca, não fica de fora desse movimento. No fim do ano passado, a Ford Sandrecar, que tinha unidades em Santo André e em São Bernardo, encerrou atividades, e a rede que detém a bandeira JAC na região concentrou suas operações (que antes eram duas lojas) em uma só, em São Bernardo, ao fechar a de Santo André. O diretor do Sindicato dos Comerciários do ABC, Jonas José dos Santos, estima que o segmento de revendas emprega hoje 5.000 pessoas na região. Ele não tem o volume exato de cortes. “Mas com certeza diminuiu, só a Sandrecar empregava 80 profissionais.”
Além disso, até o fim do mês, a Fiat Itavema de Santo André fechará as portas, informação revelada por fonte do setor e confirmada por funcionários da rede. Um deles, inclusive, que pediu sigilo no nome, confirmou que parte dos empregados será transferida para filial da rede em São Paulo. No local, há rumores de que deva ser construído um supermercado. “O mercado está parado”, assinala o presidente do Sincodiv-SP, Octavio Vallejo.
Renovação da frota segue em discussão
A Fenabrave segue conversando com o governo federal para fazer sair do papel proposta de renovação da frota de caminhões, que estimularia a retirada de veículos com mais de 30 anos de circulação. O plano é encabeçado por uma coalizão de entidades empresariais e de trabalhadores, entre os quais essa federação e o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.
Segundo o diretor da Fenabrave Valdner Papa, depois de o governo ter estado em vias de colocar no ar o projeto, em 2014, por meio de decreto, o plano ficou em compasso de espera devido ao período das eleições. Com a mudança nos ministérios, neste ano, o debate teve de ser retomado, porém, ele afirma que, com o apoio do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, do ponto de vista operacional, está pronto para funcionar. “Agora é uma questão mais política”, diz.
Papa destaca que haveria benefícios para toda a sociedade. “Levando em consideração custos hospitalares de R$ 5 bilhões gerados por acidentes com a frota velha, valeria gastar R$ 150 milhões para a implementação do plano”, assinala. A ideia é tirar 1.000 caminhões com mais de 30 anos no primeiro ano e, depois, ir ampliando esse volume anualmente. Pontos que poderiam ser obstáculos foram equacionados na proposta, diz Papa, como o risco de crédito para o autônomo (que é o alvo do programa). A venda seria vinculada ao cartão frete, quase como um crédito consignado.
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