Assim como em São José e São Caetano, empresa propõe reduções de piso e reajustes
As propostas de cortes de custos trabalhistas da GM Brasil chegaram também a Gravataí (RS), onde a empresa mantém sua mais produtiva fábrica da América do Sul para produzir o hatch Onix – carro mais vendido do mercado brasileiro nos últimos três anos – e o sedã compacto Prisma, dois modelos que juntos atualmente respondem por cerca de 65% das vendas da montadora no País. Foi apresentada ao sindicato local dos metalúrgicos no sábado passado, 26, uma lista de 21 cláusulas para reduções de piso e reajustes salariais, suspensão da participação em lucros e resultados (PLR) e eliminação de alguns benefícios, o que na prática anula o acordo atual firmado com os funcionários da planta gaúcha para o período 2017-2020.
As propostas apresentadas pela GM a representantes dos 2,6 mil empregados da planta de Gravataí – onde também trabalham cerca de 4 mil funcionários de fornecedores que integram o condomínio industrial da empresa na cidade – seguem as mesmas linhas gerais dos cortes de custos trabalhistas já introduzidos em reuniões anteriores com os sindicatos das duas fábricas paulistas da empresa, em São José dos Campos e São Caetano do Sul. Assim como essas duas representações sindicais, a direção do Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí (Sinmgra) considera as exigências “inaceitáveis”. Segundo Edson Dorneles, diretor de assuntos jurídicos da entidade, as propostas serão apresentadas em assembleias com os trabalhadores da unidade na terça-feira, 29, com a sugestão de “completa rejeição”. Também foi convocado um protesto na gente da fábrica gaúcha.
As propostas apresentadas pela GM a representantes dos 2,6 mil empregados da planta de Gravataí – onde também trabalham cerca de 4 mil funcionários de fornecedores que integram o condomínio industrial da empresa na cidade – seguem as mesmas linhas gerais dos cortes de custos trabalhistas já introduzidos em reuniões anteriores com os sindicatos das duas fábricas paulistas da empresa, em São José dos Campos e São Caetano do Sul. Assim como essas duas representações sindicais, a direção do Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí (Sinmgra) considera as exigências “inaceitáveis”. Segundo Edson Dorneles, diretor de assuntos jurídicos da entidade, as propostas serão apresentadas em assembleias com os trabalhadores da unidade na terça-feira, 29, com a sugestão de “completa rejeição”. Também foi convocado um protesto na gente da fábrica gaúcha.
“Somos contra essa reestruturação da GM nos moldes propostos, porque é prejudicial aos trabalhadores. A fábrica de Gravataí é uma das mais produtivas do mundo, produz os carros mais vendidos da GM aqui e já está preparada para fazer novos produtos a partir de julho. Foi para isso que fizemos um acordo em 2017, válido até 2020. Essas propostas de cortes anulam tudo que conseguimos e que iríamos só agora começar a usufruir. Não aceitamos e se insistirem vamos à Justiça fazer valer o acordo em andamento”, afirmou Edson Dorneles, do Sinmgra. |
REVOGAÇÃO DE ACORDOS
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Incluídos no atual programa de investimentos da GM no Brasil de R$ 13 bilhões para o período 2015-2019, anunciado em 2015 e várias vezes requentado, há dois anos a GM fechou acordos parecidos com os trabalhadores de Gravataí e São Caetano. Em troca, prometeu aporte de R$ 1,4 bilhão na fábrica gaúcha, que desde o fim de 2017 opera em três turnos e em julho começa a produzir a nova geração de Onix e Prisma. No ABC paulista, investe R$ 1,2 bilhão em sua mais antiga unidade fabril em operação no País para ampliar a capacidade de 250 mil para 330 mil veículos/ano, com produção da nova geração do SUV Tracker a partir de dezembro. A companhia também confirmou R$ 1,9 bilhão para quadruplicar a capacidade da planta de motores e transmissões de Joinville (SC). Sem entendimento com o sindicato local desde 2013, quando prometeu investimentos que não foram adiante, a fábrica de São José dos Campos ficou de fora dos planos.
Justamente no momento em que os investimentos estão tomando forma e os trabalhadores de Gravataí e São Caetano esperavam usufruir seus maiores ganhos, a GM propõe cortar quase tudo que foi combinado. Dorneles afirma que a fábrica gaúcha conseguiu no acordo celebrado em 2017 “chegar mais perto” da remuneração paga nas fábricas paulistas da companhia. “O piso aqui deve passar dos R$ 1,6 mil”, informa o diretor, ao destacar que a empresa quer reduzir este valor a R$ 1,3 mil para novas contratações, “o que pode incentivar demissões para contratações mais baratas”. Em São José a proposta de redução do piso é de R$ 2,3 mil para R$ 1,6 mil e em São Caetano de R$ 1,78 mil para R$ 1,6 mil.
Outro ponto sensível das propostas da GM é reduzir os reajustes salariais para um valor fixo e zerar o pagamento de participação de lucros e resultados este ano, pagar 50% em 2020 e voltar a 100% em 2021. “A PLR deste ano em Gravataí tem potencial de chegar a R$ 16 mil (por trabalhador), mas a GM quer simplesmente não pagar o que combinou no acordo de 2017, quando estávamos em um cenário de crise muito pior que o atual”, informa Dorneles. “Não podemos aceitar isso”, ressalta.
Também estão sob a mesa outros pontos considerados “inaceitáveis” por todos os sindicatos, como terceirização de funções em todos os níveis, adoção de jornada de trabalho intermitente, fim de estabilidade para afastados por doença laboral ou acidente e interrupção de promoções por tempo de trabalho ou mérito.
Justamente no momento em que os investimentos estão tomando forma e os trabalhadores de Gravataí e São Caetano esperavam usufruir seus maiores ganhos, a GM propõe cortar quase tudo que foi combinado. Dorneles afirma que a fábrica gaúcha conseguiu no acordo celebrado em 2017 “chegar mais perto” da remuneração paga nas fábricas paulistas da companhia. “O piso aqui deve passar dos R$ 1,6 mil”, informa o diretor, ao destacar que a empresa quer reduzir este valor a R$ 1,3 mil para novas contratações, “o que pode incentivar demissões para contratações mais baratas”. Em São José a proposta de redução do piso é de R$ 2,3 mil para R$ 1,6 mil e em São Caetano de R$ 1,78 mil para R$ 1,6 mil.
Outro ponto sensível das propostas da GM é reduzir os reajustes salariais para um valor fixo e zerar o pagamento de participação de lucros e resultados este ano, pagar 50% em 2020 e voltar a 100% em 2021. “A PLR deste ano em Gravataí tem potencial de chegar a R$ 16 mil (por trabalhador), mas a GM quer simplesmente não pagar o que combinou no acordo de 2017, quando estávamos em um cenário de crise muito pior que o atual”, informa Dorneles. “Não podemos aceitar isso”, ressalta.
Também estão sob a mesa outros pontos considerados “inaceitáveis” por todos os sindicatos, como terceirização de funções em todos os níveis, adoção de jornada de trabalho intermitente, fim de estabilidade para afastados por doença laboral ou acidente e interrupção de promoções por tempo de trabalho ou mérito.
NEGOCIAÇÕES TENSAS
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As negociações com os trabalhadores têm sido diárias dentro da estratégia da GM de cortar custos rapidamente em todas as frentes, incluindo concessionários e fornecedores, além de tentar obter mais benefícios de governos municipais, estaduais e federal. O estopim da atual crise começou com um e-mail enviado aos funcionários no dia 18 (calculadamente vazado à imprensa) pelo presidente da GM Mercosul, Carlos Zarlenga, em que o executivo destaca que a empresa acumula prejuízos substanciais na região nos últimos três anos que precisam, necessariamente, ser estancados já a partir deste ano para garantir a sobrevivência das operações no País, o que exigiria “sacrifícios de todos”, sob risco de fechar fábricas e até mesmo deixar a América do Sul.
Segundo Dorneles, nas reuniões os representantes da GM destacaram esse risco para forçar a aceitação da reestruturação do acordo coletivo. “Não disseram diretamente que devemos aceitar o novo acordo ou vão fechar a fábrica (de Gravataí), mas citaram o tempo todo a necessidade de sacrifícios para evitar que isso possa acontecer no futuro”, conta.
Segundo Dorneles, nas reuniões os representantes da GM destacaram esse risco para forçar a aceitação da reestruturação do acordo coletivo. “Não disseram diretamente que devemos aceitar o novo acordo ou vão fechar a fábrica (de Gravataí), mas citaram o tempo todo a necessidade de sacrifícios para evitar que isso possa acontecer no futuro”, conta.
“A verdade é que esses cortes podem ser feitos e a GM pode continuar no prejuízo, porque escolheu estratégias erradas e os trabalhadores não têm nada a ver com isso. Também é possível não fazer nada e a empresa voltar a dar lucro”, avalia Dorneles. |
Ainda de acordo com o diretor do Sinmgra, a GM não apresentou nenhum plano de novo investimento em troca da aceitação dos cortes de custos trabalhistas, como sugeriu Zarlenga em encontro na semana passada em São José dos Campos com sindicalistas e prefeitos .
Representantes do Sinmgra devem se encontrar com a direção da GM em São Caetano nesta terça-feira, 29. Segundo a imprensa gaúcha, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), também pediu o agendamento de reunião com representantes da montadora para explicação da atual situação.
Representantes do Sinmgra devem se encontrar com a direção da GM em São Caetano nesta terça-feira, 29. Segundo a imprensa gaúcha, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), também pediu o agendamento de reunião com representantes da montadora para explicação da atual situação.
fonte: Automotive Bussines
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