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FOXCONN NO BRASIL: Fachada da fábrica da Foxconn em Jundiaí; empresa chinesa tem enfrentado diferenças trabalhistas no Brasil

Fachada da fábrica da Foxconn em Judiaí; empresa chinesa tem enfrentado diferenças trabalhistas no Brasil
Na árida cidade industrial de Jundiaí, a 56 km de São Paulo, milhares de operários se reuniram diante de uma fábrica local da Foxconn para protestar, em outubro. Enquanto as condições desgastantes de trabalho e as longas jornadas causaram tumultos e até mesmo suicídios entre os funcionários chineses da companhia, a queixa dos brasileiros era um pouco diferente: eles não gostavam da comida servida no refeitório.
A fabricante terceirizada de eletrônicos Foxconn deu início a um ambicioso plano de expansão no Brasil, que segundo as autoridades do país envolverá investimento de US$ 12 bilhões. Muitas das fábricas produzirão produtos Apple, a fim de evitar os impostos de importação que incidem sobre produtos embarcados da China --onde ficam a maior parte das fábricas de iPhones e iPads da companhia.
As novas fábricas no Brasil, onde os sindicatos são tradicionalmente fortes, estão enfrentando alguns desafios. Além do protesto de outubro em Jundiaí, onde a Foxconn tem 6.000 funcionários, os trabalhadores locais realizaram protestos por diversos outros motivos: de transportes superlotados às jornadas de trabalho longas e falta de planos de carreira para os funcionários.
"Greves não são comuns por aqui. O problema parece envolver apenas a Foxconn", disse um funcionário da prefeitura de Jundiaí.

Carlos Cecconello/Folhapress

Fachada da fábrica da Foxconn em Jundiaí; empresa chinesa tem enfrentado diferenças trabalhistas no Brasil
A Hon Hai Precision, sediada em Taiwan e conhecida mundialmente por sua marca comercial Foxconn, é a maior fabricante terceirizada de eletrônicos do planeta. Seu nome se tornou sinônimo das vastas cidades industriais chinesas onde centenas de milhares de jovens operários fabricam toda espécie de produtos eletrônicos, de celulares inteligentes para a Apple a servidores para a Dell.
A companhia agora está se expandindo também fora da China, em lugares tão distantes quanto os Estados Unidos, a Europa Oriental e a América Latina. Ela recentemente confirmou estar pensando em expandir ainda mais suas atividades nos Estados Unidos, depois que Tim Cook, o presidente-executivo da Apple, principal cliente da companhia, anunciou que planejava investir mais na aquisição de produtos fabricados em seu território de origem.
Trabalhar fora da China permite que a Foxconn ofereça giro mais rápido aos seus clientes e que estes evitem alguns impostos de importação, mas também representa um novo conjunto de desafios para a empresa, que emprega mais de 1 milhão de pessoas em todo o mundo e produziu 81,6 bilhões de dólares de Taiwan (US$ 2,8 bilhões) em lucros líquidos no mais recente ano fiscal, sobre faturamento de 3,45 trilhões de dólares de Taiwan.
O DESAGRADÁVEL FAZ BEM
A Foxconn muitas vezes ingressa em novos mercados geográficos assumindo o controle e reformando velhas fábricas, no passado operadas por seus clientes. Mas seu estilo de gestão fortemente autoritário às vezes causa choque quando aplicado a culturas diferentes do sistema industrial chinês, o ambiente ao qual a empresa está mais acostumada.
"Eles querem mesmo empregar, ou melhor dizendo, forçar, aqui a mesma estratégia de gestão que usam na China, mas ela não funciona bem neste mercado", diz um antigo executivo da empresa nos Estados Unidos. "A estrutura da Foxconn é muito autocrática e creio que, para algumas pessoas, o sistema possa ser considerado degradante."
Desacordos como esse são um campo de batalha bem conhecido para Terry Gou, o presidente do conselho da Foxconn, cujos aforismos sobre gestão incluem frases como "um ambiente desagradável faz bem".
Gou fez da Foxconn a montadora preferida de empresas como a Apple ao exigir tanto de si e de seus funcionários que a escala, precisão e flexibilidade da Foxconn agora não têm rivais no planeta.
DIREITOS TRABALHISTAS
Isso resulta em confrontos até mesmo na China, onde os operários vão lentamente despertando para seus direitos.
A pressão sobre os supervisores de controle de qualidade para evitar riscos no revestimento de alumínio do iPhone 5 resultou em disputas violentas com operários na fábrica da Foxconn em Zhengzhou, China, no ano passado.
Isso aconteceu depois de uma série de suicídios em 2010 e de novos tumultos em 2012, que atraíram críticas internacionais generalizadas às condições de trabalho nas fábricas da Foxconn.
Agora, enquanto a empresa continua a construir fábricas novas na China, ela planeja se expandir em diversos outros mercados. A empresa investiu recentemente no Brasil, no México e na Turquia e afirmou estar planejando projetos nos Estados Unidos, Indonésia e Malásia.

Qilai Shen - 26.mai.2010/Bloomberg
Funcionários trabalham em linha de montagem de fábrica da Foxconn em Shenzhen, Guangdong, na China
Funcionários trabalham em linha de montagem de fábrica da Foxconn em Shenzhen, Guangdong, na China
EXPANSÃO MUNDIAL
"Muitas companhias semelhantes estão começando a avançar de uma estratégia de produção mundial para uma estratégia mais regional", disse David Simchi-Levi, professor do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) que se especializa em administração de cadeias de suprimentos. "É uma estratégia completamente diferente daquela que víamos as empresas usar há 10 ou 15 anos."
Para seus clientes, as fábricas da Foxconn fora da China podem permitir redução no custo de transporte, evitar taxas de importação e a obtenção de giro rápido de ordens. Uma companhia como a Dell, por exemplo, pode precisar vender computadores a um cliente empresarial que requer configurações específicas.
"Estamos aqui para servir os clientes, e é por isso que internacionalmente nós cuidamos da montagem final", diz um importante executivo da Foxconn na Europa.
A expansão internacional da empresa não é completamente nova, porque a Foxconn já é a segunda maior exportadora da República Tcheca, e opera lá e nos Estados Unidos há mais de uma década. Muitas dessas operações foram iniciadas quando a Foxconn assumiu o controle de fábricas de clientes fabricantes de bens de consumo, como a Sony e a HP (Hewlett-Packard), que desejavam cortar custos e responder por parcela menor da fabricação de seus produtos.
MÃO DE OBRA ÚNICA
Mas, a despeito dos apelos de executivos como Cook para que parte das operações industriais de suas empresas retorne aos Estados Unidos, a vasta maioria do trabalho da Foxconn continuará a acontecer na China, cuja força de trabalho barata e grande a torna única, dizem especialistas.
Leis de salário mínimo e custos de vida mais altos em outros países significam que a Foxconn tem de pagar mais aos seus trabalhadores fora da China --um salário inicial de US$ 550 ao mês no Brasil, ante o salário básico de US$ 300 em sua fábrica em Zhengzhou, por exemplo. Apenas algumas dezenas de milhares dos 1,2 milhão de trabalhadores da companhia operam fora da China e de sua sede em Taiwan, de acordo com entrevistas com funcionários e declarações da empresa.
A despeito de greves ocasionais em lugares como o Brasil, as operações internacionais da Foxconn em geral vêm conseguindo evitar os conflitos violentos experimentados na China.
As diferenças culturais não pesam tanto porque a maioria dos executivos empregados pela empresa no exterior são cidadãos locais, dizem pessoas que conhecem bem as operações da Foxconn.
A companhia afirma que "nossas equipes são nacionalizadas, seja na linha de montagem ou no comando executivo, porque incentivamos fortemente o bom entendimento das culturas locais".
TRABALHO VANTAJOSO
Para as fábricas que a Foxconn constrói ou nas quais investe, e para seus funcionários, trabalhar para a empresa taiwanesa pode ser vantajoso.
Um antigo engenheiro em uma fábrica que a Foxconn comprou da Motorola no México disse que os novos proprietários cortaram muito os custos --nada de hotéis de luxo durante as viagens executivas, nada de gastos elevados com jardinagem no complexo fabril--, mas também lhe deram mais flexibilidade para procurar novos projetos a fim de expandir o faturamento.
E, a despeito das frustrações causadas pelo esforço de conciliar as diferentes culturas que convivem na Foxconn, disse uma executiva que trabalhou para a empresa quase por dez anos nos Estados Unidos, a presença mundial do grupo taiwanês e sua capacidade de depender de funcionários estrangeiros para manter o contato com os clientes estrangeiros lhe conferem vantagens significativas.
"Eles conseguem montar um verdadeiro exército com tamanha rapidez, quando querem um negócio", ela disse. "Conseguem fazê-lo sem causar atrito? Provavelmente não, mas fazem o serviço."

http://www1.folha.uol.com.br/mercado/1210116-foxconn-enfrenta-resistencia-para-impor-seu-estilo-em-fabrica-no-brasil.shtml 

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