ENTREVISTA: Pastos Silas Malafaia, "Já recebi R$ 2 milhões de um fiel" Apontado como o terceiro pastor mais rico do Brasil, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo
"Já recebi R$ 2 milhões de um fiel"
Apontado como o terceiro pastor mais rico do Brasil, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo anda de jato executivo, afirma faturar R$ 45 milhões por ano com a sua editora e diz que evangélico não é babaca
por Rodrigo Cardoso
EM FAMÍLIA
Malafaia casou virgem aos 21 anos e, em 2011, fez um
preenchimento capilar no lado esquerdo para corrigir uma falha
"Tenho um avião da Associação Vitória em Cristo que coloquei à venda.
Paguei R$ 6,6 milhões, mas é dispendioso. Vale R$ 2,6 milhões"
"O Jean Wyllys só tem essa voz toda porque é gay.
Se não fosse, seria um zero à esquerda.Ele teve 16 mil votos"
Fotos: Tomás Rangel/Folhapress; MARCOS DE PAULA/AG. ESTADO/AE
Istoé -
De onde vem o patrimônio?
Silas Malafaia -
Da
renda de venda de livros, de conferências, da minha editora (Editora
Central Gospel), que fatura R$ 45 milhões por ano. Aí, a “Forbes”
divulgar que o meu patrimônio pessoal é de R$ 300 milhões é uma
sacanagem para dizer que pastor apanhou dinheiro dos otários. Que pastor
é milionário porque tem um bando de babaca de quem ele toma dinheiro.
Mas eu não vou tolerar isso.
Istoé -
O que vai fazer?
Silas Malafaia -
Vou
ganhar dinheiro dos americanos (da “Forbes”) lá na América, vou
processá-los lá. A “Forbes” cometeu um equívoco grosseiro ao dizer que
os dados são do Ministério Público e da Polícia Federal. Os dois órgãos
não têm autoridade legal para passar dados de ninguém. Tentaram somar a
arrecadação da Associação Vitória em Cristo, que não é minha, da
Assembleia de Deus Vitória em Cristo, que não é minha, e da editora.
Mas, se eu juntar os três, a arrecadação chega à metade do que disseram.
Foi uma campanha sacana com subjetividade muito malandra. Ri quando vi a
lista. Porque eu ter mais recursos que o R. R. Soares (da Igreja
Internacional da Graça de Deus) é uma sacanagem com o R. R.
Istoé -
O sr. é acusado até por evangélicos de vender bênçãos.
Silas Malafaia -
Quem pensa assim é um
estúpido! Acha que eu sou criança para vender bênçãos, rapaz! O que eu
faço, e é bíblico, é liberar uma palavra profética.
Istoé -
Arrecadar oferta por meio de máquina de cartão de débito e crédito não é comércio?
Silas Malafaia -
A
minha igreja tem desembargador, procurador, caras com doutorado. Vai
dizer que a igreja evangélica só tem babaca, analfabeto, operário? Hoje a
igreja evangélica é o extrato da sociedade: tem pobre, classe média e
rico. Eu ganhei no meu aniversário uma Mercedes-Benz blindada de R$ 450
mil de um fiel, empresário rico, e não de um imbecil. Um dia, entro na
minha empresa e está lá o carro com um laço em cima. Esse cara é um
babaca que precisou ir à igreja para ficar rico? O cara é dono de uma
frota de mais de 200 caminhões! É tolice achar que na minha igreja, onde
tem desembargador e procurador, o malandro aqui está tomando dinheiro
dessa turma. Eu dei o carro que eu ganhei para a igreja. Foi uma oferta
para ajudar na construção do templo do Rio de Janeiro, uma sede
provisória na Penha para seis mil pessoas sentadas. E repeti três vezes
que não pedia para fazerem o mesmo.
Istoé -
Qual a porcentagem de arrecadação da igreja por meio de cartões?
Silas Malafaia -
60% das ofertas na minha igreja vêm de cartões, algo entre R$ 25 milhões a R$ 30 milhões.
Istoé -
E, no total, quanto a Vitória em Cristo arrecada de fiéis por ano?
Silas Malafaia -
No ano passado, uns R$ 50
milhões. O R. R. Soares e o Valdemiro (Santiago, líder da Igreja Mundial
do Poder de Deus) devem arrecadar R$ 600 milhões de oferta e dízimo. A
Universal do Reino de Deus uns R$ 2 bilhões.
Istoé -
Qual a maior oferta que já recebeu?
Silas Malafaia -
Duas vezes por ano fazemos
campanhas especiais por objetivos específicos. E peço ofertas assim:
“Quem sabe aqui vou ter um irmão que vai dar uma oferta acima de R$ 100
mil, R$ 10 mil, acima de R$ 1 mil, R$ 500, acima de R$ 100 e R$ 50. No
resto do ano as ofertas são normais. A maior oferta que recebi de um
fiel, um empresário, foi de R$ 2 milhões, em 2011.
Istoé -
O sr. dirige o próprio carro, pega fila em banco, faz compra em supermercado?
Silas Malafaia -
Eu dirijo. Por muito tempo
era eu quem fazia compra no mercado. Hoje, não mais. Não sei o que é
pegar uma fila de banco há uns dez anos. E não me faz falta. Mas tenho
pegado fila em aeroporto. Tenho um avião executivo da Associação
(Vitória em Cristo) que coloquei à venda faz seis meses porque é
dispendioso para o que eu faço. É um avião grande (um Gulfstream, modelo
G-III, ano 1986), para 11 pessoas, dá para ficar de pé nele. Paguei R$
6,6 milhões em 2010 e, hoje, ele vale R$ 2,6 milhões. Tomei prejuízo.
Quero um jato com custos de manutenção e operacionais mais baixos, para
seis, sete passageiros. Avião é uma ferramenta que utilizo até seis dias
por semana.
Istoé -
Por que não tem templos fora do Brasil?
Silas Malafaia -
Com
o mesmo montante de dinheiro com que inauguro dez igrejas o Valdemiro
abre 70. É o estilo da igreja dele. Essas igrejas, do (Edir) Macedo (da
Universal), Valdemiro e R.R. (Soares) são rotativas. Muita gente as
procura para uma demanda, uma necessidade de momento. Na minha igreja,
não. Aqui, o cara é fincado como um membro. O meu crescimento é mais
consistente. Abri uma igreja em Curitiba para três mil pessoas sentadas.
Aluguei a propriedade, mas gastamos lá R$ 7 milhões. Minhas igrejas são
lindas, clean, nada luxuosas, mas hiperconfortáveis, com cadeiras, som,
de primeira linha. Na igreja que estou fazendo na Penha, no Rio, vamos
gastar R$ 12 milhões em obras. Esses caras abrem um salão e gastam com
som, cadeira, uma pinturazinha, um conserto no banheiro, às vezes um
ar-condicionado, uns 300 mil contos, irmão! Meu mundo é outro, mas chego
lá.
Istoé -
O sr. já presenciou um beijo de duas pessoas do mesmo sexo?
Silas Malafaia -
Sim,
em shopping. Senti repulsa. Deus fez macho e fêmea. Não conheço ordem
cromossômica, hormônios ou sexo de homossexual. É um comportamento que
não aceito e é um direito meu. E não aceitar não significa que quero
destruir aquela pessoa. Na igreja, homossexualismo é pecado, como
adultério e prostituição. Uma pesquisa americana mostra que 46% dos gays
foram abusados ou violentados quando eram crianças ou adolescentes.
Então, como é que o cara nasce gay? Não estou aqui para proibir ninguém
de ser gay. Não quero é que o meu direito de me manifestar sobre o
homossexualismo seja impedido. E o ativismo gay não suporta o
contraditório.
Istoé -
Quem o orientou sobre sexo?
Silas Malafaia -
A minha mãe. Meu pai é
oficial da reserva, ex-combatente da Marinha, um cara reservado, sério. E
minha mãe, pedagoga, psicóloga. Mas na igreja se aprende desde cedo
sobre esses assuntos. Coisas como “você é homem, tem de se relacionar
com uma menina, mas tem a hora certa, sexo só depois de casar...” Isso
tudo que a “Bíblia” apresenta como regra para o cristão é ensinado desde
cedo. Comecei a namorar a minha atual esposa com 14 anos. Ela tem um
ano a menos. Casei com 21. Ela é minha primeira e única namorada. Eu
casei virgem e ela também. Somos casados há 32 anos. Hoje, porém, chega
na igreja garoto e garota com 16 anos com mais hora de cama do que
piloto de Jumbo de voo.
Istoé -
Por que a pressão dos
evangélicos é tão grande para que o projeto de lei que trata da questão
dos direitos dos homossexuais não passe no Senado?
Silas Malafaia -
Os ativistas gays querem
uma lei para calar qualquer um que fale contra a prática homossexual. Há
uma diferença entre condenar uma conduta e discriminar uma pessoa. Eles
é que têm medo da crítica por não ter convicção do que são. Porque,
quando você tem convicção do que é, você discute. No Brasil, você pode
criticar padre, pastor, jornalista, mas se criticar gay é
ho-mo-fó-bi-co! O sindicato gay, que mama na teta e sobrevive de grana
de governo e de estatais, diz ser homofobia quando alguém fala contra
eles. Os evangélicos estão decidindo eleição. O pau está cantando e não
vai ter moleza. Nessa questão de direitos dos homossexuais em que
estamos batendo desde 2006, deputado e senador que votar pela aprovação
do projeto vai dançar!
Istoé -
Por que os sacerdotes católicos não criticam abertamente o projeto?
Silas Malafaia -
Existem
pedófilos e homossexuais na igreja evangélica? Claro que sim. Mas só
por isso não posso falar sobre pedofilia e homossexualidade? Acho de uma
covardia e omissão uma instituição tão poderosa, com tanto acesso à
mídia como a Igreja Católica, se calar tanto. Ou então a maioria dos
padres é homossexual – e aí tem de ficar calada mesmo.
Istoé -
O deputado federal e homossexual Jean Wyllys (PSOL-RJ) virou uma grande liderança.
Silas Malafaia -
Ele teve 16 mil votos e só
foi eleito deputado porque estava pendurado no Chico Alencar, que teve
220 mil votos, irmão! Com todo respeito, ele só tem essa voz toda porque
é gay. Se não fosse, seria um zero à esquerda. Acha outro no Congresso
com 16 mil votos que tenha representatividade para falar! Pô, o meu
irmão (Samuel Malafaia) foi eleito deputado estadual com 135 mil votos!
Se (Wyllys) não fosse gay, não estaria com essa banca toda.
Istoé -
Usa segurança particular?
Silas Malafaia -
Passei a andar com
segurança faz um ano por causa de ameaças. Depois que comecei o
enfrentamento ao ativismo gay, em 2008, passei a receber ameaças de
morte. Eu não ligava, no começo. Uma vez, em um aeroporto, um sujeito
quase me agrediu. E, continuadamente, por e-mail, Twitter, telefone, me
ameaçavam. Nunca gostei de segurança, é horroroso. Mas precisei me
precaver. Se vierem, vão encontrar quatro caras com muita disposição.
Não vou tomar tapa de gay em aeroporto e nem em shopping, irmão, porque
vai ficar ruim para mim!
http://www.istoe.com.br/assuntos/entrevista/detalhe
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