Datafolha errou 63% por cento das previsões de intenção de votos válidos na eleição de 2014, isto é, mais da metade
O Datafolha errou 63% por cento das previsões de intenção de votos válidos para cargos executivos envolvendo os principais candidatos no primeiro turno, de acordo com levantamento feito pelo Yahoo Brasil com os últimos dados divulgados pela entidade antes das eleições.
Sobre o percentual de intenções de voto, o Datafolha errou 17 previsões (63%) - inclusive duas presidenciais - e acertou as outras 10 (37%), envolvendo pesquisas em sete Estados, no Distrito Federal e para Presidência da República. O Yahoo considerou apenas as estimativas para os três primeiros colocados no resultado final.
Os acertos consideram resultados finais das votações que ficaram dentro da margem de erro anunciada das pesquisas (de 2% e 3%, dependendo do caso) e também dentro de uma tolerância de 0,5% no levantamento do Yahoo para mais ou para menos além da margem de erro.
Na terça-feira, o Yahoo publicou os erros e acertos do Ibope, onde foi constatado, pela métrica utilizada, que o instituto errou 45% de suas previsões.
Vale notar que o Ibope fez pesquisas de intenção de voto em todos as unidades federativas e para presidência, totalizando 84 estimativas. Já o Datafolha, como consta em seu website, divulgou pesquisas para presidente e para os governos do Ceará, Distrito Federal, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo, em um total de 27 estimativas.
Em nenhum dos casos, o Datafolha acertou todos os três percentuais de intenções de voto, e o único no qual errou os três foi no Rio Grande do Sul - uma eleição marcada pelas “surpresas”, considerando que institutos de pesquisa não previram a disparada de José Ivo Sartori (PMDB).
O Datafolha previu corretamente, porém, o percentual da candidata à presidência Dilma Rousseff (PT), mesmo que dentro da margem de erro e tolerância; da vitória de Fernando Pimentel (PT) em primeiro turno em Minas Gerais e do triunfo de Geraldo Alckmin em São Paulo.
Também previu a vitória de Paulo Câmara (PSB) em primeiro turno em Pernambuco, por exemplo, apesar da estimativa percentual ter subvalorizado o poderio do candidato no Estado, assim como de Beto Richa (PSDB) no Paraná.
As pesquisas de opinião, embora sejam um termômetro da corrida eleitoral e praticamente a única referência das campanhas sobre a colocação dos candidatos, podem gerar algumas distorções no cenário eleitoral. Por exemplo, um eleitor que apoia X, pode votar em Y, melhor colocado nas pesquisas, para que Z tenha menos chances. Outra distorção pode ser o menor recebimento de doações para as campanhas de candidatos pior colocados nos rankings.
Reportagem especial do Yahoo em setembro mostrou o argumento de um estatístico veterano, que disse que o problema das pesquisas eleitorais não está no dado total das intenções de voto, e sim na margem de erro divulgada, já que é impossível prevê-la nos padrões metodológicos utilizados - ou seja, essa margem pode alterar drasticamente o resultado.
Segundo o Datafolha, "as pesquisas realizadas na véspera da eleição medem a INTENÇÃO de voto do eleitorado brasileiro um dia antes do pleito. Têm como objetivo apontar tendências, como a ocorrência ou não de segundo turno e quais candidatos passam para a fase final. As pesquisas de véspera não devem ser utilizadas como uma previsão dos percentuais de cada candidato. Além de ainda existirem indecisos um dia antes da eleição, vários fatores agem sobre a elaboração do voto do eleitor até a concretização da intenção na urna. O exercício do voto útil e o conhecimento do número dos candidatos são exemplos de variáveis que podem influenciar os resultados.”
Veja abaixo a tabela compilada pelo Yahoo sobre os resultados em cada Estado que teve pesquisa divulgada no site do Datafolha.
O círculo amarelo indica a pesquisa; os azuis indicam a margem de erro; e o vermelho indica o resultado final da eleição - quanto mais longe o vermelho dos azuis, maior o erro.
Números em %
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