Protesto, o povo mostra a sua cara em Brasília: Após cinco horas de ocupação das marquises do Congresso Nacional e de tentativas de invadir o interior da sede do Legislativo federal em Brasília, os manifestantes desocuparam o prédio por volta das 23h50 desta segunda-feira
Às 18h45, dezenas de manifestantes furaram o bloqueio da Polícia Militar einvadiram a área externa do Congresso, aos gritos de "a-ha, u-hu, o Congresso é nosso". Eles ocuparam a marquise onde ficam as duas cúpulas, a da Câmara e a do Senado.
Segundo o tenente-coronel Maurício Gouvêa, que comanda a ação policial, o protesto terminou com dois policiais e um manifestante feridos e um carro da PM com vidros quebrados. "No final, o saldo foi positivio. Foi uma manifestação com vários momentos diferentes. Em alguns deles, a situação ficou muito tensa, mas a polícia soube conduzir com calma. Os manifestantes se excederam em vários momentos, 'tacando' água e tinta na polícia, mas a disciplina da tropa prevaleceu e conseguimos controlar a situação sem violência", disse.
O secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Sandro Avellar, confirmou que houve ao menos dois detidos nos protestos.
Os manifestantes deixaram o Congresso e caminharam pela Esplanada dos Ministérios, prometendo um novo protesto para esta terça-feira.
Segundo a PM, cerca de 10 mil pessoas participaram de um protesto que pediu recursos para educação, saúde, passe livre no transporte público e contra os gastos públicos na Copa das Confederações e do Mundo (2014), entre outras reivindicações. A manifestação ocorreu simultaneamente em várias outras cidades do país, como emBelo Horizonte, São Paulo, Curitba, Belém, Campinas (SP), Rio de Janeiro e em Florianópolis.
Por volta das 19h30, o plenário do Senado encerrou suas atividades em virtude dos protestos. Alguns senadores chegaram a tentar negociar com manifestantes, sem sucesso.
Reivindicações
No ato, os principais gritos de guerra eram contra a presidente Dilma Rousseff e contra o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT). Voltados em direção ao Palácio do Planalto, os integrantes do protesto gritaram "Isso é só o começo" ecantaram "Que país é esse?", música da banda Legião Urbana.
Outros políticos também foram alvo das reclamações. Era possível ouvir gritos de "Fora, Sarney" e "Fora, Renan". Um dos organizadores do evento no Facebook entregou à polícia legislativa uma lista de reivindicações dos manifestantes. Entre os itens, há um pedido para que a Câmara abra investigação sobre a violência policial contra os manifestantes.
Manifestantes ouvidos pelo UOL afirmaram que foram motivados por indignação contra a corrupção, contra PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que tira poderes de investigação do Ministério Público e contra os gastos na Copa do Mundo.
Também houve gritos contra os PMs -- "ei, polícia você está do lado errado" -- e contra a Copa do Mundo de 2014 -- "Copa do Mundo, eu abro mão. Quero dinheiro na saúde e educação".
Com cartazes, faixas e bandeiras do Brasil, o protesto por volta das 17h, no Museu da República, no início da Esplanada dos Ministérios. Durante a caminhada, mais pessoas foram aderindo à manifestação, que ocupou todas as faixas da Esplanada.
O protesto foi organizado pelas redes sociais. Na chegada ao Congresso, um grupo chegou a invadir o espelho d'água em frente ao prédio.
Segundo a PM do Distrito Federal, havia, inicialmente, 400 policiais no local. Mas, após a invasão do Congresso, a Secretaria de Segurança Pública do DF afirmou que outros 3.500 PMs estão foram para o local para "proteger os prédios públicos". O reforço policial conta com homens da Tropa de Choque, da Rotam e da cavalaria.
O governador do Distrito Federal afirmou, em nota oficial, que o governo acompanha as manifestações com "firmeza e cuidado". O Palácio do Planalto emitiu nota oficial em que a presidente Dilma afirma que "manifestações pacíficas são legítimas".
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