O que baliza o establishment não são os fatos, mas o que os bem-pensantes e a mídia mainstream falam; o que não está na grande imprensa, não está no mundo, é automaticamente rotulado de teoria da conspiração, mutilando o debate desde o nascedouro. Nesse sentido, a mera insinuação de que o coronavírus tenha origem diversa da propalada é sumariamente limada das manchetes.
Pois bem, deu no The Washington Post[1]: autoridades diplomáticas do governo americano alertaram em 2018 sobre a segurança inadequada no Instituto Wuhan de Virologia, especialmente no manejo das pesquisas feitas com coronavírus em morcegos. Ventila-se assim a probabilidade de que o coronavírus possa ter vazado do laboratório, que é próximo ao famigerado mercado de pescados. O jornal, comprado pelo bilionário Jeff Bezos – dono, dentre outras, da gigante Amazon -, faz ferrenha oposição a Donald Trump e segue a linha padrão do progressismo liberal americano. Por sinal, recentemente, elegeu o presidente brasileiro como “o pior do mundo” na condução da crise da doença – isso sim bastante replicado pela mídia nacional. Portanto, fonte mais fidedigna que essa para a elite falante não haveria.
Em assim sendo, não se pode olvidar o vídeo que circulou nas redes sociais sobre uma matéria de 2015 da emissora italiana RAI que tratava sobre o risco representado pelas experiências de cientistas chineses ao tentar criar uma versão híbrida do coronavírus de morcego no laboratório de Wuhan, baseando-se em um estudo da revista Nature. Cumpre informar que a revista manifestou nesse ano que não haveria evidências de que o experimento pudesse ter provocado a atual pandemia.
Os periódicos brasileiros se apressaram em classificar o vídeo como falso em suas manchetes. Entretanto, no corpo das reportagens, esclareciam que o vídeo era verdadeiro, mas fora tirado de contexto; com efeito, isso não o torna falso, até porque a matéria existiu e foi ao ar e, mesmo que não sirva para a correlação com a pandemia, é, no mínimo, passível de interesse público uma reportagem de 05 anos atrás concernente ao coronavírus de morcegos no laboratório de Wuhan, pelo menos em razão da coincidência.
Independentemente da confirmação da origem do vírus, é lamentável a falta de espaço para um questão dessa seriedade e magnitude, que não pode sequer ser tratada nos meios de comunicação, obstaculizada pelos reflexos condicionados de xenofobia, racismo, obscurantismo, conspiracionismo, et caterva.
No outro espectro político, a Fox News reverberou a notícia do Washington Post[2], jogando luz sobre a questão, assinalando que o paciente zero da doença trabalhava no instituto de virologia, o que estaria sendo abafado pelo governo chinês. Afirmou ainda que fontes teriam indicado que a doença efetivamente se originou no laboratório.[3]
Na esteira do teor da própria reportagem do Washington Post, assegurar a origem do vírus é um passo decisivo para saber como tratá-lo e erradicá-lo. A cada dia, as explicações sobre a COVID-19 parecem contraditórias, surgindo novas informações desmentindo as anteriores, colocando muitos especialista às escuras, não havendo solidificadas certezas, seja sobre o tratamento, sobre os sintomas, ou ainda sobre as formas de transmissão. Certamente que o nebuloso filtro midiático em nada colabora; oxalá o mimetismo da liberal media americana faça com que o jornalismo brasileiro ao menos noticie o fato, a não ser que a reportagem do Washington Post seja tachada de falsa pelo – quiçá – potencial de ser tirada de contexto.
fonte: Estudos Nacionais.com
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