O governo dos Estados Unidos disse estar "profundamente preocupado" pelas denúncias de um novo ataque com armas químicas naSíria nesta quarta-feira (21) e pediu à ONUuma "investigação urgente". O porta-voz adjunto da Casa Branca, Josh Earnest, afirmou que o país não tem confirmação independente do ataque, que, segundo denúncias, matou pelo menos 1.300 pessoas.
Earnest disse ainda que aliados americanos na região estão sendo consultados para mais informações. "Hoje, pedimos formalmente que as Nações Unidas façam uma averiguação urgente sobre o ocorrido", afirmou o porta-voz. A tarefa deve ser realizada pela equipe da ONU liderada pelo professor sueco Ake Sellström, que chegou à Síria no sábado com um mandato inicial de 14 dias e "está preparado para fazê-lo". O fato de o ataque ocorrer justamente no momento em que há inspetores da ONU no país causou estranhamento a especialistas.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas convocou para esta quarta-feira uma reunião urgente para tratar da situação na Síria.
Ainda não é possível determinar os autores do massacre. A opositora Coalizão Nacional Síria (CNFROS) denunciou o ataque e culpou o regime de Assad, o que foi negado pelas autoridades sírias de maneira imediata.
Fotos e vídeos divulgadas nesta quarta pelos rebeldes mostram fileiras de corpos enrolados em panos brancos e outros em valas comuns. Diferente de imagens divulgadas anteriormente, em que apareciam sangue de ferimentos, no caso dos vídeos e fotos de hoje, as vítimas estão limpas e parecem ter sido sufocadas.
Gwyn Winfield, editor de uma revista que trata de armas não convencionais, disse que as imagens sugeriram a ele que foi usada uma grande quantidade de agente de controle de multidões, como gás o lacrimogêneo, em um espaço confinado ou ainda uma forma enfraquecida de um agente químico mais poderoso, segundo reportagem do jornal The New York Times. Isso significa que podem não ter sido usadas armas químicas tradicionais, como o gás sarin, uma substância tóxica que atua sobre o sistema nervoso.
O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, que acompanha o conflito da Grã-Bretanha por meio de uma rede de contatos dentro da Síria, disse que os ataques ocorreram em subúrbios a leste de Damasco, que tem uma forte presença rebelde.
Reação
"O uso de armas químicas terá consequências", disse o porta-voz americano, sem dar mais detalhes, ao ser questionado em sua entrevista coletiva diária sobre qual seria a reação dos EUA se as denúncias forem confirmadas.
Em junho, os Estados Unidos asseguraram ter confirmado que o regime de Assad usou armas químicas contra a oposição, por isso que anunciou que proporcionaria ajuda militar aos rebeldes.
Os Estados Unidos pedirão que essa missão seja convocada na reunião urgente de hoje no Conselho de Segurança da ONU, e que haja um chamado ao governo sírio a "proporcionar acesso imediato à equipe da ONU".
Por sua vez, o Departamento de Estado ressaltou que "todos os países devem apoiar" a possibilidade da ONU averiguar o fato, em aparente referência à Rússia. "Não deve ter nenhum país que se mantenha do lado do regime se houver relatórios críveis do uso de armas químicas", disse em sua entrevista coletiva diária a porta-voz do Departamento de Estado, Jen Psaki.
"Nós apoiaríamos qualquer investigação de armas químicas por parte de quem for", disse. "Se verdadeiramente o regime sírio não tem nada que ocultar, deve permitir um acesso sem restrições, e todos os países devem apoiá-lo", afirmou.
Conflitos
Desde o início dos confrontos na Síria, em março de 2011, morreram mais de 100 mil pessoas e aproximadamente 7 milhões precisam de ajuda humanitária de emergência, de acordo com o balanço da ONU. Os confrontos foram deflagrados por disputa política entre a oposição e o governo do presidente Bashar Al Assad. Assad é pressionado a deixar o poder, mas resiste.
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