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Por que as obras da Copa são tão perigosas?

One World Trade Center (Foto: Lucas Jackson/Reuters) 
O One World Trade Center está pronto, após oito anos de construção. Deverá ser reaberto ao público até o fim de 2014. Com 104 andares e 541 metros de altura, é o terceiro edifício mais alto do mundo e também o mais caro, ao custo de R$ 8,9 bilhões. Esses números, embora impressionantes, não dão conta da complexidade do projeto. Sucessor das Torres Gêmeas, derrubadas em 11 de setembro de 2001, o 1 WTC foi erguido no coração de Nova York, nos Estados Unidos. Para as fundações não abalarem estruturas vizinhas, como arranha-céus e uma linha de metrô, parte das escavações foi feita à mão. Quando o Furacão Sandy atingiu a cidade, em outubro de 2012, o canteiro de obras foi alagado por 470.000 litros de água. Acidentes ocorreram. Após oito anos, os 10 mil operários envolvidos na obra estão a salvo. Ninguém morreu na construção de um dos edifícios mais complexos da história.

Já no Brasil...

“Estádios são obras relativamente simples”, disse a presidente Dilma Rousseff, em janeiro, ao afirmar que, apesar dos atrasos, as instalações da Copa ficariam prontas a tempo. Dilma tem razão sobre a relativa simplicidade de erguer um estádio. Isso só reforça a incompetência do país para promover o evento e, mais que isso, garantir a segurança na construção civil. Ainda em andamento, as obras dos estádios da Copa do Mundo e de seus prédios anexos já mataram oito pessoas: uma em Brasília, quatro em Manaus e três em São Paulo.
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A oitava morte ocorreu no último dia 29, em São Paulo. Fabio Hamilton da Cruz, de 23 anos, trabalhava na montagem de duas arquibancadas provisórias destinadas a ampliar a capacidade da Arena Corinthians, também conhecida como Itaquerão, para receber a partida de abertura da Copa do Mundo. Cruz perdeu o equilíbrio e caiu da estrutura, a 8 metros de altura. Morreu horas depois, no hospital. Ele era funcionário da WDS Construções, empresa terceirizada contratada pela Fast Engenharia para montar as arquibancadas temporárias.
Arena Corinthians (SP) (Foto: Rafael Arbex/Estadão Conteúdo, reprodução (2). Ilustrações: Pedro Schimidt)
O superintendente regional do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Luiz Antônio de Medeiros, afirma que o equipamento de segurança era inadequado. Cruz ficava preso a um cabo que dava pouca mobilidade. “A peça tinha 2 metros, mas ele só podia se locomover 1,20 metro. Como ele fazia? Tinha de desenganchar a segurança.” Para Philippe Jardim Gomes, procurador da Justiça do Trabalho, “parece que acontecerá algo muito comum em acidentes de obras: culparão o morto”. A WDS e a Fast afirmam que, em 21 de janeiro, Cruz fez oito horas de treinamento – o tempo mínimo exigido pelo Ministério do Trabalho. “A empresa não se sente responsável no sentido de ter falhado ou de não ter provido o local com a segurança necessária”, disse David Rechulski, advogado da Fast Engenharia.
>> O risco Copa

Cruz caiu a poucos metros de onde umguindaste tombou, em novembro, durante a montagem da cobertura do estádio. Naquele acidente, morreram Fábio Luiz Pereira, de 41 anos, e Ronaldo Oliveira dos Santos, de 43 anos. Mesmo a Copa da África do Sul, em 2010, um exemplo de desorganização, fez menos vítimas: dois mortos, na construção de dez estádios. Por que os estádios brasileiros matam tanto, enquanto uma obra complexa, o 1 WTC, não matou ninguém?
A primeira resposta é a pressa. Nos Estados Unidos, tempo não era problema. O One World Trade Center ficou pronto com anos de atraso, em relação à previsão inicial, de 2004. O trabalho foi interrompido por fatores diversos, como encontrar na escavação objetos de vítimas do atentado de 2001. O atraso não afetou a rotina no canteiro de obras de Nova York.
One World Trade Center (Foto: Ilustração: Pedro Schimidt)>> Copa do Mundo: vai ou não vai?

Para a Copa do Mundo, o tempo é curto. Embora tenha sido escolhido como anfitrião da Copa em 2007, o Brasil só começou a construir o Itaquerão em 2011. Com ingressos vendidos e contratos de transmissão para o mundo todo assinados, o primeiro jogo precisa ocorrer em São Paulo, no dia 12 de junho, às 17 horas. “Estamos trabalhando com o cimento ainda molhado”, disse em março o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke. Medeiros, do MTE, admite que fiscalizar a segurança não é prioridade. “Se esse estádio não fosse da Copa, os auditores teriam feito um auto de infração por trabalho precário e paralisado a obra”, disse. “Fazemos de conta que não vemos algumas coisas irregulares.” Desprezar a segurança em nome da pressa é uma aposta arriscada. Por causa do acidente que matou Cruz, o Ministério Público do Trabalho afirma que parte do canteiro de obras do estádio de São Paulo ficará interditada pelo menos até o dia 7. Quando o guindaste caiu e atrasou as obras, a Fifa adiou a entrega do estádio para “a segunda quinzena de abril”. Não há mais margem para novos adiamentos.
 
Arena Amazônia (Foto: Jose Zamith de Oliveira Filho/divulgação; Ilustração: Pedro Schimidt)
Em nota, a Odebrecht, responsável pelo Itaquerão (exceto pela arquibancada provisória da qual Cruz caiu), afirma que, doravante, “reúne os funcionários para o treinamento de segurança, com orientações sobre as medidas preventivas e atividades planejadas para executar no canteiro que merecem atenção especial”. A Andrade Gutierrez, construtora dos estádios de Manaus e Brasília, afirma que, “em cada um dos episódios, foi realizada uma auditoria interna – acompanhada por um comitê de segurança – para apurar as causas dos fatos, rever procedimentos e reforçar o tema junto aos funcionários”. “Infelizmente, mesmo tendo o equipamento disponível, muitas vezes alguns trabalhadores realizam suas funções sem usá-lo corretamente”, diz a Andrade Gutierrez.
>> Os detalhes do acidente que destruiu parte do Itaquerão

Uma explicação é a fiscalização menos incisiva das obras no Brasil. O Estado abriu frentes de obras em todo o país, sem reforçar na mesma medida o poder de acompanhá-las. A construção civil é o segundo setor com mais acidentes de trabalho no país, atrás apenas do transporte rodoviário. Nos últimos anos, o número de acidentes de trabalho ocorridos nos canteiros de obra no Brasil cresceu de 20.336 acidentes, com 138 mortes, em 2010, para 22.382 acidentes e 177 mortes, em 2011, segundo o Ministério da Previdência Social. “As obras do Programa de Aceleração do Crescimento, da Copa do Mundo e da Olimpíada aumentaram a demanda por operários”, diz Philippe Gomes Jardim, coordenador nacional de Defesa do Meio Ambiente e Trabalho do Ministério Público do Trabalho da União. “O aumento da atividade não foi acompanhado pelo reforço na capacidade de fiscalização.”
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Finalmente, nos países ricos, negligenciar a segurança no canteiro de obras é uma aposta mais cara que no Brasil. “Num mercado competitivo, empreiteiras mais seguras conseguem pagar menos para atrair funcionários e perdem menos com atrasos”, diz Henry M. Koffman, diretor de engenharia civil da Universidade do Sul da Califórnia. O código de construção civil de Nova York, atualizado em 2008, exige das construtoras a contratação de auditores independentes. Em março, o Estado da Califórnia multou em R$ 50 mil uma empreiteira de San José, porque um motorista não puxou direito o freio de mão de um caminhão, que acabou por atropelar duas pessoas. Entre o acidente e a punição, passaram-se cinco meses. No Brasil, a Justiça tarda. A morte do operário José Afonso de Oliveira Rodrigues, em março de 2012, na obra do estádio Mané Garrincha, ainda não rendeu indenização a seus familiares. 

 
Arena Mané Garrincha (Foto: Tomás Faquini/divulgação; Ilustração: Pedro Schimidt)

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