Megale não soube precisar o prejuízo ao setor provocado pela greve dos caminhoneiros
O impacto da greve nacional dos caminhoneiros, que completou três dias ontem (23), já prejudicou a produção de 16 fábricas de carros e caminhões, conforme balanço da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), obtido pela reportagem.
Desde terça-feira, já vinham paralisadas as plantas da Ford, em Camaçari (BA) e Taubaté (SP), e da General Motors, em Gravataí (RS) e São Caetano. Com a continuidade da greve, no entanto, o problema se agravou muito. Ontem (23), mais 11 fábricas interromperam pelo menos um turno.
São elas: Betim (MG), da Fiat; Porto Real (RJ), da PSA Peugeot Citroën; São Bernardo, da Ford; Ponta Grossa (PR), da DAF Caminhões; Piracicaba (SP), da Caterpillar; Curitiba (PR), da Volvo; São José dos Campos (SP), da GM, além de quatro plantas da Volkswagen – São Bernardo, São Carlos (SP), São José dos Pinhais (SP) e Taubaté.
A fábrica da Honda em Sumaré (SP) também deve interromper as atividades hoje. “Se a situação não se resolver nos próximos dois dias, teremos praticamente todo o setor paralisado”, disse Antônio Megale, presidente da Anfavea.
O executivo ainda não sabe precisar qual será o tamanho do prejuízo provocado pela greve, mas acredita que tem potencial para reduzir não só a produção mensal de veículos, mas também as vendas internas e exportações. Há relatos de milhares de carros que não conseguem chegar aos portos.
O setor automotivo, que representa 4% do Produto Interno Bruto (PIB) e 20% da indústria, é extremamente dependente do transporte por caminhões não só para receber peças nas linhas de montagem, mas também para o desembaraço de carros e caminhões prontos para as concessionárias e para a exportação.
A maior parte das montadoras de veículos está paralisada por falta de peças, mas também já ocorre efeito em cascata. Fábricas de motores e transmissões – como Taubaté, da Ford; ou São Carlos, da General Motors – também param porque não conseguem entregar o que produzem.
Os caminhoneiros estão em greve por conta do reajuste do preço do óleo diesel, que passou a subir com vigor após à guinada das cotações do petróleo no mercado internacional e a mudança na política de preços da Petrobras, que deixou de absorver o impacto após os prejuízos que sofreu no governo da presidente Dilma Rousseff.
Outros setores
No setor de alimentos, cerca de 85 mil trabalhadores estão parados em unidades industriais de carne bovina, suína e de aves, informaram a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec). Há 129 fábricas paradas no país – na terça eram cinco.
A falta de estoques já se reflete em supermercados, segundo as associações Brasileira e Paulista de Supermercados (Abras/Apas).
Em três dias de greve dos caminhoneiros, as manifestações resultaram em uma morte, um atropelamento, brigas entre motoristas e veículos danificados.
fonte: Folha de São Paulo
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