Mateus Solano gosta de dizer que não escolheu ser ator à toa. Num breve intervalo entre as gravações de “Amor à vida”, ele justifica parte dessa vontade artística na crença de que “a beleza do ser humano é a complexidade e a pluralidade de sua condição”. A frase, bonita e sonora, é também um contraponto à realidade de Félix, corrosiva e silenciosa. Agora, após ter sua sexualidade escancarada por Edith (Bárbara Paz), a natureza conflitante do personagem fica ainda mais em evidência. — Não é uma revelação, porque todo mundo já sabia. O Félix dá pinta desde o primeiro capítulo (risos). Não é a máscara dele que cai. Cai a máscara da sociedade, daquela família, que preferiu ficar cega em relação a isso por tanto tempo, que não havia enxergado que a filha (Paloma) estava grávida de nove meses — avalia o ator, que completa: — Ele é totalmente mal resolvido, uma criança que não cresceu e faz questão de gritar aos quatros ventos sobre sua sexualidade. Todas as suas piadas são para denegrir alguém. É a máscara da família que cai.
Félix vai do inferno ao paraíso. No primeiro, experimenta, raivoso e histérico, a dor de descobrir a traição da mulher. No segundo, percebe-se aliviado: “Foi uma fase da minha vida que acabou. Já tava mais do que na hora!”. A sensação, desdobrada na possibilidade de ser um “homem melhor”, perde-se na intolerância de César (Antonio Fagundes).
— Nada dói mais no Félix do que a rejeição de César. A novela ia se chamar “Em nome do pai” justamente por essas relações em torno dessa figura tão importante — conta Mateus, ressaltando outro mérito da sequência: — É uma maneira de humanizar o personagem e de dar um recado: “Olha no que dá você reprimir a identidade de uma pessoa”. O grande combustível do Félix é o fato de ele não se sentir aceito.
Antes de confrontar o médico, ele recebe o carinho de Pilar (Susana Vieira) e Paloma (Paolla Oliveira). A partir daí, surge uma faísca de redenção, logo diluída:
— Ele tem uma crise de consciência. Félix fica aliviado de ter sido desmascarado e sente uma vontade de ser melhor. Mas o melhor para o pai seria não ter um filho gay, o que o leva de novo para o lado negro da força. Ele é humano, não acho que seja um psicopata.
fonte;: http://extra.globo.com/tv-e-lazer/amor-vida-mateus-solano-define-felix-como-uma-crianca-que-nao-cresceu-9334726.html#ixzz2ayJXTskd
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