Os trabalhadores na Ford paralisam a produção por 24h na unidade de São Bernardo. Em assembleia realizada na manhã desta segunda-feira (09/05), a decisão é um ato de resistência aos itens da pauta elaborada pela empresa e apresentada ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC na semana passada, que prevê mudanças trabalhistas e estruturais na fábrica.
Entre as principais intenções da montadora é não renovar o PPE (Programa de Proteção ao Emprego) a partir de 1° de junho para conseguir ajustar o número de excedentes de cerca de 110 mensalistas, além dos executivos. Atualmente, a fábrica mantém 3.447 trabalhadores no programa desde janeiro, além de 400 funcionários afastados por meio de lay off (suspensão temporária do contrato de trabalho), que também correm o risco de não ter o prazo renovado.
A empresa e o sindicato devem se reunir nesta terça-feira (10/05) para iniciar as rodadas de negociações e debater todos os itens elencados. Para o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, a crise não pode justificar rebaixamento de direitos na Ford e em outras empresas.
“A discussão de flexibilizar direitos tem sido ressaltada pelo empresariado e, nesse momento de mudanças, devemos estar mais organizados e demonstrar resistência da categoria. O sindicato não vai aceitar sinalização de investimentos que prejudiquem o trabalhador, precisamos encontrar maneiras de a fábrica investir preservando empregos”, afirmou.
O montador Valmir Moraes da Silva, 53 anos, que já desempenhou diversas funções na empresa ao longo dos 24 anos de trabalho, demonstrou empenho em apoiar as decisões do sindicato para encontrar a melhor maneira de enfrentar as dificuldades do setor. “Vai completar um ano que estou afastado em lay off e ficamos apreensivos a cada momento que a direção ameaça nos demitir. Se for necessário pararemos o tempo que for para dar o recado de volta à empresa”, disse.
PAUTA
Outro ponto indicado na pauta da fábrica é diminuir pela metade a produção e transferir cinco famílias de peças de estamparia produzidas atualmente na fábrica de São Bernardo, para a planta de Camaçari, na Bahia, com a justificativa dos custos logísticos não estarem compensando. “Precisamos fortalecer a produção nacional, uma vez que a Ford é uma das que mais importam peças, e isso já estamos apontando desde antes da crise, pois há benefícios fiscais ao manter fabricação de peças nas unidades”, disse Marques.
MUITA CARNE
A empresa aponta ainda que o pagamento da primeira parcela da PLR (Participação nos Lucros e Resultados) no próximo dia 11 está mantido, mas quer rever o depósito da segunda parcela. Além de trocar convênio médico, reorganizar as linhas de ônibus fretados e reduzir a quantidade de proteína nas refeições. “Parece que os trabalhadores estão comendo muita carne”, ironizou o coordenador geral do SUR e CSE, José Quixabeira de Anchieta, o Paraíba.
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