A GM (General Motors) demitiu ontem na fábrica de São Caetano trabalhadores que estavam em lay-off (suspensão temporária do contrato de trabalho). Os operários estão recebendo, desde ontem, telegramas informando que, “apesar das várias medidas adotadas pela empresa para superar a crise na indústria automobilística, inclusive com a adoção do lay-off, o mercado não reagiu” e, como consequência, o contrato será rescindido.
Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, ainda não se sabe quantas pessoas foram demitidas ontem, ou quantas serão dispensadas no total – já que há previsão de mais rescisões de contrato na segunda-feira – no entanto, a entidade afirma que 134 pessoas estão ameaçadas por não fazerem parte do grupo que terá o lay-off renovado. “São 120 funcionários de PPO (engenheiros que trabalham em planta fora da fábrica) e 14 da área de finanças”, informou o presidente do sindicato Aparecido Inácio da Silva, o Cidão.
Na semana passada, a associação havia anunciado a renovação do lay-off de 1.000 funcionários, porém, Cidão disse que havia informado aos trabalhadores, durante assembleia, que essas dispensas estavam previstas. Em entrevista ao Diário, entretanto, não mencionou o fato. “Fui bem claro ao dizer que haveria demissões. Para salvar uma boiada que vai atravessar um rio cheio de piranhas, é preciso sacrificar alguns bois.”
O motivo é que esses empregados não foram cobertos pelo novo acordo que entrará em vigor na segunda-feira, dia 9, dois dias após o término do antigo – que vence hoje –, e que agora pode ser estendido até março de 2017.
Profissionais que fazem oposição ao sindicato, entretanto, afirmam que o número de empregados arriscados a perder o emprego é ainda maior, sendo aproximadamente 160 pessoas, incluindo trabalhadores de outras áreas além das citadas, como almoxarifado e body shop.
Para a oposição, essa decisão não havia ficado tão clara. Segundo operários, o sindicato apenas havia sinalizado que estava em negociação para que esse grupo que ficou de fora da prorrogação não fosse penalizado.
As negociações, de fato, ainda continuam, assegura o presidente da entidade. A fim de evitar mais prejuízos aos trabalhadores, ele afirma que está tentando remanejar os empregados ameaçados, mas, até ontem, não possuía nenhuma resposta definitiva da montadora.
Conforme previsto no acordo coletivo aprovado pelos funcionários, a GM pagará valor adicional a todos que forem demitidos após o término da suspensão temporária. Além dos direitos indenizatórios, os operários receberão cinco salários a mais como forma de multa.
Procurada pelo Diário, a GM não se pronunciou.
COMO FUNCIONA - O lay-off é alternativa às empresas que não conseguem manter o nível de produção em períodos de crise. Essa ferramenta permite afastar os funcionários para realização de cursos de aprimoramento, enquanto eles recebem benefício do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), cujo teto é o mesmo do seguro-desemprego, de R$ 1.542,24, como parte de seu salário, enquanto o restante é complementado pela empresa. Em caso de renovação com a mesma equipe, como ocorre na GM, é a companhia que banca o valor integral do salário.
No início do ano, a GM contava com 2.200 trabalhadores suspensos, com retorno previsto para 8 de março. Com a intenção de evitar demissões, porém, devido à falta de reação do setor automotivo, foi realizada renegociação em que 1.000 funcionários seriam reintegrados – separados em dois grupos de 500 –, enquanto o restante esperava retornar em 7 de abril.
fonte: http://www.dgabc.com.br/Noticia/1966303/gm-demite-funcionarios-em-lay-off
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