Agrishow 2019 - Veja como funciona protetor solar que evita perda de água e aumenta a produtividade da lavoura
Arte mostra diferença entre mudas de café: à esquerda sem aplicação do protetor solar e à direita com o produto — Foto: Marcelo Rolim/Arquivo Pessoal
Agrônomo explica que, assim como no ser humano, excesso de sol prejudica a saúde das plantas. Produto é aplicado em culturas de larga escala, como algodão e soja, além de frutas e verduras.
A exposição excessiva aos raios solares sem proteção prejudica a saúde, e isso todo mundo sabe. O que muita gente nunca ouvi falar é que as plantas também contam com um protetor solar, que não só evita os prejuízos causados pela radiação, como melhora a produtividade.
Desenvolvida pela Santa Clara Agrociência, o "Protex" é um dos destaques da Agrishow 2019, feira de tecnologia agrícola que acontece em Ribeirão Preto (SP), e promete beneficiar lavouras que têm dificuldade de se adaptar a regiões tropicais, como o Brasil.
"No entorno de Brasília, tem gente usando em folhosas e ajuda muito: reduz o dano que é causado pelo sol, a cabeça de alface fica maior e demora mais para perder qualidade, além de chegar mais rápido ao tempo de corte", explica Marcelo Rolim, diretor técnico da empresa.
Rolim afirma que a tecnologia foi criada na década de 1950, mas avançou ao longo dos anos e, hoje, é uma aposta para culturas de larga escala. A aplicação do protetor solar foi capaz, por exemplo, de aumentar em 39% a produção de algodão em uma área em Mato Grosso do Sul.
"A soja também deixa de ter grande acúmulo de matéria seca. Isso interfere na produção final. O melão tem um tempo maior de prateleira, porque se ele não tiver as células danificadas pelo Sol, depois de colhido vai durar mais fora da lavoura", afirma.
Pimentão sem aplicação de protetor solar apresenta a casca queimada (esquerda) e o fruto maduro com o produto (direita) — Foto: Marcelo Rolim/Arquivo Pessoal
Ainda segundo o agrônomo, experimentos realizados com o uso do protetor solar também apontaram incremento de 39 sacas de batata por hectare e aumento de 73 para 82 sacas de soja por hectare, também em uma fazenda em Chapadão do Sul (MS).
"A gente está fazendo testes com abacaxi e aumentou a doçura, o açúcar acumulado. No caso da uva, tem fotossíntese, dá coloração e aquela doçura que precisa para todas as hortaliças, mas que não impacta na qualidade de prateleira dela", afirma.
O protetor solar de plantas é aplicado com um pulverizador, como outro tipo de insumo. O produto forma uma espécie de película sobre as folhas e os frutos, protegendo dos raios solares, diminuindo a temperatura e aumentando a capacidade de fotossíntese.
"Em pequena quantidade, receber luz, receber temperatura, ajuda no desenvolvimento e no acúmulo de açúcar, no teor de amido. Em excesso, é igualzinho a gente: se receber muito sol, mata a camada de pele, pode até causar queimadura de segundo grau", diz.
Termômetro digital mostra a temperatura do citrus sem aplicação do protetor solar (esquerda) e com o produto (direita) — Foto: Marcelo Rolim/Arquivo Pessoal
Assim como o protetor solar convencional, usado pelo ser humano, o produto para plantas não sai na água. Por outro lado, Rolim afirma que a substância é facilmente removida dos frutos após a colheita, sem causar impacto à saúde do homem.
"Além de proteger os cultivos, a aplicação do protetor solar indiretamente garante maior conservação de água no solo. Outra vantagem é o aumento dos prazos de validade nos supermercados, além de aumentar a resistência à seca", complementa.
Por esse motivo, o Protex também se torna aliado em períodos de estiagem severa. Os primeiros testes começaram a ser realizados em 2013 e, atualmente, o produto é usado em lavouras em Pernambuco, Bahia, Goiás, Minas Gerais e no interior do estado de São Paulo.
Folhas com aplicação do protetor solar desenvolvido pela Santa Clara Agrociência — Foto: Marcelo Rolim/Arquivo Pessoal
"Hoje, a gente tem protetores solares com fator de proteção gigantesco, que duram muito e não saem na água. A mesma evolução ocorreu na agricultura. Você usa uma dose cada vez menor, com uma proteção maior. E com o benefício de usar em culturas de larga escala. Esse é o ápice da evolução", finaliza.
fonte: G1/Ribeirão Preto e Franca
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